‘Abercrombie & Fitch: Ascensão e queda’ revive os dramas da marca
Dirigido por Alison Klayman, renomada diretora americana, o documentário lançado pela Netflix em abril não traz novidades sobre os escândalos que marcaram a grife de roupas
Por JV
Após o lançamento de documentários que enfatizam casos extremos e de cunho jornalístico-investigativo, como “O Golpista do Tinder”, que virou hit instantâneo, a plataforma digital Netflix lançou, no dia 19 de abril, o documentário “Abercrombie & Fitch: Ascensão e queda”, dirigido e produzido por Alison Klayman.
O projeto, contudo, não parece ter tido a mesma aceitação por parte do público que o documentário sobre o charlatão amoroso, e conta com a aprovação de apenas 57% dos usuários do IMDb. Isso se dá, provavelmente, por tratar-se de uma retrospectiva dos anos dourados e subsequente decadência da marca, num período que foi dos anos 1990 aos anos 2000.
Klayman, que obteve enorme sucesso com seu documentário sobre o artista chinês Ai Weiwei, tornando-se a mais jovem pessoa a ser nomeada diretora de crítica de filmes do jornal americano New York Times, não foi capaz de adicionar àquilo que já era sabido a respeito da marca, oferecendo ao expectador pouca novidade além de alegações não comprovadas e tampouco julgadas a respeito do fotógrafo da marca à época, Bruce Weber, que teria agido de maneira sexualmente predatória em relação aos modelos masculinos da marca.
O documentário, que busca valer-se de trilha sonora dramática, animações e depoimentos de ex-funcionários, modelos e até mesmo diretores da gigante do varejo para dramatizar os acontecimentos que levaram ao sucesso e decadência da marca de roupas, não consegue fazer-nos esquecer que o tópico já foi exaustivamente discutido em revistas acadêmicas e é até mesmo em um estudo de caso usado na Universidade de Harvard.
Apesar de tratar de uma temática geralmente tida como nova, a saber, a representatividade e a inclusão dos mais diversos padrões de beleza em campanhas publicitárias e estratégias mercadológicas, Klayman parece ter esquecido que a estratégia excludente e elitista da A&F foi tema de inúmeros debates públicos bastante midiatizados no passado.
Tais debates foram fomentados, inclusive, pela natureza pública da ação judicial que a marca perdeu para funcionários e que é retratada no especial, bem como pelas declarações dadas abertamente por seu então CEO, Mike Jeffries, sobre as quais a diretora também se debruça.
“Abercrombie & Fitch: Ascensão e queda” é possivelmente interessante para o público que não acompanhou o caso à época de seu desdobramento, porém parece mais adaptado para tornar-se um estudo de caso para novos alunos de marketing do que uma obra impactante capaz de gerar burburinho por trazer à tona fatos desconhecidos da população.
