Chance, de Regina Parra

Por Luíza Fonseca de Oliveira Santos

Luíza Fonseca
Araetá
3 min readMay 15, 2019

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A obra Chance quando foi instalada no Parque Ibirapuera.

A Pinacoteca de São Paulo adquiriu quatro obras de artistas contemporâneos recentemente, sendo eles Marcius Galan, Débora Bolsoni, Regina Parra e Matheus Rocha. Estão em quatro salas rotativas no 2º andar, entre as exposições de longa duração do museu. Embora toda a seleção de obras atual do museu mereça uma visita, tratarei da obra Chance (2015–2017) de Regina Parra, que já foi descrita como “um portal ambíguo podendo tanto ser interpretado como uma promessa quanto uma ameaça”, no portal ARTE!Brasileiros.

Chance, que já foi instalada na mata atlântica do Parque Laje e do Parque Ibirapuera, está em uma pequena sala da Pinacoteca, com janelas abertas para o parque do museu. A obra é composta por um grande letreiro neon vermelho que diz “A GRANDE CHANCE”. É isso e talvez a excessiva simplicidade incomode. O que eu descrevi e o que está nas fotos é exatamente tudo que a obra é. Uma sala com um letreiro luminoso, uma frase vaga. Mas eu os convido para a presença física junto a obra. Ponham os pés naquele chão, percebam o vermelho refletir na pele e o silêncio da sala.

Foto do pedido de casamento de Arthur Egg para Francyelle Ferreira postado no instagram da Pinacoteca.

Fomos acostumados com o neon, os grandes outdoors e as frases impositivas no nosso cotidiano. Somos quase treinados a ler essa agressiva linguagem publicitária que enche as cidades. Então, no contato com a obra, a sensação que resta é a de um suspiro engolido. Somos instigados a pensar na possibilidade de algo realmente grandioso, mas o que? O que pode de tão grandioso acontecer naquela sala de museu, na sua vida fora dali? Não pude ler aquela frase com ânimo, com a esperança de quem até já fez um pedido de casamento ali.

Ao contrário, senti um incômodo com a luz, parecido com um outdoor brilhante demais que passa rápido na janela do ônibus e faz os olhos doerem. Essa frase e esse cenário têm um grande potencial de te diminuir, de fazer com que se ache sem saída ou sem espaço nessa grandiosidade iminente.

De qualquer forma, eu reitero: vale a pena descobrir a sua reação diante da luz.

Foto tirada por mim na Pinacoteca.

Onde: Pinacoteca de São Paulo, Praça da Luz, 2 — Luz, São Paulo.
Quanto: R$10 (inteira) e R$5 (meia-entrada). Crianças abaixo de 10 anos e idosos a cima de 60 não pagam. Gratuito a todos aos sábados.
Quando: Todos os dias das 10h às 17:30h, exceto às terças-feiras.
Até quando: 17 de junho.
Links relacionados: http://pinacoteca.org.br

Eu com a ilustre presença da Cacau.

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