‘Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore’

Filme ‘não é nem um prelúdio, nem uma continuação da série Harry Potter, mas uma extensão do mundo bruxo’, diz J.K. Rowling, a autora da saga

Leticia Gouveia
Araetá
10 min readMay 13, 2022

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Por Letícia de Noronha Gouveia

Poster do filme
Pôster do filme

“Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” é o terceiro filme da saga de Animais Fantásticos, que é derivado da séria “Harry Potter”, sendo ambientado anos antes dela e tendo várias referências a ela ao longo dos novos filmes, mesmo a autora J.K. Rowling tendo afirmado que “‘Animais Fantásticos’ não é nem um prelúdio, nem uma continuação da série ‘Harry Potter’, mas uma extensão do mundo bruxo”.

“Os Segredos de Dumbledore” ocorre na década de 1930, durante a Segunda Guerra Mundial que ocorria no mundo trouxa, onde o habilidoso bruxo Albus Dumbledore vê-se diante de um enorme problema chamado Gellert Grindelwald, sua antiga paixão da juventude e atual bruxo das trevas poderoso.

Com os movimentos de Grindelwald para assumir o controle do mundo mágico e sendo impossibilitado de atacá-lo diretamente devido a um pacto de sangue, Dumbledore envia o magizoologista Newt Scamander junto com sua assistente, Bunty, seu irmão, Theseus, uma professora de feitiços, Lally, um trouxa padeiro, Jacob, e Yusuf Kama em uma perigosa missão para tentar impedir o bruxo das trevas de conseguir o que quer.

Trailer do filme

Em minha opinião, “Animais Fantásticos: Os Segredos de Dumbledore” é o melhor da franquia até o momento, ele é um filme que tem muito sobre política, mas ao mesmo tempo tem diversos momentos divertidos e outros muito emocionantes. Embora a opinião de muitos críticos seja negativa sobre esse filme, eu acredito que ele possui uma história interessante e que prende a atenção, principalmente para a maioria dos fãs de carteirinha da saga de Harry Potter.

Logo no início do filme, somos apresentados a uma criatura chamada Qilin, vinda da mitologia chinesa, que é capaz de enxergar tanto a bondade e a pureza, quanto a maldade e o ódio das pessoas. Existe uma lenda, tanto no mundo bruxo como no mundo trouxa (maneira como os bruxos chamam as pessoas que não possuem magia), que essa criatura surge com um novo governante ilustre do mundo.

Nos primeiros minutos, Newt surge em uma floresta onde há uma Qilin fêmea que está dando à luz para ajudá-la, sendo surpreendido pelos seguidores de Grindelwald, que aparecem logo após o nascimento do filhote e estavam atrás dessa criatura. Eles atacam a mãe e Newt tenta proteger o filhote a todo custo, mas os seguidores conseguem capturar o filhote e vão embora, deixando um Newt atordoado para trás. Quando o magizoologista retorna até a Qilin mãe, que estava em seus últimos momentos de vida, ele encontra outro filhote, percebendo que ela havia dado luz a gêmeos.

Essa cena é de partir o coração, porque a Qilin mãe está morrendo e logo antes disso realmente acontecer, uma lágrima cai de seu olho. A forma como o Newt abraça o filhote mostra como ele é com as criaturas, essa é uma das minhas características favoritas nele, esse carinho que ele tem pelas criaturas mostra muito a essência do personagem e torna a cena muito mais emocionante.

Newt com o Qilin filhote no colo

E o momento triste não acaba por aí, pois o Grindelwald pega o Qilin que seus seguidores sequestraram e corta a garganta do filhote. O Gellert é uma pessoa que gosta de maltratar criaturas, podemos ver isso no filme anterior também, quando ele joga uma criatura pela janela, e isso mostra o quão cruel ele pode ser. Mais para o final do filme, ele zumbifica o Qilin morto para ser usado ao seu favor na escolha do líder da Confederação Internacional dos Bruxos.

Porém ele é desmascarado quando Newt revela o outro Qilin que estava com ele e essa é outra cena de partir o coração, o momento em que o filhote começa a tentar chamar a atenção do irmão, que já não está mais vivo, e o Newt falando para ele que o outro não pode mais ouvi-lo, que talvez em outro lugar ele consiga.

