Euforia

Por Ana Luiza Justino

Ana Luiza Justino
Araetá
5 min readApr 30, 2020

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Cartaz da primeira temporada da série para divulgação (em ingês)

Lançada em junho de 2019 e baseada em um programa israelense de mesmo nome, Euforia, da HBO (Home Box Office) vem chamando a atenção diversos públicos por tratar de assuntos de grande impacto na sociedade como: racismo, vício, transexualidade, dentre outros importantes tópicos. Estrelada por Zendaya criada por Sam Levinson dirigido por Augustine Fratelli, Jennifer Morrison Pippa Bianco, Euforia se passa em uma pacata e suburbana cidade dos Estados Unidos aonde Rue Benett (Zendaya), após ter uma overdose de drogas, tem de voltar à escola, e lidar com as consequências de seus atos.

Ao final do verão americano e após sua saída da reabilitação, Rue volta a sua cidade onde reencontra seus amigos, além de conhecer Jules (Hunter Schafer) que chegara na cidade a pouco tempo. Na desenvoltura da série, Rue tem de lidar com seu vício (não resolvido) em drogas, sua conturbada relação com sua mãe, além dos repentinos sentimentos amorosos por Jules, que possui sentimentos por outra pessoa. O desenrolar dos oito capítulos da primeira (e até agora única) temporada mostram o cotidiano agitado dos alunos da escola de Rue, (Fezco, Cassie, Maddy, Jules, Nate, Kat e Lexi) seus desafios como adolescentes, como aborto, bullying, abandono, alcoolismo dentre outros assuntos mais sérios além de ter que lidar com seus traumas de infância que os perseguem. O final da temporada, fica em aberto e pode ser interpretado de várias formas, uma vez que o destino de seus personagens não é explicado ou explícito ao público o que faz com que as pessoas fiquem ansiosas para a segunda temporada, além de fazer com que teorias sejam criadas sobre o destino de cada personagem.

Cena em que Rue (Zendaya) tem alucinações por conta das drogas. (demonstração da utilização de cores nas cenas)

Tratar de assuntos como os já citados anteriormente nos últimos tempos, se tornou algo recorrente nas séries destinadas ao público adolescente, já que muitos destes assuntos se fazem presente na vida de muitas pessoas desta faixa etária, o que pode se tornar algo chato e redundante após certa recorrência, uma vez que o jovem busca novidades constantemente. Euforia, surpreendentemente, consegue deixar esses assuntos constantemente tratados, interessantes buscando novas visões e opiniões sobre os assuntos, além de propor um enredo para entreter seu público do início ao fim com suas inúmeras reviravoltas. Um dos pontos altos da série (a fotografia da série) pode ser percebido em todos os episódios. O uso das câmeras, de uma maneira totalmente diferente das outras séries faz a obra de Levinson se destacar, podendo-se dar ênfase à todas as cenas em que o movimento das câmeras imitam os efeitos alucinógenos das drogas ingeridas pelos personagens, fazendo o público se sentir da mesma maneira que eles. A escolha de cores em cada cena, representando os sentimentos e a “vibe” dos personagens, também merece aclamação, uma vez que são estas cores que permitem que a audiência se sinta e entenda a maneira que cada personagem se sente.

No entanto, um dos pontos que deixa a desejar durante a série, é a duração e o número de episódios. Mesmo se tratando apenas de uma temporada só (a segunda se encontra em pausa por conta do corona vírus), alguns personagens não tiveram o devido desenvolvimento que poderiam ter esta temporada. Fezco (Angus Cloud) traficante de drogas e melhor amigo de Rue é um bom exemplo disso. Com um irmão mais novo que o ajuda no tráfico e uma avó doente, sua infância (diferente da dos outros personagens) fica implícita, fazendo o público ficar em dúvida de sua trajetória de vida até o dado momento da série. É de se esperar, no entanto que a história de Fez (Fezco) seja contada nesta segunda temporada já em produção.

Tipo de maquiagem usada na série (aqui exemplificada por Alexa Damie (Maddy) em uma das cenas da série)

Outro sentido que a série se destaca, é a escolha de figurino e maquiagem dos personagens, que desde a metade do ano de 2019 (quando a série foi lançada) fez com que muitos adolescentes mudassem o modo de se vestir e se maquiar. A referência às roupas e as maquiagens dos anos 90/2000 tem grande presença na série, dando destaque especialmente à personagem Maddy (Alexa Damie) que utiliza de brilhos, glitters, strass, além de cores chamativas na maquiagem, e plumas, camurça e babados chamativos nos figurinos em todas as cenas, trazendo assim algo refrescante às telas no quesito caracterização de personagens. Por conta da série e do sucesso desta, este tipo de estilo “vintage”, como já dito voltou a ser utilizado virando mais uma vez parte da “moda”. A trilha sonora da série, feita pela banda Labrinth, por sua vez, complementa lindamente a obra, fazendo-a ser ainda mais emocionante. Trazendo 26 faixas inéditas com nomes dados exclusivamente à cada cena, como por exemplo “Home from Rehab” (voltado da reabilitação) ou “Maddy´s Story” (História da Maddy), Labrinth torna o conjunto musical da obra super pessoal, além de demonstrar um extremo cuidado da banda ao montar algo coeso e único.

Exemplificação das roupas usadas na série (Da esquerda para a direita: Figurante (??), Cassie ( Sydney Sweeney), Barbie Ferrera (Kat), Maddy (Alexa Damie)

Por ser originária da HBO, a série pode ser somente vista no canal e em qualquer dispositivo possível de baixar a plataforma de streaming da network; “HBO GO” que custa mensalmente R$ 10,90 para dispositivos IOS e R$ 34,90 para dispositivos android, podendo ser visto a qualquer momento do dia, desde que haja internet. Por ser original do canal, a série deve ficar indefinidamente ativa nas plataformas, para qualquer pessoa que adquirir a plataforma assistir a qualquer momento.

Euforia merece toda a atenção e a aclamação do público que tem e que merece ainda ter, já que se demonstra demasiadamente necessária para o entendimento de vários assuntos, além de um bom lazer durante a quarentena, para todos os tipos de público mas especialmente aos jovens adultos.

Por trás das camêras de uma das cenas de ingestão de drogas de Rue
Ana Luiza Justino (Autora deste documento)

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