A verdade sobre homens que vêem pornografia violenta — e quão perigosos são para as mulheres
Por Joan Smith, presidente do Painel de Violência contra Mulheres e Meninas da Prefeitura de Londres.
Outro homem se juntou à crescente lista de assassinos condenados “obcecados” com pornografia violenta.
Nathan Matthews, de 28 anos, foi considerado culpado ontem do assassinato brutal de sua irmã Becky Watts, de 16 anos, a quem ele sufocou e esfaqueou depois de ir à sua casa, equipada com armas de fogo e algemas.
Agora surgiu que ele assistiu a um filme intitulado “virgem adolescente é estuprada em sua casa” antes de atacá-la.
No mês passado, uma revisão de caso grave sobre o assassinato de Georgia Williams , uma filha de um policial de Telford, de 17 anos , destacou falhas na investigação e nos serviços sociais. Seu assassino, Jamie Reynolds, 23 anos, tentou estrangular uma menina em 2008 e matou a Geórgia em 2013.
Reynolds estava obcecado com a suspensão, estrangulamento e necrofilia desde os 15 anos de idade. Sua coleção incluia 16.800 imagens pornográficas e 72 vídeos de violência sexual; Ele também adulterou fotos de garotas que para fazer com que elas parecessem terem sido enforcadas. Seu padrasto disse ao Justice Liaison Service que havia descoberto que Reynolds via imagens de mulheres sendo estranguladas; foi aconselhado a ir à polícia, mas isso não estava em seu relatório.
Outros casos envolvendo pornografia violenta incluem o assassinato de Joanna Yeates por Vincent Tabak , que estrangulou a arquiteta paisagista em 2010 enquanto viviam em apartamentos adjacentes em uma casa em Bristol. O assassinato atraiu grande atenção e mais tarde surgiu que Tabak tinha imagens violentas em seu laptop, incluindo vídeos de mulheres loiras sendo estranguladas. No início deste ano, Tabak admitiu quatro acusações de possuir imagens indecentes de crianças em seu computador.
Dois outros homens, Mark Bridger e Stuart Hazell, estão cumprindo longas penas de prisão após a realização de ataques letais contra crianças. Bridger matou April Jones, de cinco anos, no País de Gales, enquanto Hazell assassinou sua tia-filha Tia Sharp , de 12 anos, no sul de Londres. Bridger passou uma grande parte do seu tempo vendo pornografia violenta, incluindo 65 imagens que atendiam o padrão para perseguição criminal. Hazell teve uma histórico de visualização de material pedófilo on-line e possuía cartões de memória mostrando imagens indecentes de crianças e imagens de bestialidade. Ele também secretamente filmou Tia antes do assassinato.
Estes casos refletem uma tendência extremamente perturbadora, que é a aparente “normalização” de assistir pornografia extremamente violenta entre alguns grupos de homens.
Há trinta anos, a pornografia “hardcore” consistia em revistas e vídeos desagradáveis que deveriam ser obtidos junto de fornecedores especializados, com algum risco para ambos os lados. Agora, ele está online, onde adolescentes e homens adultos conseguem acessá-lo, mas tornou-se ainda mais real e violenta.
As pessoas que associam a palavra “pornografia” à revista Playboy ficariam chocadas, se soubessem o quanto isso é brutal, ou o quanto isso envolve explicitamente a violência sexual.Muitos materiais estão disponíveis em categorias como “pornografia de estupro”, enquanto os indivíduos que a querem podem encontrar vídeos que mostram as mulheres sendo estranguladas. Suspeita-se que alguns desses materiais não sejam consensuais, criados por traficantes de pessoas que fazem vídeos pornográficos como uma linha paralela ao seu principal negócio de prostituição.
“Os homens se tornam violentos depois de assistir pornografia ou são homens violentos atraídos para vê-la?”
Esta explosão de pornografia violenta coloca desafios para o sistema de justiça criminal.
A posse de algum material, como a pornografia envolvendo crianças, é uma ofensa criminal e a polícia tenta pegar os consumidores através do uso de sites e cartões de crédito. Obviamente, esses homens devem ser acusados e levados a juízo, onde a publicidade pode ter um efeito dissuasivo, enquanto as amigas e as parceiras estarem conscientes de um risco potencial de serem atacadas.
No passado, os pesquisadores desconfiaram que fazer suposições sobre o impacto da pornografia, mesmo em usuários freqüentes, ressaltando o grande enigma: os homens se tornam violentos depois de assistir pornografia ou são homens violentos atraídos para vê-la?
Em certo sentido, a mudança no tipo de material pornográfico disponível torna essa questão redundante, porque o link entre pornografia e violência é agora muito mais explícito.
De forma mais perturbadora, em todos os casos mencionados, existe uma semelhança inegável entre os vídeos vistos pelos infratores e seus crimes. Eles parecem ter progredido de ver material desagradável que alimentou suas fantasias para tratá-lo como um tipo de ensaio para os assassinatos que eles cometem.
A noção de que observar mulheres sendo amarradas, estupradas, esfaqueadas e estranguladas regularmente não tem impacto, desafia o senso comum. Os homens que fazem isso “recreativamente” não são susceptíveis de emergir com um maior respeito pelas mulheres; Além da possibilidade de ataques semelhantes na vida real, o efeito dessensibilizador é bastante preocupante.
“A noção de que observar mulheres sendo amarradas, estupradas, esfaqueadas e estranguladas regularmente não tem impacto, desafia o senso comum”.
É por isso que o assunto deve ser abordado nas escolas, com meninos adolescentes e meninas sendo informados de que este não é um comportamento saudável ou aceitável.
Ao mesmo tempo, quando alguém atende a atenção da polícia, a visualização regular de pornografia violenta deve, em si mesma, ser considerada como um fator de risco.
Por mais liberal que possamos querer ser, é difícil negar que um indivíduo que coleta vídeos de esfaqueamento possa representar um perigo para mulheres e meninas em seu círculo social. A pornografia mudou, e nossos pressupostos precisam mudar com isso.
