Big Brother Brasil 21

O programa de maior audiência da atualidade

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Araetá
5 min readNov 14, 2021

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Por Luigi Pepe

Os 20 participantes da vigésima primeira edição do programa

O BBB21 foi mais uma edição do famoso “reality show” que em 2022 completará vinte anos de existência. Todo início de ano desde 2002 um determinado número de participantes são colocados dentro de uma casa cercada por câmeras e microfones ligados 24hrs, sem interrupções, onde toda semana o público escolherá um participante para ser eliminado do programa, até que só restem três participantes, então o público vota naquele que eles acharem ser o mais digno de ganhar a alta quantia de dinheiro oferecida ao vencedor.

Desde a edição de 2020, o programa é dividido entre dois tipos de participantes, os famosos “camarotes” e os anônimos “pipocas”. As dinâmicas do jogo interno continuam semelhantes as edições anteriores, provas, premiações e interações com o apresentador se mantem funcionando tanto como entretenimento quanto para as empresas que patrocinam o espetáculo, embora seja fato que a exorbitante quantidade de propagandas pode cansar em alguns momentos.

A estrutura permanece a mesma, o que muda são os integrantes que vêm de diferentes partes do país, diferentes classes sociais e que carregam diferentes histórias de vida. É neste ponto que o programa ganha como entretenimento de massa, mas pode assustar ao ser observado mais de perto. A dinâmica de observar 24 horas por dia aquelas pessoas enclausuradas e julgá-las a partir de suas falas e ações é o mote do programa. A catarse televisiva ocorre todas as terças-feiras quando um participante é eliminado pelo público. Então, uma vez por semana os telespectadores se reúnem para torcer para aqueles que eles amam ficar e para aqueles que não gostam sair, além de torcer é claro para que a maioria da população concorde com suas preferências.

Os três participantes na última eliminação do reality antes da grande final

Quase como ver uma série, nos apegamos a aqueles personagens e passamos a nos emocionar quando ganham uma prova, aplaudir quando saem por cima de uma discussão e a chorar juntos com eles quando são eliminados. Só que diferente de uma série, os participantes não são personagens fictícios, eles existem fora do reality, e os conflitos que ocorrem na casa se tornam orgânicos e refletem os debates sociais de fora da casa.

Esta edição exemplifica os debates sobre saúde mental, bullying, ódio, polarização, autoaceitação, racismo, homofobia, machismo e diversos outros temas que nos cercam no dia a dia acabam ganhando maior visibilidade. Nesta edição o apresentador Thiago Leifert (que inclusive fez um excelente trabalho este ano) teve que discursar para trazer uma reflexão sobre o caso de racismo que ocorreu dentro do programa. Isso exemplifica bem como as questões da sociedade não escapam deste micro-ambiente controlado, os problemas sociais do Brasil são transportados com força para o show.

O participante João contando sobre como se sentiu com as falas de Rodolffo a respeito de seu cabelo

Esses debates só podem ser levados para dentro porque temos pessoas de verdade na nossa frente, com memórias e vivências completamente diferentes que acabam por colidir diante das câmeras. Além de se desenvolverem e terem sua própria jornada dentro do programa, alguns começam como vilões e saem como heróis, outros fazem o caminho oposto desta jornada.

Dentre os grandes personagens desta edição, é impossível não falar de Karol Conká e seu comportamento manipulador dentro da casa, ela saiu do programa com o maior recorde de rejeição da história do reality. Mas se Karol se tornou o que se tornou foi graças a maneira como ela lidou com o complexo Lucas Penteado que pede para sair ainda no primeiro mês do espetáculo. Gilberto Nogueira, para os íntimos Gil do Vigor , foi o último eliminado do programa. O rei sem coroa desta edição, ele se consagrou como um dos maiores participantes da história com seu carisma, entrega ao jogo, autenticidade, força e jargões marcantes. Gil era o protagonista desta edição, a única coisa que o distanciava do prêmio era a atual campeã Juliette Freire.

Como foi apontado por Thiago Leifert em seu último discurso do programa, Juliette é um fenômeno das redes sociais e quem conseguiu mobilizar uma legião imensa de fãs nas votações dos paredões. O paredão desta edição era a própria Juliette, impossível de desviar, mover ou passar por cima, sua chegada até a final foi sólida e inquestionável devido aos seus fãs. É claro que ela é extremamente carismática e inteligente, mas não se pode negar o papel fundamental que a equipe que cuidava de suas redes sociais teve em mobilizar e ganhar cada vez mais público devoto a ela. E é neste ponto que se encontra a maior crítica que posso fazer ao programa, a relação entre ele e as redes sociais.

Juliette descobrindo que foi a vencedora da vigésima primeira edição do BBB

Não há limite de voto por espectador, ou seja, as pessoas podem votar quantas vezes quiserem: uma, duas, dez, duas mil vezes, todos os votos serão computados. Com isso, aquele participante que mobilizar um público mais engajado vai ganhar a edição, e não aquele que for mais bem-quisto pelo público. Este fato fez com que Juliette já fosse a possível campeã desde o primeiro mês do programa, e a cada semana que passava os votos eram cada vez mais enviesados pela enorme quantidade de seguidores de Juliette (os famosos cactos 🌵).

Com isso, esta edição trouxe personagens marcantes, debates sociais válidos, alta dose de entretenimento, mas se tornou previsível a partir de determinado momento. Ninguém escapa da influência das redes sociais e para o bem do próprio programa, algumas regras de votação deveriam ser revistas para as próximas edições. Não queremos que o reality se transforme em mais uma das vítimas dos algoritmos polarizantes das redes.

Vai Lá!

Onde? Na Globoplay estão todos os episódios e muitos outros conteúdos extras. (embora a graça do programa é que ele seja ao vivo)

Quanto? O preço mínimo de assinatura da plataforma é R$22,00 por mês

Quando? A qualquer hora!

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