Ucrânia x Rússia: não tem santo nessa história
O conflito entre Rússia e Ucrânia gera opiniões e contradições nas mais variadas correntes da esquerda brasileira.
E neste contexto, quando se cobra tanto a aplicação do conceito de “lugar de fala”, não se vê ninguém relevar ou pontuar qual a posição oficial do Partido Comunista da Federação Russa (PCFR), de oposição ao governo Putin, e da esquerda russa. Muito menos a posição do proscrito Partido Comunista da Ucrânia, proibido em 2015.
Longe de justificar uma invasão militar a outro país é importante da voz a quem está envolvido diretamente na situação. É bom lembrar que há oito anos os campos progressistas sofrem perseguições na Ucrânia, e que o governo russo promove perseguições políticas com milhares de detenções. Resumindo, não tem santo nessa história.
Outro ponto que chama atenção é a contradição dos países que condenam a invasão russa, pedindo paz. Mas anunciam envio de armas para municiar as milícias de extrema-direita da Ucrânia, como já fazem Alemanha, EUA e Portugal, entre outros.
Durante esses oito anos, a mídia ocidental nunca se aprofundou no empoderamento de grupos neofascistas na Ucrânia. Apoiados pelos EUA e Europa esses grupos promoveram uma série de perseguições e massacres contra sindicalistas como o ataque contra a Casa dos Sindicatos ocorrido em 2 de maio de 2014 em que neonazistas incendiaram a sede de uma central sindical, matando cerca de 39 pessoas.
Putin não deve ser endeusado pela esquerda por se colocar contra o imperialismo dos EUA e o governo ucraniano não pode ser santificado, pois representa o que é de mais retrógrado na história.