El Mal Querer — Rosalía

por Giulia Monteiro Ogera

Giulia Ogera
Araetá
3 min readNov 5, 2018

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Lançado em 2 de novembro de 2018, “El Mal Querer”, o segundo álbum da cantora espanhola Rosalía, surge a partir da mistura do flamenco, tradicional ritmo espanhol, com outros mais populares como o R’n’B e o pop originando, portanto, uma obra ousada que anda em sentido contrário a antiquada normatividade do costume.

Capa do Album “El Mal Querer” — Rosalía

Foi através desse movimento que a cantora passou a ser um dos grandes nomes da música espanhola. Graças ao grande sucesso de seu primeiro álbum “Los Ángeles”, “El Mal Querer” foi ansiosamente aguardado por apreciadores da música latina atual. O álbum, produzido pelo artista El Guincho, é criado a partir da estruturação de uma narrativa completa na qual cada uma das músicas compõe um capítulo da história; através da protagonista feminina, conta sobre os estágios de um relacionamento tóxico e abusivo.

Tanto a capa quanto as imagens que identificam cada capítulo foram criadas pelo artista, fotógrafo e diretor de arte espanhol-croata Filip Custic, que conseguiu ilustrar com precisão o simbolismo emocional exibido em cada um dos capítulos de El Mal Querer, usando um código visual pessoal.

Imagens de cada capítulo, ou música, por Filip Custic.

Como ele afirma, as pessoas estão procurando por novas experiências que ainda não tenham tido e, de fato, Rosalía pode ser o que o cenário pop tem buscado. Após esse mercado ter se afastado das “divas”, Rosalía apresenta o potencial necessário para preencher as lacunas que artistas como Taylor Swift e Ed Sheeran tem deixado. A temática sensível e pertinente de seu novo álbum, conversa de forma eficaz e prazerosa com seu ouvinte, dando cara a uma nova e inteligente forma de se fazer pop.

Francisco Goya — A Maja Vestida e a Maja Nua (aproximadamente 1800)

Entre as minhas preferidas está a música “Di Mi Nombre -Capítulo.8: Éxtasis” a qual foi lançada como single em 31 de outubro, 4 dias antes do lançamento do álbum completo. O clipe é inspirado em “A Maja Nua” (1797–1800) uma das mais importantes obras de Francisco Goya uma vez que, diferente do esperado para sua época, a mulher em sua nudez foi retratada de forma real, e não mitológica, o que foi considerado obsceno, levando Goya a pintar outra versão do quadro intitulada “A Maja Vestida”. Essa analogia entre as obras e o relacionamento tóxico é genial, já que mesmo depois de mais de um século o corpo feminino continua sendo hiper-sexualizado e censurado, não apenas por parceiros, mas pela sociedade de modo geral.

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