Como os rios correm para o mar
por Juliana Lino Paranhos
Em uma pequena galeria no bairro Pinheiros em São Paulo, a artista Sandra Mazzini realiza sua primeira exposição individual. Através de pinturas a óleo, a artista traz uma nova investigação do gênero paisagem.
Todos o trabalhos expostos retratam elementos da natureza, principalmente folhagens, sobrepostos por figuras geométricas. O resultado disso é uma paisagem fragmentada, descrita pela artista como uma espécie de “quebra-cabeça”. Segundo a artista: “Nas minhas obras, há várias pinturas dentro de uma só. É uma espécie de trama composta por unidades autônomas”.
Além disso, o trabalho de Mazzini discute o lugar da pintura após o surgimento e popularização do processo de captação digital das imagens. Atualmente,o uso de ferramentas digitais, como as câmeras de celular, é a forma mais rápida e fácil de registrar fisicamente aquilo que vemos. A fotografia química, a pintura e os outros meios de artes visuais não digitais são considerados cada vez mais antiquados para representar o que se vê.
Pensando nisso, a artista utilizou ferramentas digitais para criar as obras hoje expostas. No entanto, isso não significa que seu trabalho tenha ficado mais rápido ou fácil.
Sérgio Romagnolo, artista e autor do texto de apresentação da mostra, conta: “[…] as imagens que são utilizadas são processadas e reprocessadas digitalmente, são retrabalhadas manualmente de modo a exigir um olhar ativo, um olhar construído, estas pinturas obrigam o observador a produzir e reconstruir as imagens propostas nas telas.”
Quando vemos uma imagem no computador, podemos ampliá-la e encolhê-la. Se a ampliamos demais, a imagem pixeliza, fragmenta-se em vários quadradinhos e não podemos mais identificá-la. Para a imagem voltar a ser reconhecível, ela deve ser encolhida.
Esse movimento se reflete no ato de observação das pinturas da exposição. Vista de perto, a pintura parece uma enorme composição de quadradinhos coloridos e difusos. Contudo, ao recuar alguns passos, o observador perceberá uma representação de folhagens quase realista.
Serviço da Exposição:
Onde: Galeria Janaína Torres — Rua Joaquim Antunes, 177 — Pinheiros, São Paulo
Quanto: Entrada gratuíta.
Quando visitei: 07 de novembro de 2017 às 12h.
Até quando: Até 16 de dezembro de 2017.
Links relacionados: http://www.janainatorres.com.br/exposicoes/sandra-mazzini/