Algum fio se soltou
Algum tecido se desfiou
Que parte foi
Já não sei
Mas ficou um vazio
Um espaço não preenchido
Um recuo
Um silêncio
Uma distância
Um aperto chegou
Invadindo o peito
Deixando ardor na garganta
E uma dor no cardíaco
De repente, se fez um buraco
Que assumiu um lugar
Que estava trancado
Havia um cadeado
Ainda tentava compreender a felicidade que era abri-lo
Desfrutar desse novo lugar
E agora a tristeza assumiu a poltrona
Nem consegue fechar o cadeado
Porque o segredo não é o mesmo
Não sei se precisarei desvendar esse código
Mas uma força me chama para olhar
Para algo dolorido
Que parece destruir meu corpo
Assume lágrimas em meus olhos
Dilacera meu estômago
E eu não sei lidar com isso
Eu entrego ao criador
Que transmute o que necessário for
Sei que é tudo uma visão de mundo
E a minha parece estar estreita
Já não cabe nesse modo de viver
Desejo expandir
Para olhar
Para ver
Enxergar o que ainda não vi
Sair do lugar que me coloquei
Desprender de segredos que minha alma precisou colocar em cadeados
E libertar me de qualquer ilusão egóica, romântica e castradora do SER
Eu sou, eu sou, eu sou
Decreto a liberdade
Decreto a alforria
Liberto-me para o amor
