“Ad Astra” — rumo às estrelas

Marcelo Sandoval Gasch
Araetá
Published in
3 min readMay 4, 2020
Cartaz de Ad astra no Brasil

Estrelado pelo renomado Brad Pitt e dirigido por James Gray, Ad Astra apresenta a história de Roy McBride, um engenheiro espacial que decide ir até Netuno à procura de seu pai, ao mesmo tempo que tenta lidar com o conflito entre sua legacia e sua ausência paterna. Em um contexto de ficção científica dentro de um futuro próximo, o longa propõe varias interessantes especulações sobre os caminhos que a humanidade pode seguir quanto à exploração espacial.

Embora, desde seu lançamento, em setembro de 2019, tenha recebido avaliações divididas o que não se pode negar sobre o filme é sua excepcional fotografia de um ambiente espacial e uma ótima performance de seu ator principal. No entanto, com um ritmo lento e contemplativo e um arco de história sem muito foco em algumas instâncias, Ad Astra serve como mais um exemplo da necessidade de atenção em todos os pilares de um filme para evitar que caia na mediocridade.

O filme engancha quem o assiste logo no começo com cenas de ação e uma interessante premissa, mas por causa de uma deficiência narrativa, conforme chega mais perto de sua trama principal, parece decair. Sua ação é substituída pela vagarosa passagem de tempo, que faz um ótimo trabalho ao servir como analogia para uma viagem espacial, mas acaba com o entusiasmo de boa parte da audiência. Isso, em conjunto com a personalidade introspectiva do protagonista, deixa vários espaços silenciosos, de tempo em tempo preenchidos por um monólogo interior, o qual surpreendentemente não se torna um dos aspectos negativos, por não cair no cliché e ser bem utilizado para a exposição das motivações de Roy McBride.

O conflito interno do protagonista é lidar com o amor por um pai ausente, considerado desaparecido por 30 anos, que também é um herói nacional que agora possivelmente esteja vivo e seja a causa de sobrecargas que ameaçam toda a humanidade. Já o desenvolver da história se monta nesse conflito, para apresentar uma delicada situação política ao precisarem de McBride na missão para Netuno, com o objetivo de acabar com os impulsos, ao mesmo tempo que não o confiam com informações cruciais, por motivos sigilosos, e se preocupam com seu envolvimento emocional. Todavia, vários momentos que aparentaram férteis para o cultivo de uma evolução pessoal não foram aproveitados, proporcionando ao filme uma conclusão pouco satisfatória em relação à mudanças.

Por fim, o foco no estado mental do protagonista trouxe pontos interessantes, como um futuro que lida com tratamentos psicológicos de forma completamente artificial. Mas, faz de sua jornada algo muito menos palpável pela audiência que, assim, ao refletir sobre o longa, sem os belos visuais para entretê-los, observa um final extremamente semelhante ao começo e se sente como se nada daquilo que assistiu para chegar a esse ponto tivesse valor.

Eu

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