BORDER | uma alegoria da identidade no mundo moderno

Por Lara Augusta Takazaki Lourenço

Lara Takazaki
Araetá
3 min readMay 13, 2019

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Tina, a protagonista da trama, interpretada por Eva Melander

Vencedor da Palma de Ouro na categoria Um Certo Olhar no Festival de Cannes 2018, Border (originalmente Gräns, em sueco) é um filme dirigido por Ali Abbasi, que conta a história de Tina, uma guarda alfandegária cuja aparência de traços grotescos causa bastante estranheza. A trama se desenvolve em torno das peculiaridades da protagonista, que ultrapassam a sua fisionomia repulsiva, em especial a sua habilidade de farejar sentimentos de medo, vergonha e culpa nos passageiros do aeroporto em que trabalha.

Morando praticamente isolada e imersa em uma rotina bastante pacata, que inclui visitações regulares ao seu pai em um lar para idosos, Tina ingressa em uma jornada de autoconhecimento após conhecer Vore, um homem de traços semelhantes aos seus.

Vore, o homem que impulsiona a protagonista a ingressar em sua jornada, e Tina

Assim como sugere o título do filme, que significa fronteira em inglês, Tina representa os conflitos do não pertencimento no mundo do moderno, na medida em que a sua existência está sempre na divisa. A cada nova descoberta sobre a própria identidade, sentimos os desejos, confortos e frustrações da protagonista diante da possibilidade ou da impossibilidade do seu encaixe em algum grupo social. Este é o principal mérito da obra e o que lhe confere grande riqueza.

Mas a questão fronteiriça não se limita aos dramas identitários da protagonista e como referência à sua profissão. Border também se mostra como um filme de gênero híbrido, que transita entre o suspense, o fantástico, o drama, a comédia e o terror. Esta sacada genial deve ser atribuída ao roteirista John Ajvide Lindqvist, que também escreveu o script do terror sueco Deixa Ela Entrar (2008).

Detalhe para a maquiagem feita em Eva Melander para viver Tina

Além do incrível enredo, Border tem uma produção muito bem feita, com grande atenção aos detalhes, com especial atenção à estetização da aberração. Não à toa foi indicado à categoria de Melhor Maquiagem e Penteados ao Oscar 2019, saindo da premiação de mãos vazias de forma injusta (perdeu a estatueta para o filme Vice, dirigido por Adam Mckay).

Border vai muito além de um filme excêntrico. Trata-se de uma fábula fantástica moderna imperdível.

ONDE | Espaço Itaú de Cinema

QUANTO
Inteira:
R$ 30,00
Meia: R$ 15,00 (válido para estudantes e clientes Itaú)

QUANDO
Unidade Augusta: 15h40 |19h40 | 21h40
Unidade Frei Caneca: 21h50
Unidade Pompeia: 19h30

INGRESSOS ONLINE | http://www.itaucinemas.com.br/home/

ATÉ QUANDO |15 de maio de 2019

A autora da crítica, Lara Takazaki

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Lara Takazaki
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