E aí, você é um animador ou um motion designer?

Coletivo Animatop
Animatop
Published in
3 min readMay 3, 2020

Animação

substantivo feminino

  1. ação ou efeito de dar alma ou vida.

Quando entrei na faculdade de Design Digital, inicialmente eu não tinha a intenção de ser um Motion Designer (ou qualquer outro nome que poderíamos dar à essa atividade), nem sequer tinha algum conhecimento sobre o assunto. Foi durante o estágio, quando me apresentaram o Adobe After Effects, que surgiu o interesse por keyframes e, a partir desse momento, não teve mais volta . Me desinteressei por web design e fui me aventurando nesse software mágico que faziam as coisas se mexerem.

Buck Rebrand, por Jordan Scott.

Já no começo da minha experiência como freelancer eu já tinha produzido alguns trabalhos e estudos pessoais, e isso me permitiu montar uma humilde demo reel para mandar para algumas produtoras de vídeo com as quais eu gostaria de trabalhar. Uma delas (que eu acreditava ser inalcançável) retornou o meu contato e me convidou para um trabalho, e essa experiência me possibilitou compartilhar esse texto com vocês.

Já na reunião para conversar com a equipe e discutir o projeto, o diretor me fez a seguinte pergunta: Você é animador? Nervoso e sem saber exatamente o que responder, disse: Não, eu sou motion designer. Apesar de ter sido uma conversa breve, esse questionamento me fez refletir sobre como me posiciono profissionalmente.

Eu realmente sou um animador, ou um motion designer?

Depois daquele dia eu passei aos poucos a me reconhecer como um animador, afinal é possível produzir animações utilizando o After Effects. Isso me possibilitou não somente ter um status para se atualizar no perfil do Linkedin, mas também abriu novos caminhos. Conheci cada vez mais pessoas que trabalham com animação e me aprofundei cada vez nos princípios, na história, técnicas, comecei a desenvolver o meu próprio estilo e me tornei mais crítico sobre o que eu passei a produzir.

Eu faço questão de levantar essa discussão e instigar os auto-intitulados motion designers à questionarem se, de fato, eles não poderiam se considerar animadores. Mesmo que muitos profissionais não tenham passado por uma escola de animação tradicional, ou tenham tentado aplicar as fórmulas e os conhecimentos do Richard Williams ou dos animadores da Disney, muitos encontraram na experimentação e na bagagem artística pessoal uma maneira particular se expressar através da animação.

Muitas dúvidas acabam surgindo quando estamos atuando no mercado, e muitos clientes não entendem, de fato, o que um motion designer é capaz de produzir, muitas vezes levando a acreditar que somos limitados a fazer apenas composição no After Effects ou que não podemos animar personagens ou fazer animação frame a frame, por exemplo. Acredito que rotular (e limitar) uma atividade pode gerar uma ambiguidade na percepção do que nós (e também clientes) temos da nossa atividade. No final das contas, independente de como denominamos nossa profissão, somos todos uma grande comunidade de animadores.

Texto: Christopher Rocha

Revisão: Dora Coelho

Esse e os demais textos que serão escritos são baseados em discussões e relatos pessoais de animadores e artistas que atuam, ou desejam ingressar na indústria de animação. O objetivo dessa iniciativa é contribuir para um mercado mais transparente, acessível e justo para todos.

Caso queira tirar alguma dúvida, ou mandar um alô, mande um e-mail para animatopanimacao@gmail.com :)

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Coletivo Animatop
Animatop

Um coletivo de animadores, ilustradores e artistas com a missão de ajudar a construir um mercado mais acessível e justo para todos.