O meu Dark side of the moon

Isadora França
Aquele que foi…
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3 min readOct 20, 2019

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Foda-se a cronologia dos eventos. Minha lua em peixes deixou meu ascendente em virgem de lado e decidi escrever a série sem uma ordem cronológica. Vamos chamar essa ordem de “me-deu-na-telha-e-fiz-assim”.

Com certeza tu vais saber que essa história foi pra ti, quando ler o título. Sei que já te escrevi carta, sei que a gente se fala quase todos os dias, mas queria deixar registrado bem aqui como a nossa história começou a partir da minha visão.

Cheguei em Porto Alegre em 2013, afoita por fazer amizades e começar a nova vida acadêmica. Cheia de expectativas e uma ansiedade tremenda para que tudo acontecesse logo em minha vida.

Não é difícil falar das pessoas que se tornaram memoráveis para mim daquela época, pois poucos foram receptivos e queridos como tu.

Se passaram uns seis meses até a gente quebrar a primeira barreira da timidez e começar a marcar pra sair em grupo. Ainda não éramos super amigos naquela época, mas eu já sentia uma coisa boa em relação a você. Mediunidade é um saco, né? Quase 100% das minhas relações são construídas a partir de como me sinto perto da pessoa. Então foi isso, alguma coisa me dizia que você era daquelas pessoas que eu deveria manter por perto.

A verdade mesmo é que nunca tinha cogitado da gente ficar, porque tinha todo aquele rolê doido de você gostar da Maria, que gostava do José que não gostava de ninguém (ou gostava de todo mundo). Então o que aconteceu foi de fato muito natural.

Acho que era uma sexta feira de agosto, um dia que tradicionalmente acontecia o Rock ‘n Bira no bar Opinião. Lembro que esse dia ia ter cover de Guns ‘n Roses, Pink Floyd e outras duas bandas que não recordo agora por motivos de cachaça. O Rock ‘n Bira é um evento o qual é marcado por apresentação de covers de clássicos do rock. Acontecia 1 vez por mês nesse bar e era open bar, ou seja, a desgraça tava feita.

Marcamos de ir em grupo e nesse dia eu era a única mulher entre os guris. Desce vodca, desce whisky, o espírito ragatanga começou a tomar conta de mim. Daí quando encarna a Soraya Fisher (apelido dado por Rodrigo para a Isadora bêbada) já sabe né? É perda total.

A banda que tocava era Pink Floyd e eu tenho certeza que foi o dia em que eu consegui que você fizesse o ato mais anti virginiano e insano pra você. Minhas sinceras desculpas por ter segurado sua mão e envolto na minha cintura fazendo você descer até o chão comigo. O “vocês achavam que eu não ia rebolar minha bunda hoje?” ainda nem era popular e a gente já hitava. Mas estávamos lá, dançando Money como se fosse boquinha da garrafa. Eu te fazendo passar uma das maiores vergonhas da sua vida, enquanto éramos julgados sob olhares da galera que tava lá só pra ver o show. Mas quer saber? Fizemos história pra contar para os nossos netos. Hahahha!

Fomos para a minha casa, te dei umas marcas e na segunda você apareceu com um lenço no pescoço. Desculpa por isso também. Nessa época eu era meio vampira.

Seis anos se passaram, nos aproximamos mais, você continua me dando esporro pelos boys lixo, e eu continuo achando que aquele plano de uma casa na praia e dois cachorros é sensacional. Com certeza tu és um dos poucos caras com quem eu fiquei e marcou como algo bom na minha vida.

PS: Te amo, mas se tiver com amiguinhas, vai tomar no seu cu.

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Isadora França
Aquele que foi…

Maranhense. Bióloga, amante da arte, da escrita, dança e fotografia. Não necessariamente nessa ordem. Escrever é meu consolo