#1 — O problema da certeza, a oportunidade de projeto, a iteração constante.

Gustavo Gonçalves
pacumê design
Published in
5 min readMay 1, 2021

Em um mês mudamos de macro tema 3 vezes, e é sobre isso o nosso projeto.

1. O problema da certeza: uma história narrada em três partes

1.1 Contexto

Quando começamos a jornada da formação, mais ou menos no começo de fevereiro de 2021, tínhamos uma ideia concreta e certeira do que seria desenvolvido ao longo do ano:

Desenvolver um design system para um projeto de extensão de produto digital de uma universidade pública, que possui times com pessoas de diversos cursos e momentos da faculdade, unidos por um propósito maior: o de conectar doadores a instituições.

Super simples 💁🏻‍♂️

A ideia veio com a entrada no curso de Design System da Meiuca Design, onde descobrimos um mundo que permitia a escalada de produtos de maneira que pessoas (neste caso mais especificamente designers) poderiam (e deveriam) estar mais focados em descobrir e resolver os problemas dos usuários, ao invés de desenhar telas.

1.2 O tátil expõe

Com isso resolvido, nos debruçamos sobre as aulas da Meiuca para embasar a centena e pouco de assuntos a serem trabalhados, e logo na primeira atividade a ser desenvolvida nos deparamos com o primeiro problema: um mapeamento que deveria consistir (em nosso cronograma), em uma semana, se estendeu para 10, 15, 20 dias, e ao mesmo tempo que o andamento do curso se dava, nos víamos mais longe da ideia inicial.

A realidade do projeto veio à tona, e viver nele, sentir sua realidade, mostrou outros problemas maiores a serem endereçados. Sendo o design system a solução proposta, quais eram seus pré-requisitos, bem como seu problema?

Um design system para um projeto de extensão de produto digital de uma universidade pública, que possui times com pessoas de diversos cursos e momentos da faculdade não é o cenário mais amigável, e entender a forma com que cada participante iria impactar em nossa ideia e tomada de decisão se tornou então nosso maior (caos) problema.

1.3 Mudança

Procurando modelos e formas de metrificar nosso time virou nossa missão de momento, e que aos poucos, começou a virar nossa missão de projeto. Quanto mais debruçados no mundo do design ops, em métricas, em times, nos vimos mais longe da construção de um design system, muito porque, no final das contas, nosso problema não era (apenas) a inconsistência e o tempo de desenvolvimento, mas sim entender como estava estruturado o time para saber se um design system fazia sentido, em primeiro momento.

2. A oportunidade de projeto

Abrimos então um board do Miro e nele começamos a popular todas as formas de metrificação que fomos encontrando pelo caminho. Quebramos os níveis do The New Design Frontier, da InVision, respondemos (e reescrevemos em notas auto adesivas) o questionário de Design Index, da McKinsey, estudamos sobre estruturas de time, sobre design como uma cebola

E em sua maioria, estávamos mapeando as percepções, cruzando elas e percebendo como a maturidade de um time poderia ser nivelada, fazendo uma engenharia reversa de um resumo de todas essas métricas, gringas.

Encontrar modelos brasileiros foi se tornando um desafio cada vez maior, e a dúvida que nos percorria desde que entramos nesse mundo projetual, foi ganhando cada vez mais força: qual é cara do design brasileiro, hoje? E como essa cara foi mudando, ganhando uma maquiagem, um procedimento estético ao longo do tempo?

3. Iteração constante

Na dúvida de como poderíamos usar as informações e ideias que havíamos coletado na mudança de tema ao longo de dois meses, junto ao tema ambicioso de design brasileiro, (Gustavo) recordou-se de um trabalho compartilhado por uma amiga, que mostrava visualização de dados complexos de maneira democrática, desenvolvidos em uma cadeira do Politécnico de Milão, chamada Design Density.

Com um breve alô de um fuso horário bagunçado, conseguimos acesso a alguns materiais que ela (Sara Dalla Rosa, a amiga) guardou das aulas. E por um momento, a iteração constante de dois meses pareceu se concretizar com uma frase:

“Então aqui está a questão que eu gostaria de levantar aos designers: onde estão as ferramentas de visualização que permitem que os temas de relevância, de natureza contraditória e controvérsia sejam representados”? Latour, 2009

“So here is the question I wish to raise to designers: where are the visualization tools that allow the contradictory and controversial nature of matters of concern to be represented?” Latour, 2009

Assim, o objetivo deste projeto (que passou de design system, a operações) agora se torna :

Criar um relatório do design brasileiro, da evolução a contemporaneidade, através de modelos de visualização de dados interativos.

4. E agora?

Estamos definindo o que queremos abranger sobre o design brasileiro, para então descobrir formas de fazer com que outras pessoas possam também entendê-lo 🎉

Tal qual produto, acabamos desenvolvendo, de forma involuntária, um processo de pesquisa que permitiu abrir os horizontes do que é e ainda não é possível. E vários aprendizados foram levantados ao longo do processo:

  • Entender qual é o problema relacionado a sua hipótese e questioná-lo permite que você tenha visões novas!
  • Estamos felizes que passamos por esse processo, no final das contas aprendemos um pouco de várias coisas novas, e isso ninguém tira da gente
  • A melhor forma de construir é junto, e foram nas longas discussões de tardes de sábado que surgiram as melhores ideias (até o momento)
  • Começar é a melhor forma de errar, para entender o que fazer certo.

5. E o NÓS, abandonamos no meio do caminho?

Deixamos de lado o design system, mas não deixamos de lado os problemas levantados ao longo desse tempo! Estamos fazendo rodadas de pesquisa com os pontos que começaram a ser levantados em nosso TCC, repensando estrutura, usuários e objetivos. Ou seja, só sucesso!

💥 Ana é Head of Design na Escola Revolution em Curitiba. Além de atuar na gestão estratégica do design dentro da empresa, seus interesses pessoais fluem também na arte digital e no desenvolvimento web.

👀 Gustavo é Product Designer no team olist , e ama todas as pontas do design. Apaixonado por ferramentas colaborativas, cruza informações no Miro como se não houvesse amanhã.

📹Fazemos lives na twitch de todo o processo

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Gustavo Gonçalves
pacumê design

Um designer aspirante, trabalhando em construir o futuro do comércio no Olist, e explorando o design brasileiro no Antropofagia