Fim de festa- filme

O novo filme de Hilton Lacerda mostra um policial desmotivado em uma atmosfera de ressaca dando espaço para a brilhante atuação de Irandhir.

Joao Pedro
Araetá
3 min readApr 25, 2020

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O cinema pernambucano vem ganhando espaço desde o final dos anos 1990, com muitos incentivos do estado para a área, o cenário cinematográfico local começou a produzir filmes que ainda que não cheguem ao grande público, são sempre lembrados em festivais e premiações tanto brasileira quanto estrangeiras. O novo filme do diretor pernambucano Hilton Lacerda “Fim de festa” conta duas histórias inicialmente paralelas mas que são brilhantemente complementares.

Poster oficial do filme

O carnaval já teve seu fim e os jovens que o curtiam dormem até tarde durante a quarta feira de cinzas, enquanto isso Breno (Irandhir santos) tem suas férias interrompidas por um assassinato internacional durante a folia em Pernambuco. Esses jovens consistem em seu filho Breninho (Gustavo Patriota), sua sobrinha Penha (Amanda Beça) e um casal que conheceram durante o festejo e resolveram levar pra casa para uma super confraternização.

Uma turista francesa foi morta enquanto conhecia o Brasil a convite de seu namorado brasileiro juntamente com sua mãe, uma clássica mulher que casa com um estrangeiro e vai morar fora.

Mesmo que Breno seja um policial com métodos discutíveis e um histórico de violência, sua relação com os jovens libertinos é boa, ele por exemplo não se espanta ao saber que sua sobrinha mora com a namorada e que durante sua ausência a casa tenha se tornado território propício para usar drogas e fazer orgias. O que mais angustiava o personagem de Irandhir era seu cansaço com sua carreira e os casos que cada vez parecia piorar, além do sempre incomodo vizinho que comando um drone na janela de seu apartamento, inclusive essa trama envolvendo o drone é a mais angustiante do filme, cheia de metáforas e simbologias mesmo que durando poucos minutos na tela.

Durante a uma hora e meia de filme o enredo se divide em dois eixos, os jovens que vendo fotos e assistindo vídeos lembram do carnaval e a maçante investigação que Breno precisa resolver. Durante seus atos os personagens passam por situações que nos fazem lembrar os dias de hoje, enquanto a garotada toma banho de mar uma mulher que se auto intitula de “pessoa de bem” fala que “quer seu país de volta” visto que ela estava incomodada com o topless de Penha, enquanto isso Breno precisa aguentar a sogra da francesa morta que a todo momento grita com ele falando que “o que mais gostaria é de volta para França porque uma vez que se experimenta um país de primeiro mundo não seu quer voltar pra essa merda de Brasil”

Mesmo que o filme tenha um ritmo interessante com bons enquadramentos, muitas vezes se perde em uma crítica social desmedida e demasiadamente explicita, deixando com que a militância se torne prioridade, beirando a infantilidade artística. Talvez isso inviabilize a ampla distribuição comercial dos filmes de origem pernambucana, não que justifique, e por mais premiado e sucesso de crítica é preciso haja um plano para que o cenário cinematográfico fora do mainstream global seja divulgado e assistido, porque de nada adianta uma obra de arte sem que ninguém veja.

Disponível em Google Play, 19,90$

O filme foi exibido em cinemas selecionados, como o Reserva Cultural. O ingresso custa 30,00$ (15,00% a meia entrada)

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