Como os rios correm para o mar

JULIANA LINO PARANHOS
Araetá
Published in
3 min readNov 15, 2017

por Juliana Lino Paranhos

Selfie minha ao lado da obra “Composição com espelhos”, 2017 (óleo sobre tela, 180x90cm).

Em uma pequena galeria no bairro Pinheiros em São Paulo, a artista Sandra Mazzini realiza sua primeira exposição individual. Através de pinturas a óleo, a artista traz uma nova investigação do gênero paisagem.

Todos o trabalhos expostos retratam elementos da natureza, principalmente folhagens, sobrepostos por figuras geométricas. O resultado disso é uma paisagem fragmentada, descrita pela artista como uma espécie de “quebra-cabeça”. Segundo a artista: “Nas minhas obras, há várias pinturas dentro de uma só. É uma espécie de trama composta por unidades autônomas”.

Além disso, o trabalho de Mazzini discute o lugar da pintura após o surgimento e popularização do processo de captação digital das imagens. Atualmente,o uso de ferramentas digitais, como as câmeras de celular, é a forma mais rápida e fácil de registrar fisicamente aquilo que vemos. A fotografia química, a pintura e os outros meios de artes visuais não digitais são considerados cada vez mais antiquados para representar o que se vê.

Pensando nisso, a artista utilizou ferramentas digitais para criar as obras hoje expostas. No entanto, isso não significa que seu trabalho tenha ficado mais rápido ou fácil.

“Como os rios correm para o mar”, 2017 (óleo sobre tela, 190x160cm)

Sérgio Romagnolo, artista e autor do texto de apresentação da mostra, conta: “[…] as imagens que são utilizadas são processadas e reprocessadas digitalmente, são retrabalhadas manualmente de modo a exigir um olhar ativo, um olhar construído, estas pinturas obrigam o observador a produzir e reconstruir as imagens propostas nas telas.”

Quando vemos uma imagem no computador, podemos ampliá-la e encolhê-la. Se a ampliamos demais, a imagem pixeliza, fragmenta-se em vários quadradinhos e não podemos mais identificá-la. Para a imagem voltar a ser reconhecível, ela deve ser encolhida.

Esse movimento se reflete no ato de observação das pinturas da exposição. Vista de perto, a pintura parece uma enorme composição de quadradinhos coloridos e difusos. Contudo, ao recuar alguns passos, o observador perceberá uma representação de folhagens quase realista.

Vista do interior da galeria. Ao centro, obra sem título, 2017 (óleo sobre tela, 150x180cm).
Visão mais próxima da mesma obra.
Detalhe da mesma obra. De perto, a pintura parece uma enorme composição de quadradinhos coloridos e difusos.

Serviço da Exposição:

Onde: Galeria Janaína Torres — Rua Joaquim Antunes, 177 — Pinheiros, São Paulo

Quanto: Entrada gratuíta.

Quando visitei: 07 de novembro de 2017 às 12h.

Até quando: Até 16 de dezembro de 2017.

Links relacionados: http://www.janainatorres.com.br/exposicoes/sandra-mazzini/

“Mangueiras e barranco em Ibiúna”, 2017 (óleo sobre tela, 150x180cm).
“Urubu e ora pro nóbis”, 2017 (óleo sobre tela, 120x180cm).

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