Benzinho

Victor Moretti Algarve Gregorio
Araetá
Published in
3 min readSep 10, 2018

Por: Victor Moretti Algarve Gregorio

Fazia tempo que eu não via um longa metragem brasileiro ser tão completo, narrativamente falando, do modo como é Benzinho.

O longa, de Gustavo Pizzi, afirma a capacidade do cinema nacional de produzir um filme que se coloca entre o comercial e o autoral e, apesar de ocasionalmente tropeçar tecnicamente, criar uma história sensível e politizada.

Conta a história de Irene (Karine Teles), mãe de quatro filhos e vendedora de tecido, prestes a se formar do ensino médio. A trama do filme começa quando seu filho mais velho, Fernando, é convidado para jogar handebol na Alemanha e a família precisa se adaptar à sua futura ausência.

Foto de divulgação.

A beleza do filme é como consegue explorar a personagem de Irene do ponto de vista psicológico, emocional e social. Enquanto grande parte do cinema ficcional brasileiro se concentra em explorar uma das três categorias, Benzinho as equilibra de tal modo que as reflexões propostas parecem consequência, e não imposição, da narrativa que se desenrola.

As falhas técnicas do filme, imagino eu, só são perceptíveis se procuradas. O espectador que busca apenas a história dificilmente se sentirá incomodado. Com performances muito acertadas de todo o elenco, as personagens ganham vida e particularidades próprias, e as cenas com toda a família são um prato cheio para os olhos (e coração). O filme conta ainda com atores globais como Otávio Muller e Adriana Esteves, que passam longe da atuação novelesca característica desse nicho.

Foto de divulgação.

O roteiro do longa constrói as situações com sutileza e inteligência, e os momentos que poderiam ser entendido como "barrigas" na trama encaixam-se suavemente na história, tomando o tempo que o filme pede. Falo ainda da direção de arte e da trilha sonora, que constroem o mundo e o tom do filme com nuances críveis e inteligentes.

Por fim, das diversas mensagens que o filme passa, a mais bonita e mais universal é a seguinte: mãe é mãe, e sempre haverá de ser. E apesar de imperfeito, ao final da sessão não havia um único olho seco na sala, e as luzes se acenderam antes que o público conseguisse se levantar.

Victor Moretti

Onde: Circuito de cinema alternativo.
Quanto: Média estimada de R$ 15.

Quando: Checar programação do cinema de preferência.
Até Quando
: Possivelmente até o fim de setembro.
Links: https://www.youtube.com/watch?v=uOjeD6K469Y (trailer do filme).

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