o caminho para nós

tem um passarinho voando no céu logo cedo,

e eu percebo mais tarde que não era voo,

era uma queda.

quero salvar o passarinho.

corro pela grama,

deixo que rale,

que rasgue,

que sangre,

mas não quero que ele chegue até o chão.

quanto mais perto ele chega,

mais vejo suas asas tortas,

e suas feridas.

mas também vejo que é amarelo e bonito.

estico os braços e as mãos.

quero tanto ajudar o passarinho,

para ele voar e ser livre,

e tenho medo de não conseguir.

estou quase chegando,

com os sapatos gastos,

olhos inchados,

e feridas causadas pelo caminho.

ele caiu na minha mão,

e agora não sei o que fazer com ele,

não sei voar e choro.

e penso.

continuo caminhando com ele nas mãos,

sempre para frente,

empurrando a grama alta,

até achar a ponta da montanha.

chego e há tantos pássaros voando,

mas continuo preocupada com este,

e ele levanta a cabeça olhando pro céu,

esperando a ferida fechar para voar.

porque ele sabe voar.

e eu só precisei fazer um curativo,

para ele ir com toda força do mundo para cima.

e chorei (de alívio).