Esquema do curso

Estética I

niva
Anotações de Filosofia
5 min readJan 10, 2021

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Quadro geral: Associamos a modernidade à utopia. A produção artístico-cultural de 45–70, período tardo-moderno, guerra fria, fala das distopias (presentes também agora, em tempos de pandemia e Bolsonaro). Pós-modernidade: arte relacional (v. Fronteiras) mas também as noções de heterotopia em Foucault e diferentes versões de comunidade em Agamben, Barthes, Rancière (partilha do sensível), Foucault (como viver junto). Noções operam pra interpretar certa arte contemporânea, a arte que embaralha arte e vida. Proximidade entre estética filosófica e produção material dos artistas.

Curso dividido em módulos.

MÓDULO I. Falar mais rente ao ensaio Imagem e Enigma. Autores básicos: Boudrillard e Deleuze. Depois, Fronteiras entre arte e vida, pensando os anos 80 (90?) pra cá pensando Bourriaud.

A seguir, módulo II, mapeando o pós-moderno a partir de autores centrais a esse pensamento. Andreas Huyssen.

Módulo III, Jameson, grande nome da estética de extração marxista (marxismo não dogmático).

  • Agamben. O que é o contemporâneo? e outros ensaios. Reage à noção do contemporâneo — é verdadeiramente contemporâneo o que não seja perfeitamente adequado ao seu tempo, não coincide perfeitamente, não está adequada às suas expectativas. Inatual. Ser contemporâneo é ser capaz de compreender o lado escuro de nosso tempo, as sombras, denuncia suas mazelas. Goya: o lado sombrio do iluminismo. Contemporâneo é o que trabalha com o não; adere ao tempo e ao mesmo tempo toma distância. Há um anacronismo, a fim de não reforçar o seu tempo (e tomar posição conservadora). Nesse respeito, Didi: aqueles que coincidem muito plenamente com sua época, que em todos aspectos aderem a essa plenamente, não são contemporâneos, pois não conseguem vê-la. Não está distante do poder de negatividade imanente à arte na estética adorniana.
  • Arte contemporânea (não no sentido acima, mas no sentido historiográfico, de tempo) se dissolve na mercadoria. Reduz-se à condição de mercadoria. Projeto moderno (arte e utopia) teria ruído, seu fim se aproximaria do fim da arte. Jameson se aproxima disso, diagnóstico crítico do estado geral da cultura. Herdeiro dos frankfurtianos, que vão nessa direção. Adorno: a arte está ameaçada. Já outros, como Ferreira Gullar: fim não da arte mas de uma arte, a arte moderna.
  • Texto do Jameson, Pós-modernidade e sociedade de consumo, conceitos-chave: pastiche e esquizofrenia na caracterização da produção e fruição da arte em regime de pós-modernidade.
  • Lipovetsky não usa pós-modernidade, usa hipermodernidade. Aceleração exponencial, daí hiper-. Hedonismo ansioso (v. Imagem e Enigma, do prof.)

Módulo IV, urbanismo e arquitetura. Autor de referência é outro frankfurtiano, Habermas. Vários ensaios.

  • Acredita que a modernidade é um projeto inacabado. Recusa o pós-moderno. Defende os pressupostos do iluminismo, remontando ao séc 18, dos quais a arte moderna é legítima herdeira. Aceitar o pós-moderna é rejeitar isso e sucumbir a um racionalismo, vale-tudo contemporâneo.
  • Inspirado por Le Corbusier, que pensa o arquiteto como demiurgo, pensador da totalidade da cidade. Arquitetura em sentido ampliado. (v. Carta de Atenas)

Módulo V, museus. Texto-chave: o Fruição do Fabbrini.

  • Questão: centralidade da arquitetura no debate estético contemporâneo; centralidade da cidade. Papel proeminente da arquitetura, dos museus, novos museus que foram surgindo pelo mundo. Centro Georges Pompidou (77), edifício que expõe as suas vísceras.
  • Começou a se perceber o papel do museu na revitalização de áreas degradadas da cidade. Mas aí gera gentrificação, elitização. A valorização súbita dos imóveis ao redor dos novos museus, especulação imobiliária. Quem lá habitava de lá sai.
  • Jameson: deslocamento da arquitetura da superestrutura (arte, valores) pra infraestrutura (base econômico, material). Passa a dinamizar vida econômica da cidade, atrair turistas. Centro G. P.: anseio de colocar Paris no eixo do turismo internacional. Guggenheim Bilbao (97). Cidade de Bilbao foi desindustrializada (processo que ocorreu e ocorre no mundo inteiro), “era o Cubatão da Espanha”, portuária e poluída, mas com a mudança de modo produção capitalista do industrial, fabril, pro pós-industrial, tornou-se abandonada. Museu vem renovar.
  • Museu se apresenta já na chave do entretenimento, dimensão lúdica, distração, divertimento. Aí se inserem os novos museus e certa arte contemporânea a ela associada. Se retiram direitos sociais, se oferece animação cultural. MAC de Niterói se insere nessa lógica. Finalidade de atrair turistas do mundo inteiro, que visitam o Rio e poderiam dar uma passada em Niterói, por Niemeyer ser conhecido. Museu do Amanhã, no píer Mauá, do arquiteto-estrela espanhol.
  • Vamos pensar em modalidades de fruição dos novos museus. Fruição no sentido estético de recepção da obra. Qual é a fruição que esta arquitetura, e que certos dispositivos expográficos, favorecem? Contemplação, participação/ interatividade a todo custo… etc.
  • BOUDRILLARD: O efeito Beaubourg texto escrito logo após inauguração do Beaubourg. Museus já nascem como signo da cultura, triunfo (Boudrillard sendo irônico) da cultura. Arte abandona o sagrado e passa a ser vista como mercadoria a ser consumida.
  • BENJAMIN: A obra de arte na era… texto de 35, fruição como distração esclarecida. Potencial emancipatório da distração. Fruidor do cinema, encontro entre arte e técnica. Aquele que vai ao cinema para distrair-se sai com seu corpo sensório-motor renovado, e nesse sentido o cinema contribuiria para a emancipação.
  • PROUST: não se encontra no módulo porque não escreveu nenhum ensaio, mas é possível inferir no romance do Proust um modelo de fruição, do diletante. Contrapõe-se à visão de Valery: Adorno apresenta esses dois modelos como opostos (texto incluso).
  • LEBRUN: Fruidor como decodificador de signo.

Módulo VI, último. Volta aos anos 90 e 2000, reapresentando-os com quem pensa a arte contemporânea como embaralhamento entre arte e vida.

  • FOUCAULT: Noção de heterotopia. Outros lugares. Artigos dos anos 60, ensaios curtos, sobre a possibilidade de resistência a partir da noção de heterotopia.

FOUCAULT: Noção de heterotopia. Outros lugares. Artigos dos anos 60, ensaios curtos, sobre a possibilidade de resistência a partir da noção de heterotopia.

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