Entrevista com o Jean Nightbreäker

Mario Rabelo
AntiCvlt Magazine
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4 min readOct 12, 2015

Ano passado fui apresentado ao Nightbreäker e de cara achei foda. Death Metal das antiga mesmo, com toda a sujeira, climão e chorume que o Morbid Angel, Sodom e Possessed criaram e que influencia uma porrada de gente até hoje.

Procurei mais sobre a banda e vi que era trampo de um cara, que tocava em outras bandas, que era de Curitiba E QUE O CARA TINHA QUINZE ANOS. Hoje ele tem DEZESSEIS. Sim, o cara nasceu em noventa e nove. Não chorou com Zidane em 98, nem viu a cambalhota do Paulo Paixão na final de 94.

Tipo, beleza, os caras do Dissection, Emperor, Darkthrone, Morbid gravaram seus primeiros trampos quando eles ainda estudavam cateto e hipotenusa, mas ver isso “de perto”, no Brasil, que não tem uma cultura forte do metal negro, é no mínimo curioso.

No meio desse ano bati um papo com o Jean Nightbreäker, dono de uma porrada de projetos foda e que nos falou um pouco sobre seu inicio no role.

É natural que as pessoas achem curioso o fato de você ser bem novo e já demonstrar uma certa maturidade nas composições e produções. Como começou todo o role pra você, entre ouvir um disco, querer comprar um instrumento e montar uma banda?

A paixão pela musica veio bem antes do metal, então desde que eu era pequeno já havia feito aula de guitarra. Foi nessa parte que me ‘introduzi’ no mundo do rock, aprendia coisas tipo Deep Purple, Black Sabbath e etc… Mas o que me puxou pra dentro do thrash e outros tipos de metal foi o show do Destruction que teve em Curitiba em 2013.

Hoje você toca em 4 bandas, que seguem linhas bem próximas sonoricamente falando. Quando você compõe, você já cria imaginando em qual banda aqueles riffs serão usados ou isso rola depois do som estar pronto?

Na hora de compor os riffs eu já imagino pra qual banda usar, isso facilita até o tipo de riff pra ser criado, fora os outros que ajudam com ideias também, mas a composição dos sons geralmente são feitas em grupos, todo mundo colaborando.

O Evil Exorcist foi sua primeira? Houve outros projetos antes disso?

O primeiro projeto foi a Murdeath, que antes possuía outro nome, Evil Exorcist demorou um pouco pra ser criada, tanto que passou por muitas formações até chegar na atual que foi a que gravou a demo Bestiallic Crucifixion, e recentemente fui chamado para tocar baixo na Poison Beer.

No final do ano passado e começo desse ano, rolou alguns vídeos de shows do Murdeath e do Evil Exorcist. Como funciona pra vocês tocarem fora de suas cidades? Já rolou algum convite pra shows fora de Curitiba? Que lugares vocês gostariam de tocar?

A gente espera a oportunidade aparecer, quando algo for bom pra gente e não dê nenhum prejuízo pra banda pra ter que tirar a grana do próprio bolso a gente fecha. Já rolou com a Murdeath e Evil Exorcist, ambas tocaram em Santa Catarina em 2015. Todos os lugares que convidarem a gente pra tocar será bem vindo, não temos nenhuma preferência de lugar.

O Nightbreäker é seu projeto solo, onde você gravou quase tudo, exceto pela batera que ficou a cargo do Henrique Rangel. Foi difícil essa experiência de construir e gravar os sons sozinhos, sem ter outras pessoas ajudando nas construções das mesmas?

Isso pra mim foi um facilitador, geralmente se você for gravar em mais pessoas vai precisar ter que deixar todas bem ensaiadas pra ficar algo bom, a questão de gravar sozinho deixou isso muito mais tranquilo, o tempo gasta pra gravar foi bem mais curto, e eu acabo conseguindo fazer tudo do meu jeito, a única coisa que acaba pesando são os gastos da gravação.

O Sul do Brasil sempre foi conhecido pelas bandas de Black Metal que tentavam soar mais Noruega 92 ou bandas de Brutal Death Metal e Goregrind. Tem rolado um circuito de bandas que soam mais velhas e cruas em Curitiba?

Sim sim, muitas bandas daqui tentam ter sonoridades parecida com a dos anos 80 ou até mesmo 90, só em Curitiba temos o Axecuter que faz Heavy Metal totalmente oldschool, e Rot Remains de Death Metal, influenciada por bandas como Obituary e Morbid Angel, e mais uma porrada de bandas, HellGun, Poison Beer, Blackened.

Você consume musica atual? Digo, bandas atuais, independente do estilo.

Sim, atualmente temos muitas bandas boas mesmo, se parar para procurar você começa achar bandas de todos lugares.

Além do metal, exista algum interesse seu em outros tipos de arte? Algum filme ou livro legal que viu recentemente?

Qualquer tipo de arte é indicada, cultura é fundamental para todos, independente da forma que ela chegue até a pessoa. Indico o livro 1984 de George Orwell

Eu ouço suas bandas e me vem na hora toda aquela áurea climática dos anos 80 de Hellhammer, Possessed, Sodom e Morbid. Você procura ir atrás de equipamentos, pedais, guitarras da época pra tentar soar o mais fiel a esses caras?

Isso é uma coisa que nunca chegamos a se preocupar, o que faz a sonoridade da banda pra mim é a pegada dela, o tipo de som, o instrumento pode até ser importante, mas muitas vezes não precisamos do “equipamento antigo” para fazer o som antigo.

Agradeço desde já a atenção e aguardamos o quanto antes algum show do Evil Exorcist, Murdeath ou Nightbreäker aqui em São Paulo.

Eu que agradeço pelo espaço, esperamos logo mais tocar por aí.

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Mario Rabelo
AntiCvlt Magazine

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