Burgos 2

João Pedro Alves Carvalho
Araetá
Published in
5 min readNov 23, 2017
Sem Título, escultura por Pedro Drunska (90cm x 40 cm aprox.)

A Funarte abriu no dia 11 de Novembro de 2017 a exposição “Burgos 2”, segunda parte de três do Projeto Burgos, cujo tema principal é o questionamento “como viver e criar na metrópole?”. O projeto conta com instalações, pinturas, desenhos e esculturas de diversos artistas e coletivos ligados ao meio urbano.

A mostra conta com dois espaços para a exposição das obras. A galeria Flavio de Carvalho expõe exclusivamente as pinturas de Daniel Melim, enquanto a galeria Mario Schenberg apresenta os trabalhos dos artistas Albert Lazarini, Carlos Algot, Cristina Elias, Jorge Morabito, Malú Pessoa Loeb e Pedro Drunska.

Ao pesquisar exposições no Guia Folha, “Burgos 2” me cativou no momento em que eu soube das influencias do Pop Art em algumas das obras, portanto fui direto à galeria Flavio de Carvalho. O espaço tem tamanho mediano e quatro pinturas do artista estão expostas, uma em cada parede. As pinturas dali me agradaram bastante, a sensação é de estar olhando para muros pichados, principalmente ao ver o quadro central, que ocupa quase toda a parede de tão grande. Apesar da grandiosidade deste mencionado, o trabalho de que mais gostei do Flavio foi este à baixo, exposto na parede esquerda de quem entra.

Sem Título, pintura por Daniel Melim (240cm x 600cm aprox.)

Meu gosto pelo Pop Art vem de dois fatores: as cores e as referências. Amo cores vibrantes em arte, aquilo que quando se vê parece que explode no seus olhos, é uma sensação a qual me agrada muito nas artes, porém são as referencias no Pop Art que mais me interessam. Desde propagandas antigas a figuras famosas, acho divertido esse “ar hipster” que esse tipo de trabalho trás, e essa pintura em específico tem, além de todo o resto, uma espécie de quadrinho recortado, algo que um geek, como eu, aprecia bastante.

Contudo, foi ao ir à galeria à frente, a Mario Schenberg, que a exposição me impressionou de fato. Logo de cara a escultura de um porco comendo umas maçãs te dá boas-vindas ao salão, de tamanho igual ao anterior.

Porco muito parça que tirou umas selfies comigo. Vê-se claramente quem é o saudável e quem não.

O porco fica centralizado no salão e, ao redor dele, nas paredes, estão os outros trabalhos de diferentes artistas. Quase todos me paralisaram em postura atônita, portanto vou mostrá-los a seguir a fim de compartilhar um pouco da minha experiência.

“Restos de mim”, por Cristina Elias (2017; carvão sobre a tela; obras laterais de dimensões 340cm x 150cm aprox. e central 360cm x 150cm aprox.)

Primeira parada: Restos de mim, de Cristina Elias. Na verdade, esses são literalmente os restos de uma performance realizada pela autora no MIS, entre 6 de Setembro e 8 de Outubro, na qual Cristina escrevia na hora um diário para em seguida borrá-lo com o próprio corpo, no intuito de possibilitar novamente a escrita de um novo diário por cima do anterior, Cristina repetiu isso até que as camadas de diários formassem essas figuras, que, ao ler a explicação ao lado, descobri representar a objetificação do mar interno de narrações.

Foi a primeira obra no salão a qual parei para apreciar e provavelmente a minha preferida também, em termos significativos. Sou grande fã dessas narrativas pessoais, o dia-a-dia individual de cada um, e todo esse poder da autora borrar com o próprio corpo os diários e escrever em cima deles, aliado ao título do trabalho, penetrou em mim com tamanha força que me fez refletir durante toda minha estadia na mostra.

Série sem título, pinturas por Malu Pessoa Loeb (Os dois quadros esquerdos têm dimensões 60cm x 60cm aprox. quadro do casaco marrom de dimensão 135cm x 80cm aprox. quadro casaco azul de 100cm x 80cm aprox. e quadro lateral direito de 180cm x 80cm aprox.)

Em seguida fui observar os quadros de Malu Pessoa Loeb. Esses foram bem legais, pois de longe a impressão que dá é de as pinturas estarem saltando das telas, um tipo de efeito 3D. Fora isso, as artes são esteticamente bonitas, com destaque às cores, mas também dando atenção aos traços, os quais em minha opinião são bastantes fofos. Não há muito mais o que falar das obras de Malu, o ideal mesmo é presenciar. Além desses, ainda há, ao lado, quadros de alguns animais muito detalhados.

Sem título, por Albert Lazarini (60cm x 60cm aprox.)

Por fim, a parede à esquerda de quem entra me pegou de jeito. Essa eu não vou saber explicar, mas a série de quadros apresentada por Albert Lazarini fez com que realmente eu me apaixonasse por esse mulher azul. Todas as artes dele ali eram sobre essa mulher em azul cuja beleza me fez perder algum tempo ao apreciar as obras. Eu não vou me estender mais nessa sensação que senti no momento, pois já disse que não vou conseguir explicar, e que estranhamente já passou ao observar o quadro pela tela do computador ao escrever esse post, talvez seja algo que só possa ser sentido presencialmente.

Esses foram alguns dos trabalhos de que mais gostei, um resumo do que presenciei na exposição, mas há mais obras lá que podem afetar as pessoas de forma diferente de como afetou à mim, então vale à pena dar uma olhada. Se eu, que não sou lá muito de ir a mostras, gostei do que vi, é provável que haja muito a ser aproveitado por alguém quem consiga tirar o máximo desse tipo de arte.

O único ponto negativo que percebi foi o de praticamente nenhuma obra ter ficha técnica, com exceção de uma, e isso me prejudicou muito ao fazer este trabalho, pois eu sou alguém com noção de tamanho zero, então não leve muito à sério as aproximações de dimensões que aqui fiz. No mais, é só vantagem.

Por último, fiquem com essa cobrinha marota mais que fofinha, de Malu Pessoa Loeb:

Sem título, pintura por Malu Pessoa Loeb (45cm x 45cm aprox.)

INFORMAÇÕES:

Onde: Complexo Cultural FUNARTE SP

Quanto: Entrada franca

Quando: Seg a Sex das 10 às 18h/Sáb e Dom das 15 às 18h

Até quando: 8 de Janeiro de 2018

Link da exposição: http://www.funarte.gov.br/artes-visuais/complexo-cultural-funarte-sp-recebe-projeto-%E2%80%98burgos2%E2%80%99/

Texto por: João Pedro Alves Carvalho — Aluno de graduação em cinema pela FAAP.

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João Pedro Alves Carvalho
Araetá
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Estudante do curso de cinema na Fundação Armando Alvares Penteado de São Paulo — SP