Screw the Guidelines
Antes de pular as ondinhas do fim do ano, vamos abrir um pacote de Cheetos Bola, deixar este maravilhoso aroma encher a sala e então conversar sobre os meus dois anos na Apple Developer Academy.
Eu consigo discernir quatro momentos bem precisos sobre minha aventura nessa jornada e basicamente este texto será um resumo dessas quatro partes de uma odisséia.
Momento 01 — Fuckyeah! We got it!
Tudo começou antes do processo seletivo, minha história conhecendo o antigo “BEPiD” ja vinha de longa data. Esse espaço de pura criação, onde as idéias mais mirabolantes (me recuso a usar a buzword “disruptivas”) receberiam todo o suporte necessário foi o combustível.
Das dinâmicas de seleção (mesmo as meio badabauê) aos primeiros dias de aula, o primeiro ano da Academy começava em ritmo de empolgação, construindo uma comunidade e espaço de ideias NUNCA ANTES IMAGINANDO NESSA INDÚSTRIA VITAL.
De um lado, tínhamos perfis diversos que se completavam entre si, diferentes intenções e habilidades que, integradas, formaram nossos “dream teams”. Do outro, muito espaço de aprendizado que, na minha opinião, se perdeu um pouco em questões sobre “como vamos seguir?”, quando, para mim, o norte deveria ser “deixe eles descobrirem o caminho”.
Era uma nova Academy e lógico que o novo iria trazer questões à se resolver. Talvez minha alma velha é que não tivesse tanta paciência de esperar e muito menos empolgação de criticar.
Momento 02 — HERE COMES A NEW CHALLENGER
Este momento se sobrepôs ao momento 01 diversas vezes. Os Challenges foram maravilhosos, foi onde mais senti a liberdade no primeiro ano. Ao mesmo tempo que os prazos e controle de qualidade nos demandavam responsabilidade, o espaço criativo e o intercâmbio de ideias potencializava nossos resultados.
Me orgulho de todos os grupos em que participei e de todos os projetos que construímos.
Se há um momento de crítica aqui a ser ressaltado é o de que ao mesmo tempo que os Challenges reforçavam nossas identidades no que poderíamos (e queríamos) fazer de melhor, a necessidade de se encaixar em certos padrões e seguir determinadas orientações limitava algumas pessoas (eu incluso).
Acredito que há uma diferença bem grande entre sermos desenvolvedores DA Apple e PARA Apple. Na minha visão, estamos ali para quebrarmos paradigmas e não para repetí-los.
Momento 03 — EUQUEROMORRÊ
O segundo ano da Academy era algo esperado por todos. Havia ali uma expectativa de…ok, usarei a palavra, “DISRUPÇÃO” que só as amarras mais “amplas” do Main Challenge poderiam proporcionar.
A alta expectativa começou com um balde de água fria pois a forma com que foram aplicados os Nano Challenges, na minha opinião, foi igual à jogar fora a água suja da bacia com o bebê dentro. Falo isso de uma perspectiva bem pessoal (como todo o texto) e de pessoas com quem tive contato.
Em termos de performance, foi minha pior fase, o ritmo dos Nano Challenges vieram num momento pessoalmente complicado e apesar de ter conseguido (com todas as colheres de chás e puxões de orelha devidamente recebidos) não foi o resultado que eu desejava, me fazendo repensar várias vezes no meu lugar na Academy. O que me levou então ao…
Momento 04 — UM POR TODOS E TODOS POR UM
Os questionamentos me levaram a pensar se eu me encaixava em tudo aquilo. De um lado, sempre soube trabalhar sob pressão, mas nunca me dei muito bem com diretrizes. E diretriz é algo que eu realmente não acho que se encaixa com a proposta da Academy.
Ao mesmo tempo em que essas questões se levantavam, a certeza de que o trunfo da Academy estava exatamente nas suas diferentes facetas, nos seus perfis diversos e na heterogeneidade dos resultados vindo dessa “química” me dizia exatamente que ainda havia muito a se fazer.
Confesso aqui (e me perdoem aqueles que por algum motivo aborreci) que, se no Main Challenge tivéssemos seguido certos protocolos recomendados, não teríamos chegado à metade do que fizemos, muito menos na qualidade que conseguimos e nos desenvolvido tanto como pessoas e em nossas relações como assim o fizemos.
O momento do Main Challenge foi uma re-afirmação de que é exatamente do caos resultante de tanta diversidade e liberdade que pode se chegar a um processo mais fluido e criativo, calcado na responsabilidade que se espera individualmente de cada um que passou por aquelas portas (ou teve que pedir a alguém pra liberar o crachá.)
Levo dessa experiência uma bagagem de aprendizado técnico, emocional e o mais importante, relações maravilhosas que despertaram novas formas de ser criativo e formas de trazer o diferente à tona.