As 7 regras de ouro para pagar juros mais baixos

Jonas Mamona
Antecipa
Published in
4 min readMar 30, 2020

Por Fernando Blanco (parceiro de conteúdo da ANTECIPA)

Reclamar dos juros altos é quase um esporte nacional no Brasil — e com sua boa dose de razão, afinal o spread bancário brasileiro é o mais alto do mundo. E de longe.

Se por um lado não há nada que possamos fazer em relação a alta taxa SELIC, ou com os impostos e compulsórios que encarecem o crédito para todos nós, qualquer empresa pode se tornar mais atraente para o mercado financeiro.

Na condição de quem já analisou, aprovou e negou, milhares de linhas de crédito para milhares de empresas, segue aqui as minhas 7 Regras de Ouro:

REGRA # 1 — INVISTA TEMPO COM CRÉDITO

Todo empresário tem certeza que há coisas mais importantes para fazer (por exemplo: comprar matéria-prima, produzir e vender), mas o custo das linhas de crédito é alto demais para ficar em segundo plano.

Analise seus números, planeje seu fluxo de caixa, pesquise taxas, negocie com firmeza, não se apresse e decida com segurança, para obter as melhores linhas.

REGRA # 2 — AUMENTE SUA OFERTA DE CRÉDITO

Se sua empresa precisar de R$ 100 mil para capital de giro, trabalhe para conseguir uma oferta de R$ 200 mil. A regra é simples: quem tem oferta em excesso pode barganhar melhor.

Busque mais crédito com os bancos e fundos com quem já opera e procure novos financiadores, de todos os perfis. No Brasil, oferta de crédito nunca é demais! Isso dá trabalho, mas a economia compensa.

REGRA # 3 — PLANEJE SUAS NECESSIDADES DE CRÉDITO

Brasileiro gosta de deixar tudo para a última hora: sejam as compras de Natal ou a busca por crédito. Obviamente, surgem emergências e aí não tem jeito, mas em geral o empresário pode se ajudar de forma simples: planejamento de caixa!

Tenha um bom sistema de controle de caixa, produza (e atualize) suas projeções de caixa, considere a sazonalidade do seu negócio e tenha um bom executivo financeiro para ajuda-lo. Não se economiza com o profissional que cuida do caixa da sua empresa!

REGRA # 4 — VISITE E SEJA VISITADO POR BANCOS E FUNDOS

Financiadores, em geral, não têm muito tempo para visitar seus clientes com frequência e com a devida profundidade. Então vá você atrás deles. Mas com classe!

Não passe a impressão de que está “passando o chapéu”, que está com o caixa apertado. Você visita e os convida para visita-lo, para mostrar a evolução dos seus negócios, para apresentar oportunidades. Quanto melhor lhe conhecerem, mais crédito virá. Sem qualquer dúvida!

REGRA # 5 — COMUNIQUE-SE PROFISSIONALMENTE COM BANCOS E FUNDOS

Financiadores (inclusive os fornecedores que lhe vendem a prazo) vivem de informações sobre a sua empresa. É com elas que os profissionais da área de crédito analisam a sua empresa e recomendam um limite de crédito, para decisão final do banco, fundo ou fornecedor.

Você precisa explicar (por escrito e verbalmente) as seguintes informações:

  1. Estratégia do seu negócio (produtos, serviços, pessoal, tecnologia, sucessão etc.);
  2. Condições do seu mercado de atuação (fornecedores, concorrência, preços, comércio exterior etc.);
  3. Os números da empresa (balanço e evolução do endividamento, resultados, necessidades de capital de giro e, por fim, a geração de caixa);
  4. Suas necessidade presentes e futuras de crédito.

REGRA # 6 — A IMAGEM DA SUA EMPRESA NO MERCADO

Crédito anda junto com a imagem da empresa e do empresário. Se estas são positivas o crédito sobe ou pelo menos não cai, mas se há uma deterioração na imagem o crédito desaparece na velocidade da luz. A Lava Jato que o diga: empresas gigantes e lucrativas que estão envolvidas perderam integralmente suas linhas de crédito.

E todo mundo sabe que qualquer empresa está, sempre, competindo diretamente contra suas concorrentes de mercado, mas isso também vale para o crédito! O mercado precisa saber que a sua empresa tem melhores práticas, que é mais sólida e confiável, do que suas concorrentes diretas. Trabalhe profissionalmente a sua imagem.

REGRA # 7 — CUIDE DOS SEUS RECEBÍVEIS COM CARINHO

Vivemos tempos em que os recebíveis (duplicatas, cheques e assemelhados) se tornaram fundamentais para o financiamento do capital de giro empresarial. Pois bem, administre muito bem a sua carteira de recebíveis. Os bancos e fundos detestam trocas frequentes de títulos.

E pesquise muito antes de desconta-los. Sempre haverá alguém para descontar por uma taxa melhor os recebíveis que você transpirou tanto para obter. E venda caro especialmente se o sacado for de primeira linha!

CONCLUSÃO

As empresas gastam com juros e tarifas muito mais do que precisariam, e seguir este roteiro lhe ajudará nesta missão. Vá à luta, invista na rentabilidade do seu negócio através da economia de juros!

Fernando Blanco é presidente do IDCC — Instituto para o Desenvolvimento da Cultura do Crédito (www.idcc.com.br) e parceiro de conteúdo da ANTECIPA. Ocupou posições de Presidente de seguradoras de crédito e de Diretor de bancos. É consultor, mentor e professor de crédito, liderança, estratégia e empreendedorismo. Também é coautor do livro Os 7 Passos para o Melhor Relacionamento Bancário e atua como mentor do Instituto Endeavor.

Fale com Fernando Blanco pelo LinkedIn: https://www.linkedin.com/in/fernandoblanco/ ou via fernando.blanco@idcc.com.br.

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