‘Arlo, O Menino Jacaré’

Ria e cante com novo filme de animação 2D da Netflix

Rodrigo Lobato Toporcov
Araetá
5 min readMay 27, 2021

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Por Rodrigo Lobato Toporcov

“Arlo, O Menino Jacaré” é um longa-metragem animado de 2021 dirigido por Ryan Crego, que conta a história de um carismático híbrido de garoto e jacaré que com a ajuda da música sai de seu pântano rumo à cidade grande de Nova York para conhecer o seu pai.

Arte promocional do filme.

O filme não tenta ser pretensioso ao contar a sua história, que segue um formato já usado em diversas animações tão queridas produzidas pela Disney, Pixar e outros gigantes da indústria: trata-se da jornada do protagonista que decide abandonar o seu cotidiano para realizar seu sonho, tendo assim a tarefa de explorar um vasto mundo e construir novas amizades . Apesar de uma estrutura não tão inovadora, o longa não deixa de nos encantar com seus personagens, trilha sonora, direção de arte e temáticas abordadas.

Trailer oficial do filme.

Já de cara somos conquistados com o clima e tom do filme de forma tão eficiente com os lindos cenários em 2D no estilo flat e a música em jazz “New York, My Home” para nos apresentar a história de Arlo, um bebê que fora abandonado no esgoto de Nova York e assim levado pela correnteza para longe da cidade, parando por fim na casa de Edna, uma solitária senhora que vive no pântano e se torna a sua mãe adotiva. Nessa cena inicial já é mostrada a peculiar condição de Arlo, que nasceu meio humano, meio jacaré.

Cenas iniciais do filme, em que Arlo é acolhido por Edna.
Música “New York, My Home” (por Ryan Crego) que toca na abertura do filme.

Logo após um salto no tempo, Arlo está com 11 anos e, interpretado por Michael J. Woodard, solta a sua voz na canção principal do filme “More More More”, que serve como o seu número “eu quero”: recorrente em musicais, trata-se do momento em que o protagonista expressa seus maiores sonhos e desejos, os quais irão impulsioná-lo ao longo do enredo (tal tipo de música pode ser encontrado em inúmeros filmes musicais da Disney, como “Part of Your World” de “A Pequena Sereia”, de 1989). No caso de Arlo, vemos que ele viveu sua vida inteira isolado no pântano por conta da sua aparência, porém isso não o impede de ser otimista e gentil o suficiente para sonhar em desbravar o mundo afora.

Cena da música “More More More” (por Michael J. Woodard).

A jornada de Arlo começa de verdade quando sua mãe adotiva o revela sua verdadeira origem: não se sabe o paradeiro de sua mãe biológica, porém seu pai pode ser encontrado em Nova York . Para ilustrar tal descoberta, a música “Beyond These Walls” reinforça ainda mais seu sonho, agora com um objetivo mais concreto de visitar essa cidade que ele acabara de conhecer, e é o ponto onde o filme perde a vergonha de mostrar totalmente seu alto valor de produção musical e visual. Logo após, Edna decide deixar Arlo viajar para o mundo e viver uma vida fora do pântano.

Lyric video da música “Beyond These Walls” (por Michael J. Woodard).

E esses são os 20 minutos iniciais. Não detalharei o enredo além disso para não estragar as surpresas, mas uma certeza é que o protagonista irá passar por diferentes lugares e fazer os mais variados amigos (e alguns inimigos). A gama de coadjuvantes é estranhamente diversificada, incluindo, por exemplo, uma mulher gigante, um duende, uma bola de pelo com pernas e até um “sereio” invertido (com cabeça de peixe e pernas de humano). O fato de que não há explicação para a aparência deles pode incomodar de primeira, mas isso encaixa com a lógica cartoon e o humor “sem sentido” que o filme adota em um tom bem atual e moderno, além da importante temática discutida na trama.

Os amigos que Arlo faz em sua jornada.

Um tópico que está mais à tona na última década do que nunca antes é a positividade com nossos corpos e aspectos físicos. A representatividade na mídia cresceu de forma imensa para incluir os diversos tipos de pele, cabelo, forma corporal, entre outros. O longa toma isso como lição de moral, com os personagens aceitando suas diferenças. No entanto há um detalhe interessante na forma em que tratam isso: são os coadjuvantes que aprendem isso, e não o protagonista. Podemos perceber que Arlo aceita como ele é desde o começo (apesar de alguns momentos o fazerem duvidar disso); sua personalidade é que muda o mundo ao seu redor e não o contrário, desviando da estrutura convencional do protagonista que supera um defeito interno no desfecho.

GIF de uma cena do filme.

“Arlo, O Menino Jacaré” é um pouco de ar fresco nesses tempos difíceis de pandemia. O musical animado com personagens carismáticos e uma história positiva cumpre muito bem o seu papel que não é revolucionar, mas sim trazer uma sensação quente e confortável para espectadores de todas as idades.

Vá lá!

Onde? O filme pode ser encontrado no catálogo da Netflix!

Quanto? A mensalidade do serviço de streaming varia entre R$ 21,90 e R$ 45,90, dependendo do plano de preferência.

Quando? A hora que quiser!

Saiba mais! Acesse aqui uma conversa com Ryan Crego, diretor do longa, sobre sua produção.

Este sou eu.

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