7 meses como Mentora na Apple Developer Academy

Ana Carolina Barreto
Apple Developer Academy PUCPR
6 min readSep 24, 2019

Curitiba, Janeiro de 2019. Verão. Euzinha, sem saber muito bem o que seria do resto do ano, abro a porta da Academy pela primeira vez em muito tempo. Depois de passar 2 anos indo e voltando desse lugar, foi uma enxurrada de sentimentos e expectativas muito louca.

Agora, 7 meses depois, eu estou aqui… Epa pera aí, que mês é hoje? Setembro?!?! Minina… E a gente que sempre falou que Agosto demora demais pra passar né?

Obrigada tecnologia por registrar as coisas para que eu não precise ter memória

Como eu estava dizendo: agora, 9 meses depois, eu estou aqui, sentada na mesma mesa de todo dia, pensando como tem sido viver essa experiência.

Como o tempo passa rápido…

Quando a gente se diverte? Sim! A gente se diverte muito na Academy. No caso a nossa diversão é trabalhar sem parar e sempre inventar uma moda atrás da outra.

Aproveitei esse momento de celebração (e reflexão) e pedi pelo meu instagram dúvidas/curiosidades sobre como tem sido essa experiência e separei 5 para responder aqui.

1. Como é explicar pras outras pessoas sobre o que você faz?

Oficialmente, o que eu faço carrega o nome de Monitoria, recebemos um upgrade informal para “Mentor Junior”, mas sabe aquela história de “se vista para o cargo que você quer ter”? Então, to fantasiada de Doutor Estranho.

Eu fantasiada de Binder (coordenador) fantasiado de Doutor Estranho

Brincadeiras a parte, explicar é sempre um caos. Sempre. É muito difícil conseguir colocar em uma caixinha, até porque nem eu sei muito bem o que eu faço. Tem algo de design e programação no meio, um pouco de conselho e ombro amigo, um pouco de gestão, um pouco de projeto, um pouco de resolução de conflito. Um pouco de ouvir, um pouco de falar, um pouco de dar sermão sobre louça suja (sim, isso teve que acontecer). Um muito de tentar externalizar ao máximo o que eu sei, de cuidar e de aprender.

Se eu tivesse que definir exatamente, seria algo do tipo:

Eu presto atenção nas pessoas a minha volta, no que elas querem fazer e tento ajudá-las a chegar lá, aprendendo junto no processo.

Não resolvendo por elas, nem tomando as dores pra mim. As vezes é um conselho, as vezes um livro, as vezes uma chamada de atenção. Sempre tentando crescer e criar mais repertório com as situações que vão acontecendo.

2. O que é mais animador de tudo isso?

Trabalhar todos os dias com algo que eu amo. E isso não quer dizer que eu faço todos os dias a mesma coisa, justo o contrário. Eu sou uma pessoa que ama muitas coisas e tá sempre mudando de ideia, vontades e objetivos. Trabalhar na Academy me dá suporte a mudar completamente e saber que, mesmo assim, eu serei bem vinda.

Históricos do Zap não mentem

3. Qual seu maior medo em assumir a mentoria?

Hmm… Essa é difícil. Da parte que envolvem os outros, eu estava segura. Eu já havia dado aulas antes (meu primeiro emprego foi professora de inglês no Fisk *Fisk Fisk, ingles e espanhol é Fisk*) e já conhecia muito bem como as coisas na Academy funcionavam, afinal fui estudante e sempre tive muita abertura para propor atividades e levantar críticas. Meu maior medo, desde o começo, era sobre mim. Era ter tomado a decisão errada em não ir pra algum estágio. A lógica de projeto e estrutura dentro da Academy é muito diferente do mercado de trabalho e eu sei que vou ter que aprender muito quando/se esse momento chegar.

A liberdade da Academy é assustadora, mas as recompensas são imensuráveis.

4. Prefere ser aluna ou mentora?

Mentora. Sem dúvida. De uma maneira ou de outra, ainda trabalhamos loucamente em equipe para tentar resolver um problema. A questão é que nossos produtos finais não são apps, são o processo de aprendizado e crescimento dos estudantes e, igualmente importante, de nós mesmos.

5. Quais foram seus maiores aprendizados nesses 7 meses?

Quais foram não, quais estão sendo. Vish… Vamos lá.

Eu estou aprendendo a respeitar meus limites. Vou dar um exemplo bem prático que aconteceu esses tempos: alguns estudantes pediram para abrir no sábado, que era feriado. Eu até poderia fazer isso, de verdade. Mas disse que não podia. Deixa eu explicar melhor, antes de você me chamar de megera.

Fisicamente eu poderia levantar sábado de manha, ir até a Academy e ficar lá o dia inteiro. Mas eu não fiz isso. Não porque eu não gosto deles ou porque eu quero que eles se ferrem. Jamais! Mas porque estávamos vendo que a situação não era crítica e que eu merecia aproveitar meu tempo no feriado pra sair, correr, ler, ficar deitada olhando pro teto, arrumar o quarto, assistir um jogo de rugby, voltar pra casa e comer uma tapioca e, só então, talvez, pensar em abrir o computador pra, quem sabe, assistir um filme. Eu mereço e eu preciso.

Nesse momento de vida, trabalhar no feriado significaria desrespeitar a coisa mais sagrada no momento: minha saúde mental. Se eu tivesse ido para Academy no eu teria ficado a semana seguinte inteira mal; sem conseguir fazer os trabalhos da faculdade, sem prestar atenção direito em nada, sem estar descansada. E isso ia acumular, acumular, acumular até o ponto de eu explodir novamente. Então é isso. Respondi que não podia. Estou aprendendo a respeitar meus limites no agora e estar mais consciente do que eu sou capaz de lidar. E estou aprendendo também a fazer com que as outras pessoas saibam dos meus limites e os respeitem também.

Eu estou aprendendo que eu posso amar perdidamente o meu trabalho, mas não preciso dedicar 100% da minha energia nisso. Tem muita coisa legal pra fazer no mundo e o que eu faço no trabalho engloba muitas, pra minha sorte, mas não precisa suprir todas. Colocar um limite claro entre trabalho e tempo livre tem me garantido uma rotina mais produtiva e feliz.

E, por fim, eu estou aprendendo qual o papel do design e da programação na minha vida, um dos maiores questionamentos que eu tenho desde a minha época de criança-que-editava-template-de-tumblr.

Depois de 9 meses você tem o resultado

Você não achou que eu ia acabar esse texto sem fazer uma menção ao honroso É o Tchan, né?!

A minha total falta de noção de tempo do começo do texto é um indicador fortíssimo do ritmo que a gente leva as coisas aqui. Já faz 9 meses. Caramba. Parece muito mais e muito menos ao mesmo tempo. Sinto que estou exatamente onde deveria estar nesse momento: indo em frente de mãos dadas com um monte de gente incrível.

Sempre que eu converso com alguém que conheceu a Academy no passado, eu convido pra vir conhecer novamente, mudou completamente. A experiência que estamos conseguindo desenvolver com essa turma dá até vontade de fazer mestrado e replicar pelo mundo... É o que acontece quando você coloca pessoas incríveis em prol de um objetivo em comum: juntas estamos criando algo completamente único. É empolgante e recompensador.

Mal posso esperar pelos próximos 9 meses.

Obrigada por chegar até aqui! Gostou desse texto? Compartilha com quem tá merecendo e deixa sua opinião aí nos comentários ou me manda lá no twitter @thepurpleana :)

Até a próxima!

--

--

Ana Carolina Barreto
Apple Developer Academy PUCPR

analista de dados, designer, programadora e problematizadora profissional.