APOIA.se ou Patreon?

APOIA.se
APOIA.se
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10 min readNov 26, 2015

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9 boas razões para criadores brasileiros terem uma campanha no APOIA.se ao invés de no Patreon

Prefácio

Em função do crescente número de questionamentos sobre quais são as diferenças do APOIA.se com relação ao Patreon, decidimos produzir este documento pontuando de forma clara as especificidades em torno das razões concretas para que brasileiros optem por usar a plataforma brasileira APOIA.se.

Entretanto, antes de mais nada, julgamos super importante deixar claro como enxergamos o Patreon e salientar que o objetivo deste documento não é de forma alguma desqualificar essa plataforma que tanto respeitamos e admiramos. Pelo contrário, podemos afirmar que ela serviu como referência fundamental para o APOIA.se, ao dar forma e encaminhamento para a grande questão que vinhamos problematizando desde 2011: Como possibilitar a sustentabilidade financeira de longo prazo quando se trata de produção de conteúdo independente e de qualidade? (leia mais sobre essa questão no manifesto do APOIA.se)

Nós, enquanto entusiastas do financiamento coletivo recorrente (FCR), nos sentimos profundamente conectados com a causa da plataforma Patreon e agradecidos aos seus fundadores Jack e Sam, ícones pioneiros no fomento dessa cultura que acreditamos ser tão relevante para o futuro da sociedade (vide manifesto do APOIA.se).

Na mesma medida, o APOIA.se busca contribuir para superarmos no Brasil a ideia de que não é possível viver de arte e de produção de conteúdo de forma autônoma e de que essas atividades tenham que ficar num plano secundário enquanto se corre atrás de dinheiro para pagar as contas. Ou seja, ao se propor essa nova forma de financiamento do processo criativo se possibilita um maior número de criações de qualidade produzidas de forma descentralizada e autônoma.

Porém, se nos Estados Unidos o Patreon já é um sucesso, financiando milhões de dólares, no Brasil esta cultura recém começa a ser difundida. Nesse contexto, compreendemos que existem especificidades dentro da realidade nacional que não são foco de uma plataforma estrangeira. Afim de atender essa necessidade, e em decorrência da experiência prévia de um dos nossos fundadores que acompanhou de perto o processo de desenvolvimento do Catarse, (plataforma que também se propôs a dar conta das demandas nacionais) nasceu o APOIA.se.

Bem, dito isso agora podemos passar a ver quais são as razões para que criativos brasileiros optem por fazer suas campanhas no APOIA.se. São elas:

1. Mais dinheiro para o criador e custo menor para os apoiadores

Custo total de 13% vs. 22,4% (aproximadamente) do Patreon porque não há ágio cambial, IOF por compras internacionais nem tarifas de transferência internacional (vide cálculo abaixo)

Nos Estados Unidos, onde as taxas de administração dos cartões de crédito e impostos são menores do que no Brasil, o Patreon consegue praticar um custo relativamente baixo para os criadores que residem lá. Contudo, para quem reside no Brasil o custo acaba ficando maior, pois inclui as taxas de remessa internacional praticadas pelo Paypal.

Por isso, do ponto de vista do dinheiro que sobra para os criadores (87%) o APOIA.se é uma opção mais vantajosa, sempre e quando os criadores residam no Brasil e recebam também maioritariamente de apoiadores que também residam no Brasil.

2. Sem dor de cabeça para calcular valores

O modelo de custos do Patreon é difícil de compor, tanto para os criadores quanto para os apoiadores. Além da comissão do Patreon, as taxas mudam segundo o meio de pagamento. Por exemplo, se o meio de pagamento for o Paypal (normalmente o preferido pelos brasileiros), há três taxas diferentes que devem ser computadas, e algumas não são encontradas dentro do site do Patreon, mas sim nos vários sites e emails que o Paypal envia.

Por isso, apurar ganhos e custos pode acabar sendo uma tarefa relativamente complicada para criadores, que naturalmente irão querer acompanhar os valores que recebem, e para apoiadores, que também vão querer fazer o mesmo com os valores que lhes são cobrados. Acompanhar isso no Patreon demanda que ambos fiquem constantemente convertendo os valores em dólares e buscando informações em lugares diferentes.

