‘Don't Worry Darling’

Como uma sátira sobre o poder das corporações dominadas por homens, consentimento, conformidade, e estética impecável, consegue, diabolicamente, entreter o público

Wendy Michalichen
Araetá
3 min readNov 21, 2022

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Por Wendy Michalichen

‘Otimismo Brilhante’: Florence Pugh e Harry Styles em Don’t Worry Darling. Divulgação: Warner Bros Pictures

Com uma paleta de cores pasteis, um lindo céu azul e otimismo brilhante, até o seu trabalho de figurino — um guarda-roupa dos sonhos de vestidos de festa, complementado com homens em ternos elegantes — o filme Don't Worry Darling parece bom demais para ser verdade. Se aprendemos algo sobre a perfeição dos anos 1950 no cinema americano, é que as coisas raramente são tão impecáveis e perfeitas quanto parecem inicialmente.

A utópica cidade desértica de Victory Project é lar de Alice (Florence Pugh) e seu marido, Jack (Harry Styles). Neste universo os homens trabalham em um projeto confidencial e suas esposas são forçadas a ficarem em casa. Enquanto as mulheres vivem confortavelmente sob a promessa de que seus maridos estão trabalhando em prol de sua proteção, Alice começa a questionar o que é trabalhado neste projeto e suspeitar que há algo de errado com essa comunidade impecavelmente adaptada e com seu carismático fundador, Frank (Chris Pine). Don’t Worry Darling, é um thriller útil com um subtexto feminista e, com seu misterioso laboratório proibido, demonstra uma pitada de ficção científica por vir.

O cenário moderno de meados do século e os elegantes trajes de época dão vida a este mundo de maneira vívida. Mas o que realmente pontua a estética vintage de Don’t Worry Darling é a sua beleza trabalhada principalmente nos penteados e maquiagens. Seu visual diferenciado chama bastante atenção no filme.

Vários momentos fazem grande uso de movimentos coordenados para criar cenas perturbadoras na tela. Por exemplo, há sequências de dança durante as quais as mulheres seguem o mesmo conjunto de movimentos e criam formas hipnóticas. Esses momentos fornecem manifestações visuais de conformidade e representam as definições restritivas de gênero na sociedade.

Há também uma edição repetitiva que chama mais a atenção para esse tema de controle sobre a vida das mulheres. Às vezes, assistir ao filme é comparável a manter os olhos em uma imagem perfeitamente retocada, tão perfeita que se torna desconfortável de se olhar. Dado o contexto distópico, esse estilo estético se presta bem à história de Don't Worry Darling.

Imagem/Divulgação: Warner Bros Pictures

As temáticas exploradas foram bem navegadas nesta obra. Como mulher, me conectei com a mensagem central do filme e entendi a necessidade de mostrá-la. O fato do filme ser dirigido e liderado por Olivia Wilde é de extrema importância pois ela traz uma visão feminina que nem sempre é representada em uma história como esta. Além disso, é interessante navegar pelas camadas de complexidade porque não é tão simples quanto apresentado inicialmente.

Eu também sinto que as performances foram surpreendentemente impressionantes. A protagonista Florence Pugh assume um papel exigente, e acredito que ela consegue fazer os espectadores acreditarem nas circunstâncias bizarras e restritivas que a personagem principal carrega.

Desnecessário dizer que Don’t Worry Darling não deixa nenhum detalhe esquecido quando se trata de sua beleza visual — e tenha certeza de que há momentos ainda mais inventivos de onde isso veio, especialmente quando se trata das reviravoltas na trama do filme. Portanto, você terá que acreditar quando digo que o cabelo, maquiagem e performance incrivelmente belas são apenas mais um elemento do mundo dos sonhos estético Don’t Worry Darling que você verá, além da obra oferecer um novo ponto de vista em narrativas feministas em meio à um universo distópico.

Mais informações:

Onde:
Você pode assistir “Don’t Worry Darling” no streaming pela HBO Max.

Quanto:
A partir de R$19,90/mês.

Quando:
Qualquer dia, hora e lugar, podendo baixar o filme para assistir off-line.

Saiba mais:

Trailer oficial de Don't Worry Darling
Autora: Wendy Michalichen / Turma AAN

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