Newt com o Qilin mais uma vez

Então o verdadeiro Qilin faz o que é chamado de “A Caminhada do Qilin”, que ocorre para escolher quem é o verdadeiramente digno e puro. Mas ao invés de ir até os candidatos, o filhote vai até Dumbledore, que fica assustado e tenta negar aquilo. E isso é muito interessante, porque o Albus sempre teve um problema com poder, ele sabia como o poder havia seduzido ele quando mais jovem, mostrando o quanto ele rejeita isso e o quanto ainda dói nele tudo que aconteceu no passado por conta de poder. Então ele argumenta com o Qilin sobre o fato de que dois deles haviam nascido aquela noite e que com certeza havia outra pessoa com o coração puro.

E é nesse momento que Vicência Santos, interpretada por Maria Fernanda Cândido, a ministra da magia do Brasil, é escolhida pelo Qilin para ser a Cacique Suprema, chefe da Confederação Internacional dos Bruxos. Embora a personagem tenha tido pouco tempo de tela, o que já era de se esperar, já que a história principal não é sobre ela, os momentos que Vicência aparece são muito importantes, ela não abaixou a cabeça em nenhum momento para Grindelwald e no final foi a escolhida. E além dessa grande representatividade do Brasil no mundo bruxo, o nosso país ainda aparece em uma cena rápida, mesmo quando achávamos que isso não iria acontecer devido a mudança de roteiro que ocorreu por conta da pandemia. Eles ainda mantiveram um pouquinho para aquecer os corações dos fãs brasileiros.

Momento em que Vicência vai contra Grindelwald e desfaz a maldição Cruciatus (feitiço de tortura) que foi lançada em Jacob

Outro ponto que eu gostei bastante foi o fato de os personagens estarem mais separados, já que cada um foi dividido em uma missão, formando pequenos novos núcleos e nos permitindo ver um pouco mais das relações dos personagens. Por exemplo, a relação do Newt e do Theseus foi mais explorada nesse filme do que no anterior, onde cada um estava de um lado, e é muito bom ver essa interação deles, sendo que algumas são as mais engraçadas do filme.

Newt e Theseus tentando fugir de uma prisão infestada de criaturas

Já o Jacob roubou a cena em alguns momentos desse filme, ele ainda continua sendo o trouxa engraçado dos primeiros filmes, mas neste ele enfrenta Grindelwald chamando-o de assassino na frente de um monte de bruxos, mesmo ele sendo um trouxa e não tendo nenhuma chance contra magia. Ele até chega a ameaçar Gellert com sua varinha falsa, dada por Dumbledore para despistar as pequenas visões sobre o futuro do bruxo das trevas, e, mesmo sabendo disso, ele foi lá e fez. Isso mostra o quão corajoso ele é.

A nova personagem, Eulalie Hicks, foi uma grande adição ao filme. Ela é uma bruxa muito habilidosa e interessante. A cena dela salvando o Jacob após o jantar dos candidatos é simplesmente fantástica.

Agora falando sobre a troca do ator de Grindelwald, Mads Mikkelsen foi uma ótima escolha para o papel. Eu gostava muito do Johnny Depp como Gellert, ele era muito carismático, mas o Mads realmente transmitia a essência do personagem, ele é intimidador, frio e manipulador.

A esquerda temos os Grindelwald do Johnny Depp e a direita temos o de Mads Mikkelsen

Outro momento do filme que eu gostei foi de como a história da família Dumbledore foi explorada. E a luta de Albus e Aurelius é muito boa, é incrível o quão poderoso Albus Dumbledore é e isso fica claro nesse filme. Mas a melhor parte sobre a história deles foi quando Grindelwald lança a maldição da morte contra o Aurelius quando ele se vira contra o bruxo das trevas e os irmãos Dumbledore, Albus e Aberforth, lançam um feitiço de proteção ao mesmo tempo, o que resulta no pacto de sangue entre o Albus e Gellert sendo quebrado. Esse momento foi uma clara referência ao que aconteceu no passado dos dois, mas eles não conseguiram salvar a irmã naquela época, diferente desse momento em que eles protegem o Aurelius.

