Amin, o refugiado

‘Flee — Nenhum lugar para chamar de lar’

Gisele Kostka
Araetá
5 min readMay 16, 2022

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Gisele Kostka Müller de Oliveira Gomes

O documentário em formato de animação “Flee — Nenhum Lugar Para Chamar de Lar” foi lançado no dia 21 de Abril de 2022 e pode ser assistido nos cinemas. Escrito e dirigido por Jonas Poher Rasmussen, o documentário trata da vida de Amin, um jovem que teve que fugir do Afeganistão (seu país de origem) por conta da tomada de poder na época. A animação na verdade se trata de quando Amin já conseguiu se instalar na Suécia e está quase casando com seu namorado, porém o namorado passa a questionar o porquê dele não contar muito sobre seu passado, assim Amin decide desabafar com seu amigo Rasmussen sobre tudo que passou e o porquê de não poder realmente contar tudo para seu futuro marido.

Amin e Rasmussen -“Flee — Nenhum Lugar Para Chamar de Lar”.

A partir disso, Amin começa falando de tudo que vivia no Afeganistão e como sua vida era tão tranquila até precisar fugir. A primeira coisa que deu errado foi quando os soviéticos invadiram o seu país e prendem o seu pai, por ele ser um militar e piloto de avião. Com isso, Amin passa a viver apenas com suas duas irmãs, sua mãe e sua avó. Porém o pior ainda estava por vir…

Um tempo depois os mujahedins tomam o poder no Afeganistão e a família de Amin vê a necessidade de fugir antes que algo pior aconteça. Assim eles vão para Moscou, porém percebem que foi uma péssima escolha, já que os soldados soviéticos fazem o que querem com eles, justamente por estarem lá de forma ilegal. Então como Amin tem um irmão que mora na Suécia em boas condições, eles resolvem fazer de tudo para conseguir sair de lá, onde eram constantemente maltratados. O único problema seria que como eles fugiram de seu país não poderiam ir de maneira legal senão teriam que voltar. Assim eles resolvem recorrer ao tráfico de refugiados para conseguir chegar, o que faz com que eles se separem e sejam tratados como animais na mão dos traficantes. A primeira tentativa não dá certo, porém na segunda Amin consegue sair do país com um passaporte falso, o que faz com que ele saia com segurança. O único problema é que seu destino é trocado com outro menino que estava fugindo junto com ele, então ele acaba indo para a Dinamarca e assim aprende a viver lá.

Uma cena muito marcante é quando Amin está tentando fugir com sua mãe pela primeira vez na mão dos traficantes em um barco que com certeza não é o adequado para aguentar o tanto de pessoas que estava nele. E tem um momento em que o barco começa a afundar, assim um cruzeiro passa do lado deles e ao invés dos passageiros ajudarem, eles começam apenas a fotografá-los e filmar a situação como se eles fossem animais em um zoológico, demonstrando como as pessoas que mostram essa situação nas redes só querem ter alguma matéria para ganhar mídia e nem pensam em realmente ajudar essas pessoas.

Cena do barco-“Flee — Nenhum Lugar Para Chamar de Lar”.

Muitos pontos mostrados no documentário são extremamente importantes e o principal deles na minha opinião seria o quanto essas pessoas sofrem por apenas tentar viver em condições razoáveis. Isso demonstra os privilégios que temos e faz com que nós passemos a entender melhor a situação dos refugiados e tentemos nos colocar por um segundo no lugar deles. Além disso, nos traz a necessidade de tentar ajudá-los.

Outro ponto que eu acho importante destacar seria o fato de Amin ser gay e mesmo tendo uma família afegã, quando ele decide contá-los que é, eles levam numa boa dizendo que já sabiam. Os afegãos normalmente tem um preconceito enraizado com pessoas LGBTQIAPN+ por conta de sua religião, e durante o documentário o próprio Amin diz sobre como achava que ser gay era uma doença e que ele precisava se curar para não ter que contar para seus familiares. O filme trata desse assunto com extrema delicadeza e nos faz refletir sobre como existem tantas outras coisas que devemos nos preocupar ao invés de julgar alguém pelo que essa pessoa é e tornar isso um problema.

Por fim, acredito que outra mensagem passada pelo documentário seria a da necessidade que qualquer um de nós temos de resolver os conflitos do passado para aí sim conseguir seguir em frente e não ficar remoendo, criando assim traumas e problemas psicológicos (que são muito presentes na sociedade hoje em dia).

Vale muito a pena assistir!

Cartaz do filme “Flee — Nenhum Lugar Para Chamar de Lar”.

Onde? O filme foi lançado no dia 21 de abril nos cinemas do Brasil e ainda está em cartaz

Quanto? O preço varia de cinema para cinema porém pode ser encontrado em média:
a inteira por R$ 30,00
e a meia por R$ 15,00

Quando? Está em cartaz por tempo indeterminado nos cinemas e o horário também depende do cinema porém se você for em qualquer um provavelmente encontrará diversos horários diferentes do dia para escolher o melhor.

Foto tirada na FAAP, depois de assistir o filme em uma palestra com Fernanda Magnotta, Carlos Eduardo Batalha e Humberto Neiva.

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