‘Amazônia’
A floresta sob o olhar e clamor de Sebastião Salgado
Por Antonio Negrisoli
Chegou à São Paulo, em 2022, a exposição “Amazônia”. Fruto do trabalho de sete anos (2013 a 2019) de Sebastião Salgado, o fotógrafo exibe cerca de 200 fotos, um estudo do bioma amazônico, suas diversas faces e os povos indígenas que a habitam. A exposição tem curadoria de sua esposa, Lélia Wanick Salgado.
“A Amazônia deve viver. Este não pode ser o registro de um mundo perdido” — Salgado.
Além de uma majestosa homenagem à Amazônia e a beleza da região, a obra é antes de mais nada, um clamor por sua preservação. Para tal feitio, Salgado passou temporadas junto de doze comunidades indígenas isoladas, navegando pelo rio Amazonas e seus afluentes rumo à vastidão da floresta.
O que mais impressiona em sua obra é a imensidão do bioma amazônico e suas inúmeras texturas representadas nas fotografias que chegam a aguçar todos os sentidos dos observadores, não somente a visão, em grande medida devido ao notável trabalho de cenografia de Lélia Wanick Salgado, cuja intenção era criar um ambiente em que o visitante se sentisse dentro da floresta, imerso em sua vegetação e no cotidiano das populações locais. A exposição se utiliza de uma criação sonora do francês Jean-Michel Jarre - baseado em sons da floresta, além de outras obras como por exemplo “Erosão — Origem do Rio Amazonas” de Villa-Lobos. O bioma Amazônia representa praticamente metade do território brasileiro, tais dimensões colossais evidenciam o desafio enfrentado pelo fotógrafo e sua obstinação em representá-lo de maneira totalizante.
Uma importante parte da exposição é dedicada à vida e tradições de 12 povos amazõnicos, incluindo os Yanomami, Asháninka, Yawanawá, Zo’é, Korubo, Marubo e Awá. Desta maneira, Salgado da nomes e rostos às pessoas da floresta, por meio de vídeos, ouvimos depoimentos de líderes destas populações e seu clamor por políticas públicas que impeçam as invasões de seus territórios e consequente ruina do bioma amazônico.
“Se há um paraíso na Terra, este paraíso é a Amazônia” — declara Salgado.
Destarte, a exposição traz um certo pedido de socorro urgente, e a necessidade de se olhar a Amazônia, este bioma tão desconhecido e misterioso para muitos, e os sérios danos ambientais frutos da exploração desenfreada.
Após vermos os mais de 200 registros fotográficos da exposição, é impossível não sairmos tocados pela imensidão da floresta e os segredos que ela guarda e a necessidade de se refletir sobre as questões ambientais e sociais da Amazônia.
Vá lá!
A exposição estará em São Paulo de 15 de fevereiro a 10 de julho de 2022 no Sesc Pompeia — Rua Clélia, 93. A entrada é gratuita e livre.