A verdadeira origem do Aurelius também foi um ponto bem interessante nesse filme, já que a maioria imaginava que ele era um irmão perdido dos Dumbledore, quando na verdade ele é o filho de Aberforth. E essa foi uma informação que foi colocada de uma forma tão natural que fez total sentido, ele ser sobrinho do Albus deu muito mais sentido à história toda. Eu preferia que a teoria da pedra filosofal fosse real? Sim, pois seria muito boa, mas isso não significa que foi ruim da maneira que foi.

Aurelius e Albus durante o duelo dos dois

Quando Albus Dumbledore conta a história da irmã falecida dele foi um momento sensacional, mas eu acho que poderia ter alguns flashbacks nessa cena, assim como em outros momentos do filme, mas por conta das críticas do filme anterior, eles decidiram não colocar.

A “cereja do bolo’ para mim nesse filme foram as cenas intensas de duelos, em Harry Potter nós não tínhamos tantas cenas de duelos intensas como teve em Os Segredos de Dumbledore. A melhor das cenas de luta foi quando Dumbledore e Grindelwald se enfrentaram logo após a quebra do pacto de sangue, esse foi um duelo espetacular. Não foi uma simples luta, teve aquele contato dos feitiços, fazendo uma ligação entre as varinhas, que ficou clássica nos filmes de Harry Potter, mas eles fazem movimentos que parecem uma mistura de magia com artes marciais. E, um detalhe dessa luta, fica claro que mais ninguém presenciou ela, já que eles pareciam estar dentro de uma redoma, em que o tempo parou, e para as pessoas de fora é como se tivesse passado um milésimo de segundo.

Dumbledore e Grindelwald lutando um contra o outro

E falando em Dumbledore e Grindelwald, a química entre os dois atores, do Mads Mikkelsen com o Jude Law, foi simplesmente perfeita. Vendo como a relação deles foi explorada nesse filme, fica muito claro que eles tiveram um relacionamento numa altura da vida e as marcas que isso deixou. E tem uma mensagem muito forte no filme que muitas pessoas conseguem se identificar, que foi a forma que o Grindelwald manipula os sentimentos do Dumbledore. No final do duelo dos dois, o Gellert fala que agora ninguém mais vai amar o Albus e dá para ver o como isso afetou ele, pois no final, com um casamento acontecendo, o Dumbledore fica do lado de fora, apenas olhando, como se não fosse digno daquilo.

Uma junção dos pôsteres de Grindelwald e de Dumbledore

Uma das coisas que eu senti falta nesse filme, foi uma trilha sonora mais original. Eu achei que foram usadas muitas trilhas dos filmes de Harry Potter e dos Animais Fantásticos anteriores. Não foi realmente algo tão ruim, foi bem nostálgico quando alguma música de Harry Potter tocava em uma cena, mas eu acredito que poderia ter tido mais sons originais para esse filme, já que não teve nenhum realmente marcante.

Outro ponto que eu senti falta, foi o sumiço sem explicação da personagem Nagini, que foi introduzida no filme anterior e tinha uma certa importância. Ela não apareceu nesse filme e não foi mencionada em nenhum momento, sem ter uma explicação para esse sumiço. Eu não senti falta realmente enquanto eu assistia ao filme, porém me questionei sobre ela quando fui analisar melhor. A maioria dos fãs queria saber como a Nagini passa de uma pessoa aparentemente boa, para uma cobra sanguinária que seguia o Voldemort.

Outros personagens também não apareceram, mas não foi deixado uma ponta solta sobre eles ou então foi explicado o porquê eles não estarem nesse filme, como foi o caso da Tina Goldstein, que teve uma participação pequena nesse filme, sendo que nos dois primeiros ela estava muito presente.

Esse é apenas o meu ponto de vista como fã, já que eu não sou uma crítica muito boa para filmes e as críticas dos profissionais no assunto foram bem ruins se comparadas as minhas. Abaixo tem algumas matérias sobre esse filme:

Onde? No momento, esse filme está em cartaz na maioria dos cinemas

Quanto? Isso depende do cinema em que você decida ir, variando entre aproximadamente R$20,00 e R$40,00.

Quando? De acordo com as programações dos cinemas

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