Barroco Ardente e Sincrético — Luso-Afro-Brasileiro
Giovana Perez Jacomini
A exposição é sobre as diversas manifestações da arte barroca no Brasil e em Portugal, que vai muito além das pesadas decorações no interior e exterior de igrejas, indicando um estilo que se faz visível nos mais diversos suportes: esculturas, quadros, azulejos, etc. E, além disso, dá ênfase à miscigenação tão presente no Brasil através da diversidade materiais e temas utilizados nas obras. Ela acontece em um único andar do Museu Afro Brasil, contando com centenas de obras divididas em três seções: Barroco português, brasileiro e africano.
Decidi visitar essa exposição, porque já que só tinha como referência de Barroco as igrejas das cidades históricas que aprendi no colégio, fiquei surpresa e intrigada ao descobrir que a cultura e costumes do Brasil levaram essa arte por caminhos que nunca poderia ter imaginado, mas que nem por isso são menos belos ou inspiradores do que a original.
O Barroco português aparece como sendo o mais tradicional dos estilos, com imagens de santos solenes que demonstram a influência da arte da Contra-Reforma, cuja função original era transmitir a efemeridade e dificuldades da vida terrena, e também, paradoxalmente, demonstrar o perdão e a compaixão de que a Igreja era capaz. Um desses exemplos é a escultura de Santa Isabel de Portugal, que apesar de muito ornamentada, transmite uma sensação de calma e contemplação.
Já o Barroco brasileiro, acredito eu, é a vertente que melhor engloba a parte do “ardente e sincrético” da exposição, pois conta com figuras cheias de curvas e cores fortes e alegres, com traços mais leves, simbolizando o calor dos trópicos, além de incluir figuras que fazem parte do lado profano de festa religiosas, como o bumba-meu-boi.
Nessa parte está minha obra preferida, a que com certeza mais me impressionou. Se trata de uma escultura feita com conchas e decorada principalmente com tecidos, vidro e pedras preciosas, dando a elas uma leveza inacreditável. O trabalho é tão delicado que é possível ver os mínimos detalhes esculpidos, ao mesmo tempo que se tem a sensação de que, se algo encostasse nela, a obra se dissolveria no ar.
Por fim, há também dentro do Barroco brasileiro a influência africana, que pode ser vista, principalmente, em esculturas que representam santos negros e também as máscaras de cavalhada, muito utilizadas em festas típicas em diversas cidades do Nordeste.
Desse modo, pode-se perceber que as influências sobre o barroco foram das mais diversificadas possíveis, tornando um estilo a primeira vista homogêneo um ótimo indicar da miscigenação presente na história, cultura, costumes e cotidiano de um povo.
Onde: Avenida Pedro Álvares Cabral, Parque Ibirapuera, Museu Afro Brasil.
Quanto: R$ 6 e R$ 3 (meia), grátis aos Sábados.
Quando: De Terça a Domingo, das 10h às 17h.
Até quando: De 4 de Agosto até 3 de Dezembro.
Links relacionados: http://www.museuafrobrasil.org.br/programacao-cultural/exposicoes/temporarias/detalhe?title=%E2%80%9CBarroco+Ardente+e+Sincr%C3%A9tico+-+Luso-Afro-Brasileiro%E2%80%9D
