'Quem sou eu???????' ou pode ser também 'meus erros me definem???'
Acreditem em mim quando eu to falando que não atrasei essa reflection por preguiça. Mil e uma foram as notas que escrevi rascunhando o que falaria aqui, passei Dezembro todo olhando pra uma tela em branco do Medium dizendo "Tell your story" (o que soou irônico lendo na minha posição, já conto o porque), e quando achei que não precisaria expor minhas tristezas, medos, inúmeros erros e tudo que tava lá do fundo do meu coração, achando que tinham esquecido de perceber que algumas pessoas não tinham entregue essa ainda, um aviso na parede e uma publicação no grupo dizendo que temos até hoje pra publicar a reflexão me deixou apreensivo, de novo.
A verdade é que não vou usar nenhum dos meus rascunhos e vou sentar a bunda na cadeira e os dedos no teclado e escrever diretão tudo que tá passando pela minha cabeça. Não vou usar os rascunhos porque eles foram formatados, preparados, e eu quero de verdade expor todos os meus mais sinceros sentimentos nessa reflection que, apesar de eu tar postando obrigado, to escrevendo tentando ao maximo redigir ela como se fosse um textinho que só eu fosse ler.
Tá Lucas, mas e por que toda essa introdução se justificando?
Por que eu to com medo de expor o que eu sinto e ser mal interpretado, de novo. No final do ano, (pai Binder pediu pra não expor o que fosse falado lá mas eu vou precisar pelo menos dar uns spoilerzinhos aqui se não o texto ficaria incompleto de sentido). No final do ano, todos nós sentamos pra conversas individuais e eu tava morrendo de medo de ser expulso da Academy. Eu tenho um senso de que nunca to sendo suficiente, a todo momento. Sempre me acho mais incapaz que meus pares e isso já me levou a tantas cagadas na vida que eu não sei como minha mente simplesmente não desistiu de persistir nesse erro e mudar sozinha de repertório de auto-estima. Se soma a isso o fato de eu nesse ano ter falhado em quase todos os projetos que me meti, muito porque quis abraçar todas as minhas ideias e o mundo, e tentei fazer isso com bracinhos palito de um menino que não consegue nem se exercitar direito, quem dirá ter força pra fazer uma faculdade integral, fazer a Academy a noite e trabalhar como editor e cinegrafista num estúdio no tempo que me sobrassem e que eu já não tivesse ocupando pelos trabalhos da faculdade e da Academy. Sem contar os "projetos pessoais" como longas consultas com minha psicóloga e psiquiatra pra dar um jeito nos problemas da vida que me fizeram entrar numa depressão profunda que me abala aí eu me sinto menos capaz e um ciclo se forma de me catapultar cada vez mais pra baixo e me auto-sabotar. Enfim, na conversa com o Binder comecei sendo tranquilizado que não seria expulso: 'Ufa, pelo menos na Academy fui suficiente!', porém logo depois um balde de água fria: os resultados da "pesquisa de opinião" que todos membros da Academy responderam uns sobre os outros não foram muito bons pro meu lado.
Um massivo, massivo mesmo, número de pessoas marcou que não tem a mínima vontade de trabalhar comigo.
Sabe aquela bigorna de desenho animado que cai em cima do personagem? Foi assim que eu me senti na hora. Esmagado. Moído. Já vim de um ano todo me questionando o fato de não ser suficiente em nada (afinal sou um arquiteto designer editor cinegrafista, resumindo me sinto um pato: tenta fazer tudo, não faz nada direito), dei errado e tive que sair de outras coisas que fazia na vida por não tar dando conta, foi o ano que comecei a ter que tomar remédio prescrito e controlado pra não me jogar embaixo de um ônibus, perdi muitos amigos por não conseguir levar uma vida social graças as escolhas que fiz, fui taxado de o pior designer da Academy e agora mais essa? Acho que no fundo eu sou um lixo mesmo.
Minha surpresa foi quando fiquei sabendo as razões que muitos marcaram essa opção pra mim: muita gente me considera detentor de um ego muito grande, imagina que não sou bom lidando com críticas e que me justifico demais. (Pausa aqui pra você cara(o) leitora(o) perceber o porque de ser irônico eu ler o Tell your story aqui, ou ter que refletir sobre o ano justamente pós ouvir que me justifico demais. Minha vontade de me abrir, contar minha historia, as razões pelas quais eu ajo como ajo e tudo mais cairam lá pra baixo do universo pós ouvir que me justifico muito. Por isso o atraso em postar essa. Por isso o medo de ser mal interpretado, de novo). Mas vamos lá. Logo eu? A pessoa mais insegura do universo sendo taxada de metida e certa de si? O que eu to expondo pras pessoas, dels? Percebi que apesar de eu saber como eu sou, o que eu mostro pro mundo é quase diametralmente oposto, e nessas férias eu corri atrás de descobrir o porque disso.
De verdade, eu não fazia ideia que o que eu expunha pras pessoas passava essa ideia. Minha meta de 2018 é mudar isso. Começando por uma coisa muito simples, mas que eu percebi que ajuda muito na construção da personagem Lucas Maquiavélico. Estava eu um dia no Tinder, conversando com os matches vendo se não ia rolar umas trocas de saliva quando recebo a seguinte mensagem:
Ponto 1. Já descobri algo que me afasta das pessoas. Desde criança meus pais sempre falaram pra todo mundo com orgulho que eu era um bebê com dicção perfeita, que nunca pulei erres ou troquei letras e eu sempre tive uma paixão por conhecer vocábulos e usar de forma correta. Acontece que meu vocabulário assim passa a ideia de eu ser sempre um escroto, e apesar de eu não corrigir ninguém, só o fato de eu falar igual o Professor Pasquale já me dá uma aura negativa.
