Aquele do Happn

Isadora França
Aquele que foi…

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  • Já fazia alguns meses desde minha última transa. A relação que durou quatro meses se findou com um grande sumiço por parte do Vitor. Na cama era uma química sensacional, mas me gerava um cansaço intelectual que depois me levou a pensar que foi melhor assim. Não havia tempo para gastar com playboy “bolsominion”. Como diriam algumas amigas: “Durou até demais”.

Voltei para o Happn. Nesse jogo de arrasta para um lado e para o outro, acabei conhecendo o Cris. Já com seus 40 anos, viajado, comunicativo, um pouco diferente do cenário de héteros capixabas. A conversa foi relativamente boa e ele foi super inteligente de não deixar meu interesse sumir e logo me chamar para fazer algo. Marcamos uma praia. Ele até então estava acertando em cheio.

Quando cheguei ao local marcado, logo avistei o Cris. Ele era loiro bem alemão, cabelo médio e que brilhava naqueles raios de sol. Parecia que ele havia saído de uma propaganda de shampoo. Era bem alto e atlético. Desde já minha boca começou a salivar. Fiquei imaginando como poderia ser a pegada dele, o beijo… tudo.

O cumprimentei e seguimos para a areia. Ele tirou a camisa e pediu que eu passasse protetor solar em suas pernas e costas. Ele também se ofereceu para passar em mim, mas por alguma ironia, neste dia fiquei extremamente tímida. Eu estava no auge da beleza de minhas curvas. Estava treinando como ninguém e a alimentação estava toda certinha. Disse a ele que não precisava. Conversamos o tempo inteiro sobre a vida, trabalho, Porto Alegre, relacionamentos anteriores, e o que tinha nos levado a estar ali naquela rede social. Ele perguntou se eu estava procurando um namorado. Falei que essa ideia de “procurar” me incomodava um pouco, pois parecia que eu tinha que estar naquela rede com um objetivo. Não havia um objetivo tão específico. Se rolasse de conhecer alguém bacana, ok! Dava para ver no que ia dar.

Ele de cara falou que não estava buscando relacionamento sério. O que ao meu ver era super válido e achei sincero da parte dele me “avisar” antes de acontecer qualquer coisa. Seguimos o papo e ele me chamou para tomar um banho de mar. No medo mesmo eu fui. Ele ficou vigilante e cuidadoso o tempo todo. Nosso primeiro beijo foi no mar. A água estava deliciosamente fria, o sol estava muito quente e o beijo foi providencial para aquela vontade que se arrastava desde o nosso papo na areia. Ele encaixou minhas pernas em sua cintura e o nosso tempo parou ali. Senti o seu pênis pulsando e minha vontade de sentar ali só aumentava.

Voltamos para areia, trocamos muito mais beijos, demos alguns outros mergulhos no mar, e por fim, ele me chamou para almoçar. Fomos até Vitória e depois fomos para o apartamento dele. Continuamos nosso beijo com os corpos eriçados de areia e bronze daquele dia ensolarado.

Ele se aproximou, tirou meu biquíni e me conduziu até o chuveiro. Me deu banho ensaboando todo meu corpo com cuidado. Lavou meu cabelo com seu shampoo que tinha uma fragrância conhecida, mas que no momento eu não recordava. Ele brincava com seus dedos entre minhas pernas e eu incontrolavelmente gemia. Tinha muito tesão naquela situação. Depois de me dar banho, ele me levou até o quarto e fizemos o melhor sexo que aquele dia podia proporcinar. 1, 2, 3 vezes. Ele me deu canseira e notoriamente ele queria mais. Só que eu estava exausta do dia de praia. Era humanamente impossível eu ter mais algum orgasmo. A cama dele estava ensopada e senti um grau de satisfação vendo ele olhar a cena dos nossos corpos nus, suados e visivelmente satisfeitos.

Meu sorriso ia fácil de um lado até o outro. Era o sorriso que dizia “esse-cara-me-fez-gozar-como-eu-mereço”.

Assistimos um filme e eu levantei já sinalizando que iria me vestir para ir embora. Ele pegou a chave da moto indicando que me levaria. Apenas dei um beijo e fiz ele sentar. “Fica aí com a lembrança desse dia. Preciso refletir um pouco no caminho”. Ele riu com ar de preocupação.

“Tá tudo bem?”.

“Tá melhor que bem.”

Chamei o Uber e fui. Depois disso ele tentou marcar outras vezes e nossas vidas foram atravessadas por outros acontecimentos e outras pessoas.

Depois de quase dois anos, nos falamos uma vez ou outra. Fica o suspiro da lembrança que foi foda pra caralho (literalmente).

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Isadora França
Aquele que foi…

Maranhense. Bióloga, amante da arte, da escrita, dança e fotografia. Não necessariamente nessa ordem. Escrever é meu consolo