A conta apresentada na foto da razão 1 acima simula a composição de custos mais comum para criadores brasileiros no Patreon, que seria utilizando o serviço Paypal para transferência, que é o mais barato e mais conhecido dos dois serviços que o Patreon usa para transferências internacionais. Nesse caso, o Paypal cobra três tipos de taxas diferentes: taxa das bandeiras do cartão de crédito, taxa de transferência internacional e ágio cambial, a isso ainda soma-se a comissão do Patreon. No APOIA.se preferimos optar por um modelo que seja mais simples para o criador, onde a plataforma abstrai os custos com as administradoras dos cartões e as tarifas bancárias para transferência (TED e DOC) e apresenta um custo de apenas 13%, que inclui os custos mencionados mais a comissão da plataforma. O objetivo de adotarmos um número único de 13% é tornamos mais fácil a vida do criador na hora de fazer as contas.

3. Sem dependência do dólar

O apoiador sempre sabe o valor que será cobrado dele no final do mês.

Com o dólar alto e oscilante o apoiador nunca sabe direito qual valor será cobrado a cada mês.

Isso tem ocasionado, inclusive, alguns casos de criadores no Patreon reclamando que os apoiadores estavam baixando preços.

4. Meios de pagamento pensados para realidade brasileira

O APOIA.se está no Brasil e por isso há uma preocupação de trazermos mais facilidades de pagamento com meios de pagamentos pensados para a realidade brasileira.

Isso afeta diretamente a taxa de conversão de apoios, pois algumas das formas de pagamento mais populares no Brasil, como é o caso de cartões de crédito nacionais e os boletos, o Patreon não aceita.

Como existe essa limitação de apenas aceitar cartões internacionais alguns criadores usam um método mirabolante para conseguir aceitar cartões nacionais e boleto. Esse método é uma espécie de cartão pré-pago do Paypal, mas requer tantos passos que alguns criadores chegaram a criar um passo-a-passo como este. Entretanto, tantos obstáculos na hora de pagar acabam resultando em menos apoios convertidos.

No APOIA.se já temos as bandeiras nacionais da VISA, Mastercard e Elo, e boleto bancário, e estamos estudando como implementar outras formas de pagamento populares no Brasil, com cartões de débito e débito em conta. Além disso, cartões emitidos por bancos no exterior das bandeiras VISA, Mastercard, American Express, Diners e Discovery também são aceitos no APOIA.se, de forma que pessoas fora do país também podem apoiar.

Ainda, as seguintes situações causam bloqueios nas cobranças dos apoios no Patreon, conforme relatado para nós por alguns criadores brasileiros que têm campanhas em ambas as plataformas:

  • quando a conta no Paypal não tem nenhum cartão associado.
  • quando a conta no Paypal tem cadastrado um endereço de cobrança (billing address) diferente do cadastrado na administradora do cartão

5. Mais transparência e controle sobre as cobranças

5.1. Notificações de falhas na cobrança dos cartões e ações corretivas

No APOIA.se, quando uma cobrança de cartão de crédito falha, é feita uma retentativa de cobrança e, se mesmo depois de uma retentativa a cobrança do cartão seguir falhando, uma notificação é enviada automaticamente ao apoiador avisando o motivo. Além disso, a mensagem enviada o instrui sobre como proceder para resolver a causa que impediu a realização da cobrança do apoio. No Patreon, apenas consta a informação de que a cobrança falhou sem dar detalhes da falha e nem permitir que seja tomada alguma ação corretiva pelo apoiador.

5.2. Notificações de aviso de cancelamento de apoio

No APOIA.se quando um apoiador cancela o apoio, tanto o apoiador quanto o criador recebem uma notificação por email avisando que o apoio foi cancelado. Isso permite que o criador acompanhe em tempo real a situação dos seus apoios, sabendo quais estão ativos e quais não.

No Patreon o criador precisa conferir mês a mês quem ainda apoia ele através do Dashboard ou através de uma espécie de linha de tempo.

6. Menos burocracia sem ter que fazer declaração de imposto de renda nos EUA

Criadores internacionais (fora dos EUA) que tenham recebido mais de $600 dólares no ano tem que declarar a renda ao governo norte-americano preenchendo o formulário W-8BEN do órgão equivalente à Receita Federal brasileira. Para tal é necessário obter Foreign Tax Id Number, uma espécie de CPF para estrangeiros, emitido pelo governo norte-americano.

Fora isso, dependendo da quantia levantada, pelo fato de estar no Brasil, o criador ainda terá que prestar contas à Receita Federal brasileira. Ao final isso se torna um grande trabalho burocrático que consome energia que poderia ser colocada na sua produção criativa.