Ponto 2. A verdade é que eu exponho uma pessoa segura de si, confiante, que nada abala, mas justamente por ser o completo contrário disso. Explico. Eu tenho medo de me expor fraco, inseguro, que não acredita em si mesmo. Eu me fecho em mim mesmo pra evitar de me expor por medo, porque eu sei os inúmeros defeitos que tenho. Mas fazendo isso eu pareço uma muralha. Sou horrível nisso de me expor. Perdi grandes amigos por isso. Eu me faço passar por alguém chato demais já que as pessoas já me olham como alguém com o ego desse jeito, aí pra ajudar sou detalhista e perfeccionista quando me importo com as coisas então puf, tá feita a cagada.
Agora soma esses dois pontos ao fato de eu ser meio pato. É logico que qualquer um olhando pra mim, vendo alguém que parece se garantir e ter um ego grande, mas quando vai ver o resultado do trabalho não é tudo isso, vai achar tudo isso aí que acharam de mim.
Ponto 3. Eu sou zero sucinto.
Eu gosto de me fazer ser entendido. Por isso é frequente que eu faça 3 ou 4 analogias pra explicar como se faça um miojo, ou que eu fale por horas e horas sobre assuntos que todo mundo já entendeu, mas eu me empolguei e quero ficar falando sobre por não perceber que tá todo mundo cansado de ouvir. Mundo, me desculpa por isso. Eu percebi que isso é um grande defeito meu, e além de as pessoas acharem que eu fico sempre me justificando quando na minha cabeça eu to só tendo um diálogo, ninguém tem paciência pra isso. Eu já to tentando mudar, eu juro.
Por essas razões eu percebi que não sei quem eu sou. Eu sei quem eu acho que sou, mas não sei quem eu mostro ser ou quem eu sou de fato no dia-a-dia. Descobri que a pessoa que eu mostro ser não é alguém que eu sinto orgulho, e ainda bem que eu sei que não sou essa pessoa. Nesse 2018 minha meta é fazer diferente, evoluir muito mais do que ja evoluí nesse ano e terminar o ano sabendo que quando as pessoas olham pra mim, não veem alguém intimidador, mas sim alguém legal e tranquilo, e que se pode levar uma relação se abrindo já que eu espero até o fim do ano ter aprendido a fazer o mesmo.
Como adendo final nessa reflexão (que não teve nada de técnica e nem mencionei os apps em si) cabe alguns pedidos de desculpas. Eu sei que errei muito nesse 2017 e mesmo que pra você citado aqui em baixo eu não tenha errado, não sei, pode acontecer, saiba que é algo que eu preciso fazer pra começar o ano com a minha consciência tranquila.
Mateus. Desculpa não ter te deixado organizar as coisas do app do primeiro challenge da tua forma. Mesmo eu discordando deveria ter deixado você ocupar teu posto e só apaziguado nossas discussões ao invés de ter posto mais lenha e desgaste na fogueira.
Júlia. Desculpa não ter me comunicado de forma certa com você. Ter feito brincadeiras que te deixaram numa posição de se ver como "Designer Senior" mesmo e não ter sido nem um pouco o parceiro designer que nossa equipe precisava. Eu continuo te achando a designer mais foda do universo e uma das meninas mais maravilhosas que já conheci.
Nicole. Eu sei que em algum momento do ano passado te falei algo que você não gostou. Você mudou sua forma de agir comigo e com isso percebi que algo deve ter acontecido. Eu te admiro demais enquanto a mulher forte e incrível que você é. Seja o que for que eu tenha te falado, espero que me perdoe e que não tenha sido algo grave demais.
Bruna Meister. Desculpa não ter dado tantos rolês com você haha. Você sabe o quanto eu me importo e te amo de verdade. Tu me entende e tuas piras comigo me ajudam demais a superar essa vida toda. Por mim eu sairia com você todo dia.
Pedro. Desculpa por ter te cobrado uma amizade muito maior do que a que você tava em condições de dar. Eu sei que muito de onde eu cheguei em 2017 foi graças a você, que me motivou demais e me fez enxergar coisas em mim que eu nem sabia que existiam. Se a gente nunca mais se falar quero que pelo menos saiba que você foi e é muito importante pra mim e eu te aprecio muito. PS: obrigada mesmo por ter me feito assistir Harry Potter pela primeira vez na vida.
Loriên. Desculpa se nesse nosso último challenge você se sentiu muito pressionada a fazer o roteiro do jogo. Tinhamos deadlines e eu acabei me preocupando demais.
No mais, quero pedir desculpas a todos que acharam que eu tive alguma atitude de um ego grande demais nesse ano, e pedir que me deem mais uma chance, estou mesmo tentando aprender com meus erros e espero poder mostrar pra vocês o quanto eu admiro e tenho carinho por todas essas carinhas fodas que habitam a Academy.
Que venha um 2018 incrível pra todos nós.
