Happiness

guipsycho100
Araetá
Published in
4 min readOct 8, 2018

Por: Guilherme Viana

Recorte da capa da quarta edição publicada

Happiness é um mangá de terror, e talvez também um romance, escrito e ilustrado por Shūzō Oshimi, que está em lançamento desde fevereiro de 2015. A história gira em torno de Makoto Okazaki, um aluno de ensino médio comum e sem nada demais até o momento em que o mesmo é atacado por uma no meio da noite, que morde o seu pescoço e o transforma em um ser sedento por sangue, um vampiro.

A história, mesmo que comece de maneira ordinária, traz mais atenção não ao fato de que Okazaki se transforma em um vampiro, mas sim ao fato de que o mesmo continua sendo um colegial comum. A necessidade do sangue em sua vida a partir disso não aparece como uma necessidade puramente física de seu corpo, como também como uma necessidade psicológica; o vampiro precisa de sangue como se fosse completamente viciado. Nesse sentido, acompanhamos a constante abstinência de Makoto marcada pela vontade de beber sangue e pela resistência para não beber o sangue em uma tentativa de preservar algum tipo de lado humano que existe dentro de si.

Página 10 do Capítulo 8 de Happiness

Tais crises, não apenas pelo ponto de vista de Makoto, são representadas de maneira abeirar o surrealismo e expressionismo completo da imagem ilustrada, o que revela o aspecto de obra de manter a ilustração de cada quadro fiel ao ponto do de vista do personagem retratado em questão. A realidade do mangá é completamente flexível ao momento em que ela precisa se adaptar.

Página 11 do Capítulo 8 de Happiness

Especialmente no capítulo 43, o ponto de vista da obra dá um posicionamento que achei interessante comparado ao resto do mangá. O capítulo em si começa com algumas cenas bem situacionais, que provavelmente devem estar lá como lembretes e recapitulação da história que é difícil de ser acompanhada ao ler os capítulos esperando seus lançamentos, que são mensais. Depois disso, volta para o momento crucial que me chamou a atenção; o redirecionamento da cena para a sede de sangue humana. Enquanto a sede dos próprios vampiros é tratada de forma violenta e conflituosa durante o mangá, por outro lado nos deparamos com os humanos que querem se tornar vampiros, dito pelos próprios como deuses. Na catarse completa dos mesmos, nos deparamos com a cena que me inspirou a fazer esta crítica.

Página 34 do Capítulo 43 de Happiness

Dançando em volta de uma fogueira, que mais parece uma bomba caindo que acabara de explodir ao tocar o chão, várias pessoas dançam e comemoram sorrindo, festejando a barbárie e se deleitando com ela. Tudo o que era evitado por Makoto nas camadas mais profundas de seu particular é grupalmente comemorado sem sentido lógico algum, ou melhor dizendo, sem nenhuma necessidade de fato física do sangue. Depois de completamente imersos a repulsa do sangue, somos imersos na sua atração. Para cairmos em barbárie, basta apenas um pequeno empurro.

A grande questão de Happiness na verdade está contida nas relações dos personagens e no peso da responsabilidade emocional em nossas vidas. Mesmo que aqui isto não esteja representado, escrevi esta crítica com o objetivo de ressaltar apenas uma das facetas que me chama à atenção na obra; que no caso é a condução e transmissão do ponto de vista da história e como ele pode ser usado como recurso em si para causa algum sentimento do espectador. Happiness é uma grande obra, que consegue dar o peso necessário das pequenas situações existentes no cotidiano.

Onde: Como não foi lançado no Brasil, pode ser encontrado na internet.

Quando: Capítulo lançado em 18 de Setembro de 2018.

Até quando: Indefinido.

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