O crowdsourcing e a renovação na política

Artigo publicado no jornal DCI, 20/02/2018.

A revolução passará pela internet, e é com ela que poderemos mudar nosso cenário político.

Todas as grandes manifestações recentes não tiveram líderes. Em 2011 foi com a Primavera Árabe e no Occupy Wall Street. Junho de 2013 no Brasil e na maior manifestação da história com 20 milhões de pessoas no Egito. Em 2014 em Kiev e a Revolução dos Guarda-Chuvas em Hong Kong. O fato é que elas foram desenvolvidas de maneira descentralizada com o uso de redes sociais.

A democracia é e deve ser um ambiente caótico, caso contrário seria difícil mudar. Por outro lado, o instrumento para equilibrar esse sistema é a política e, infelizmente, tem carência por representatividade. Com o advento da internet e a sociedade em rede, surge a esperança de que é possível inovar essa relação e tornar a política um instrumento cívico.

Agora, a ideia de organizações, ativistas, políticos e governos monopolizarem ideias, pessoas, ações ou responsabilidades não fará sentido.

O crowdsourcing é a tecnologia usada para obter ideias, serviços ou conteúdo de um grande grupo de pessoas, como, por exemplo, a Wikipedia, maior enciclopédia do mundo disponível em 277 idiomas.

Já há grande fluxo de políticos criando redes no campo digital para impactar campanhas eleitorais, principalmente as que têm recursos financeiros escassos e sem fundo partidário.

No processo eleitoral já há muito trabalho voluntário, mas o impacto de tecnologias para organizar este envolvimento e dar mais potencia a ele.

Em 2016, as plataformas de financiamento coletivo, que é uma das formas de realizar crowdsourcing, foram utilizadas mais de 100 mil pessoas e foram fundamentais para comprovar a eficiência e auxiliar as plataformas para as eleições de 2018. O AppCívico, que trabalha com tecnologias cívicas, estima que o número de participantes em comunidades digitais passará de 1 milhão, que irão interagir nas campanhas eleitorais, podendo ser muito maior caso políticos ofereçam alternativas de participação aos eleitores.

Com a descrença que vivemos sobre política, ao mesmo tempo discutimos a necessidade de renová-la, é importante colocarmos no debate os processos de como a renovação pode ser construída e aplicada. A tecnologia pode promover relação de confiança, transparência e agilidade nesse desafio, para que a eleição seja um processo mais amplo que apenas legitimar um novo nome com votos.