CORPO A CORPO — A disputa das imagens, da fotografia à transmissão ao vivo

Beatriz Pereira Guerra
Araetá
Published in
3 min readDec 2, 2017

Por: Anna Beatriz Pereira Guerra

Como eterna amante da fotografia, eu não poderia escolher qualquer outro tipo de exposição, que não fosse a de fotos, para fazer a crítica de arte.

Com foco no corpo e no retrato, seis artistas se juntaram em um coletivo e criaram esta exposição. Todas as obras no espaço visam tratar dos limites entre a realidade e a representação midiática, a partir de conflitos sociais que marcaram o país nos últimos anos. O corpo é analisado como um instrumento de atuação política e social, seja física ou simbólica, e como meio de afirmação de identidade, colocando em questão a aproximação ou o distanciamento de indivíduos a partir de tal.

“selfie” na entrada da exposição dos seis artistas

A área da exposição foi dividia em seis ambientes, que, apesar de interligados, cada sala abrangia um tema e um artista diferente. Eu escolhi o trabalho da Letícia Ramos para fazer a análise, pois foi com o que mais me identifiquei.

Letícia Ramos nasceu em Santo Antônio da Patrulha, Rio Grande do Sul, e se interessa por como as formas podem representar o mundo. Em sua obra, “A Resistência do Corpo”, a artista retrata o desempenho dos corpos em atividades associadas às manifestações de rua.

Imagem retrata o impacto do jato d’áua.

As fotos, feitas durante as manifestações, mostram arremessos de objetos, o impacto de jatos d’água e até mesmo a troca de mensagens via celular. O fundo escuro e pontilhado simbolizam uma atmosfera controlada e misteriosa, como se observássemos momentos de um experimento robótico.

No primeiro quadro de fotos, foi utilizada uma luz estroboscópica para fotografar o envio de uma mensagem por celular; no segundo, a mão solitária foi fotografada através de uma chapa de raio X, transmitindo uma ideia de que alguém precisa de ajuda; no último, a artista registrou o envio de mensagens utilizando-se de uma luva de luzes.

Eu fico encantada quando alguma obra me faz perceber os detalhes quase imperceptíveis do nosso dia-a-dia. Adorei a exposição e o olhar crítico da Letícia, que, apesar de representações abstratas, conseguiu transmitir a mensagem da exposição: a mensagem da imagem depende de quem as produziu e de que forma foram circuladas, ou seja, é uma ferramente que gira em torno de interesses distintos. Além disso, nos faz perceber a violência que estamos submetidos e como isso pode ser manipulado pela mídia.

Fotos dos arremessos feitos durante as manifestações e do impacto do jato d’água.

Que tal visitar?

ONDE: Instituto Moreira Salles (Avenida Paulista, 2424, São Paulo).
QUANTO: Entrada gratuita.
QUANDO: terça a domingo (inclusive feriados, exceto segunda): das 10h às 20h, quinta até as 22h.
ATÉ QUANDO: de 20 de setembro a 30 de dezembro de 2017.
LINKS RELACIONADOS: https://ims.com.br/

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Beatriz Pereira Guerra
Araetá
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publicitária, fotógrafa, ascendente a viajante e ariana.