Entendendo o lugar da experiência

Esse artigo conta como eu e minha dupla elaboramos um diagrama para entender qual momento da experiência dos usuários aprimorar com o produto

Mariana Lech
Apple Developer Academy PUCPR
4 min readJan 4, 2021

--

Entre maio e dezembro de 2020 eu e mais quatro colegas montamos uma equipe para o projeto final da Apple Developer Academy. Especificamente no processo de elaboração deste diagrama, minha dupla de trabalho foi o Rofs.

Visão ampla de um board do Miro. O board contém várias artboards com processos de design.
Print do Miro com um pouco do processo de pesquisa, só pra ilustrar ;)

O projeto final da Academy tem cunho livre, pode ser sobre qualquer tema e ser tangibilizado em vários tipos de soluções (desde que uma delas seja um aplicativo iOS). Logo nos primeiros momentos, e seguindo a metodologia do CBL (Challenge Based Learning), eu e o meu time decidimos dois pontos chaves:

  1. Focar no processo e prezar por experiências e aprendizados;
  2. Criar um produto que atue aprimorando a experiência de educadores e alunos no compartilhamento de links e materiais de aula.

⚠️ Spoiler: No fim do processo criamos o MVP do Hubli, ele pode ser acessado aqui. ⚠️

Depois de passarmos por várias etapas, entrevistando professores e alunos, fazendo benchmarking e estudando sobre o processo de aprendizagem e ensino, identificamos que o produto poderia atuar nos lapsos de organização e comunicação entre educador e aprendiz. Também foi definido que um dos públicos no qual focariamos seriam professores e alunos do Ensino Médio.

Dores identificadas, personas criadas, área de atuação definida, e agora?! Como começar o processo de tangibilização do produto? Em qual dos muitos momentos da interação entre professor e aluno a tecnologia poderia entrar como ferramenta mediadora?

Foi nesse momento em que decidimos criar um mapa de interação dos usuários. Esse mapa teve como objetivo identificar os pontos de contato entre professor e alunos, para que juntos pudessemos identificar em qual momento exato o produto iria entrar e contribuir nessa relação.

Contém 3 linhas horizontais. A primeira representa o papel do professor, a segunda o papel mediador e a terceira do aluno.
Mapa de interação dos usuários. Abaixo explico melhor como ele funciona e você pode acessar ele em alta resolução aqui.

Montando o diagrama

O Rodrigo F. Gonzatto, mentor na Academy e sempre muito acertivo, propôs a leitura de alguns dos materiais do Fred, do Usabilidoido, para nos guiar no processo da montagem do diagrama. No artigo Diagrama para representar interação entre papéis de usuários o Fred conta um pouco de como montou um diagrama para entender a interação social do Mercado Pago, ainda um neném na época (esse artigo é de 2006).

Estudando os materiais do Fred, e enquanto montavamos o nosso separamos alguns pontos valiosos:

  1. Três personagens estão presentes no processo: no caso do Mercado Pago, é o vendedor, o comprador e o mediador (que seria o próprio Mercado Pago). No meu caso, os personagens seriam o professor, o aluno e a solução em desenvolvimento (que mais tarde ganhou o nome de Hubli).
  2. O papel do mediador: mesmo sendo um produto digital, neste exercício não são atribuídas funções necessariamente digitais ao mediador. Pensamos no mediador como um personagem, que auxilia os usuários nas funções que desejam desempenhar.
  3. Mapeamento de funções do mediador: as funções mapeadas podem ser as já realizadas pelas ferramentas digitais disponíveis ou funções que, a partir da análise do processo, são enxergadas como pontos de atuação. Por exemplo, no diagrama que desenvolvi umas das funções do mediador seria reter o material entre aulas.

Resultado

Com as ferramentas e materiais em mãos, mapeamos, com ajuda de professores e alunos, como acontece todo o processo de uma aula, desde o momento da preparação do conteúdo até o pós-aula, no qual, os alunos contatam os professores e interagem entre si. A partir disso, foram listadas tarefas e ações para cada um dos personagens do cenário.

O processo foi mapeado com foco no compartilhamento de conteúdos. Por isso, o mapa não inclui todas as atividades (possíveis) realizadas por professores e alunos. Focar o mapeamento somente nesse aspecto foi uma decisão motivada pelo fator tempo, mas é claro que ela possui a desvantagem de não ver o processo como um todo e com issso podemos perder possíveis pontos de atuação.

Início do diagrama.

A figura acima é uma aproximação do início do diagrama. Na linha do meio estão marcadas as atividades e ações do mediador, e na linha inferior estão as ações do professor.

Os post-its menores são dúvidas que tivemos durante o processo, essas dúvidas estão relacionadas com papéis dos atores dentro dos processos. Após o término do mapeamento consultamos professores e alunos para sanar essas dúvidas.

Os losangos indicam tomadas de decisões. E as setas indicam os caminhos da interação.

Após desenharmos todos os processos validamos com profissionais e a partir disso realizamos listas com as principais dores e pontos sensíveis identificados no processo. O mapa auxiliou na visualização de pontos de atuação e na identificação de features. Através desse processo, conseguimos visualizar e decidir que o nosso produto não atuaria, por exemplo, servindo como repositório para arquivos.

Espero ter ajudado! Qualquer dúvida é só avisar :)

--

--

Mariana Lech
Apple Developer Academy PUCPR

designer e adoradora de gatinhos • alumni na Apple Developer Academy PUCPR e Designer Senior no Globoplay