7. Sem as barreiras da língua estrangeira, ou, menos entraves = mais apoios

Alguns termos em inglês, como por exemplo pledge (promessa de pagamento) ou até mesmo a palavra Patreon (patrono), nome da plataforma soam estranhos aos ouvidos de pessoas que não estão familiarizadas com a língua inglesa. Ainda há pessoas que não sentem-se confortáveis para fazer transações pela internet com instruções em inglês e em dólares. De acordo com o perfil do público esses fatores podem representar uma barreira de entrada significativa para novos apoiadores, resultando em substancialmente menos apoios.

8. Maior voz ativa/influência na definição dos rumos e implementações futuras da app

Diante do volume de criadores norte-americanos e europeus, os criadores brasileiros são uma minoria e por isso as suas necessidades específicas (como por exemplo implantação de boleto e outros meios de pagamento, internacionalização da plataforma, etc.) ocuparão um lugar muito inferior entre as prioridades de implementação do Patreon.

As necessidades dos criadores brasileiros sempre serão prioridade no APOIA.se, que tem como foco o desenvolvimento e o fortalecimento da cultura de financiamento coletivo recorrente em âmbito nacional.

Para termos uma ideia: o Kickstarter, plataforma lançada em abril de 2009 ainda não foi internacionalizado, e não conta com uma versão em português e com transações em reais, voltada para o público brasileiro. Nessa perspectiva é pouco provável que o Patreon, que foi criado em maio de 2013 (há bem menos tempo que o Kickstarter), tenha essa internacionalização entre suas prioridades.

9. Fortalecimento do ecossistema brasileiro de financiamento coletivo recorrente

Este é o último item, quiçá o mais importante de todos, e foi deixado propositalmente para o final por ser a “cereja do bolo”: Ao fazer um APOIA.se você está contribuindo para a criação de um ecossistema, um círculo virtuoso em torno da cultura do financiamento coletivo recorrente aqui no Brasil!

Não se trata de ufanismo, nem de altruísmo. Promover o fortalecimento desse ecossistema nacional aumenta as chances dos criadores de conteúdo brasileiros poderem viver sendo financiados para fazer o que gostam.

Quanto mais expressiva for a adesão a essa nova forma de financiamento no país, haverá mais criadores empoderados, produzindo conteúdos de maior qualidade, de forma descentralizada e independente. Ao se popularizar essa cultura, alcançando e mobilizando públicos cada vez maiores, poderemos consolidar o círculo virtuoso de valorização do trabalho criativo que tanto queremos promover a partir de iniciativas como o APOIA.se.

Como o FCR ainda é uma cultura muito nova no Brasil, muita gente acredita que usar uma plataforma estrangeira e internacional como o Patreon trará mais apoios. Entretanto questionamos essa relação e explicamos o porquê:

Estatísticas feitas com as principais plataformas de financiamento coletivo do mundo apontam que, em média, de 60% a 80% do total dos apoios captados vêm da própria rede pessoal dos criadores, a chamada "rede de ignição".

A maior parte do restante, de 20% a 40%, inclui apoios de pessoas com algum vínculo com o criador, porém mais distante, como amigos dos amigos. Há também os casos de pessoas que passeiam pela plataforma e resolvem apoiar a campanha de algum criador desconhecido, porém esses são casos pouco expressivos. Se tratando de uma plataforma estrangeira esse tipo de apoio a criadores brasileiros torna-se ainda mais raro, devido ao público internacional que não fala português.

Outro ponto a se considerar na hora de optar por uma plataforma nacional é que, ao usar o Patreon você manda dinheiro para o exterior e contribui financeiramente com duas plataformas estrangeiras já fortemente estabelecidas (Patreon e Paypal). Essas, privilegiarão os interesses dos criadores estrangeiros e recolherão impostos para o governo dos Estados Unidos.

Em vez disso, é possível contribuir para o desenvolvimento deste pais ao fortalecer o que está sendo criado aqui, pensando nas necessidades específicas dos brasileiros.

Até o ano passado não tínhamos uma opção local, e o Patreon protagonizou o pioneirismo dessa cultura no país e no mundo. Porém, a partir de 2014, passamos a ter a opção de experienciar um ecossistema local em torno de iniciativas brasileiras, contribuindo assim para a intensificação de um sistema diversificado, abundante e de qualidade, capaz de distribuir renda e empoderar um número cada vez maior de criadores e apoiadores brasileiros!

Borá lá?! \o/

APOIA.se: onde público e criadores andam juntos.

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