Challenge Based Learning

Se você já tiver alguns anos de experiência, já deve ter passado por inúmeros processos, sejam eles educacionais, criativos ou mesmo de projeto.

Nas últimas semanas, fui convidado a refletir sobre o CBL, fazendo o paralelo dele com esses processos.

Acho que duas grandes realizações são importantes quando falamos em CBL: a primeira é que se trata de um processo de aprendizado. A segunda, é que não é exatamente um processo, e sim, um framework. Isso significa, que é um conjunto estruturado de etapas para se levar ao aprendizado, sem necessariamente entrar no mérito específico de que processos você utilizará para realizar cada etapa.

Onde está, então, a contribuição do CBL? Ao meu ver, está nos seguintes pontos:

  • O CBL busca temas relevantes. Definir uma Big Idea e especializa-la é uma forma estruturada de localizar um problema que realmente afete a comunidade. Pesquisa e aprofundamento é tema de vários outros processos, como o PBL. Porém, o CBL é o único que convida explicitamente a uma busca de temas abrangentes e importantes para a sociedade.
  • O CBL sugere uma forma baseada em pesquisa. E creio que hoje, aprender a pesquisar, entender e se livrar dos próprios vieses seja um tema de extrema relevância. Por um lado, o engage convida o estudante a conhecer uma grande área do conhecimento que talvez lhe seja alheia. Por outro, o investigate ensina a procurar problemas relevantes dentro desse tema, filtra-los e chegar em um questionamento que norteia todo o seu ensino. Neste sentido, a fase engage é muito similar (e pode ser muito auxiliada) pelo Design Thinking, que é um processo generalista. E o investigate pode ser auxiliado por processos de fechamento, como o próprio PBL.
  • Outro ponto positivo é que, como o framework abraça tantos as fases generalistas como especialistas, ele é adequado tanto para designers, como para programadores. Ou seja, ele estimula os dois tipos de pensamento. Atuar sobre uma big idea trabalhará não só a capacidade de generalização, como também habilidades empáticas, que permitem sensibilizar sobre o problema — algo que é muito ligado a natureza sensível e abrangente do design. Por outro, investigar um problema a fundo através de pesquisa e definir um desafio , envolve racionalismo, método e entendimento matemático estatístico — algo totalmente alinhado as ciências exatas.

Ainda tenho um pouco de dificuldade de vislumbrar o CBL no ambiente do micro-aprendizado, como o seu criador, Mark Nichols, diz ser possível. Por exemplo, digamos que eu queira utilizar o CBL para nortear meus estudos sobre Swift. Este é um tema bastante específico. Eu teria que realmente encontrar uma Big Idea de altíssimo nível, e Swift ser o pano de fundo para respondê-la? Ou será que devo fixar "aprender swift" como meu challenge e utilizar o CBL para encontrar algum tema relevante que me motive a produzir algo legal?

Para mim, a resposta parece estar mais alinhada a esse segundo questionamento, uma vez que é muito similar ao das feiras de ciências, comuns nos EUA, de onde o processo veio.

De qualquer forma, não se pode descartar o CBL como uma excelente forma de conduzir o aprendizado, seja ele próprio, de terceiros. Nem mesmo como um excelente guarda-chuvas para uma série de processos. E, principalmente, como uma ferramenta excelente para se pesquisar problemas reais que passariam despercebidos sem uma investigação mais profunda.

Na semana seguinte, coloco aqui minhas reflexões sobre outro passo difícil e importante do CBL. Sair do mundo abstrato e adentrar no campo da solução… esta, cheia de limitações.

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