Conexão da Esperança: AmarElo
Catarina Walter
Com o seu nome “AmarElo” inspirado em um poema de Paulo Leminski, o vídeo clipe, dirigido por Sandiego Fernandes, começa com um áudio real de um amigo do rapper Emicida, em um momento em que lutava contra a depressão e acreditava que o suicídio era a única saída.
Apesar de ser um início mórbido para uma música que se transformará em uma representação da esperança e resiliência, o áudio opera uma abertura no olhar do espectador não apenas como forma de contextualizar a situação desses jovens mas também para trazer empatia.
O refrão da música do Belchior, escrita durante os anos de ditadura militar, mais especificamente em 1973, traz vigorosamente essa mensagem de força, como se fosse um hino de esperança, para aqueles que são oprimidos ou excluídos de alguma forma: “Ano passado eu morri, mas esse ano eu não morro.”
Em virtude de uma estrutura social que não apenas impede que pessoas de periferia ascendam socialmente mas também aguarda o fracasso delas — assim como abutres, como metaforiza Emicida na letra — o enredo visual choca totalmente a audiência ao mostrar histórias de pessoas que venceram esse sistema. Ninguém espera ver uma bailarina negra dançando em sapatilhas de ponta no topo de uma comunidade, ou um dançarino de periferia viajando internacionalmente. Infelizmente, essa é a realidade na qual vivemos aqui no Brasil e o vídeo clipe vem como um apelo para essa população, para que usem o seu sofrimento como combustível para combater essa realidade em que vivem e não desistam de suas vidas.
Para isso, o diretor utiliza-se de recursos visuais extremamente marcantes e emocionais, retratando a mensagem de proatividade através das narrativas de superação. E posso afirmar que tais imagens estão muito bem desenvolvidas, uma vez que são capazes de mexer com o nosso imaginário, nos tirando da zona de conforto de sentimentos aos quais estamos acostumados. Apesar de não estar passando por esta situação que os jovens de comunidade enfrentam, por meio da comunicação visual e sonora desenvolvida no clipe, torno-me capaz de me colocar no ponto de vista deles. O vídeo clipe nada mais é que uma jornada de fortalecimento para aqueles que estão se sentindo da mesma forma que o menino do áudio, construindo na cabeça do espectador o arquétipo da superação. Acho extremamente válido então relembrar a importância da arte em nossas vidas, claramente a crítica que aqui realizo sobre esse clipe é totalmente fora do meu lugar de fala, porém, por meio da música e do vídeo clipe somos capazes de compreender a experiência dessas pessoas, nos reconectando por aquilo que temos em comum: a dor e a esperança.
Onde encontrar? No canal oficial do Emicida no Youtube ou no link anexado no início da crítica
Quanto custa? É completamente gratuito para assistir quantas vezes quiser
Quando? O vídeo já está disponível a onze meses no canal do youtube do rapper e pode ser visto quando quiser!
Saiba Mais! Vídeo documenta as histórias verídicas das pessoas que estão no vídeo clipe:
CRÉDITOS:
Música:
Voz: Emicida, Majur (Artista gentilmente cedida por UNS Produções) e Pabllo Vittar (Artista gentilmente cedida por Mataderos LTDA) Letra: Emicida Música: Felipe Vassão e Dj Duh Sample: “Sujeito de Sorte” de Belchior (Fonograma gentilmente cedido por Universal Music International e autoral gentilmente cedido por Fortaleza Editora Musical/Corisco) Gravadora: Laboratório Fantasma Direção Geral: Evandro Fióti Produção executiva: Raissa Fumagalli Assistente de produção executiva: Lohana Schalken Preparação vocal Emicida: Thiago Jamelão Mixagem: Maurício Cersosimo Masterização: Maurício Gargel Voz de Emicida gravada por Tofu Valsechi em Lab Estúdio e voz de Pabllo Vittar e Majur gravada por Igor Ferreira em Estúdio Veloso.
Clipe:
Roteiro: Emicida Direção: Sandiego Fernandes Assistente de direção: Jeff Libluc Direção executiva: Evandro Fióti Coordenação executiva: Raissa Fumagalli Produção executiva: Lohana Schalken e Vanildo Ricardo Direção de fotografia: Sandiego Fernandes Imagens: Sandiego Fernandes e Brenald Carvalho 1º assistente de câmera: Brenald Carvalho Locadora de audiovisual: Naymar Diretor de arte: Jeff Libluc Edição: Sandiego Fernandes Finalização: Ivo Querido e Deymon Color branding: Sandiego Fernandes Gaffer: Gabriel Escava Produção executiva BlakkStar: Dalton Silva Chefe de produção: Jackson Lima Coordenador de produção: Yuri Lages Assistentes de produção: Jefferson Santos (Parazin), Lu Bonfim, Matheus Ribeiro, Tiago Rodrigo e Tuany Nascimento Produção de elenco: Jeff Libluc Produção Local (Complexo do Alemão): Renata Trajano Produtor de A&B: Helcimar Lopes Catering: Toca do Lobo Produções Maquiagem Emicida e Majur: Beatriz Nonato Styling Emicida: Emicida Styling Majur: Bruno Pimentel Majur veste Victor Hugo Mattos Styling Pabllo Vittar: João França Beleza Pabllo Vittar: Pedro Moreira Camareira: Ana Paula Tomaz Elenco: Emanuelle Araujo, Faiska Alves, Fumassa Alves, Jalmyr Vieira, Lu Cuelho, Maria Farias, Mary Manoel, Paloma Soares, Ronald Sheik, Sativa’mente, Tuany Nascimento e Vanderson Alves da Silva Chefe de segurança (Complexo do Alemão): Iranildo dos Santos Seguranças: Cristiano Mello, Daniel Correa, Denilson Silva, Derick Morais, Douglas Silva, Helenilton Lopes, Marlon Monteiro, Marcio Monteiro, Rodrigo Pereira e William Firmino Vans artístico: JL Viana Locadoa Motorista técnica: Pardal Motoboy do set: Tiago Silva Apoio: Voz da Comunidade, Casa da Voz, Renê Silva, Roberta Rodrigues, Tiago Bastos, Gustavo Lima e Flavia Costa Agradecimento especial ao Complexo do Alemão e a Voz das Comunidades
