“Expedição ao Deserto” de Geórgia Kyriakakis
Bruna Chamma Karabachian
@bckarabachian
Nas sala do Instituto Tomie Ohtake no Estado de São Paulo está exposta, até o dia 17 de setembro de 2017, a obra “Expedição ao Deserto” da artista Geórgia Kyriakakis. Em uma sala redonda, a exposição é composta por uma série de fotografias, de tamanho 44 cm x 60 cm, que se dividem em três grupos de expedições com nove imagens cada, o que resulta em um total de 27 obras fotográficas.
As imagens foram emolduradas com madeira marfim e impressas debaixo de vidros, que contém as frases “estar onde ninguém está” e “não estar onde todos estão”. A artista retrata momentos em que as ruas paulistanas se encontram vazias por conta de grandes eventos, como, por exemplo, campeonatos esportivos e feriados, que costumam concentrar mais as pessoas, tirando-as das ruas. O intuito da artista é retratar a improbabilidade de encontrar alguém realizando algo diferente do que a sociedade está vivendo.
A exposição é considerada pequena e, para ser bem apreciada, gasta-se em torno de 15 minutos. Porém, nela é possível viajar em um mundo de possibilidades e teorias, uma vez que o espectador adota a proposta da artista e entende o tema e a brincadeira do uso da palavra “deserto” em uma cidade extremamente agitada. O uso da linguagem verbal nas imagens expostas é uma característica única no roteiro da artista, que amplia o nexo entre o mundo teórico da imagem e a intangibilidade do mundo.
No primeiro grupo de fotografias, a artista capturou imagens de uma terça-feira de carnaval, dia 21 de fevereiro de 2012, na grande metrópole paulistana. O segundo grupo de fotografias foi realizado em 12 de junho de 2014 na Zona Oeste da capital paulistana, nas avenidas Dr. Arnaldo, Sumaré e Heitor Penteado durante a abertura da Copa do Mundo no Brasil. Por fim o terceiro grupo de fotografias teve a realização na virada do ano de 2016 para 2017, no Bom Retiro.
Acredito que a série de fotografias expressou uma forte mensagem de alerta para os espectadores ao transmitir a importância de agir conforme seu próprio ser, não devendo uma pessoa ser influenciada ou induzida pela sociedade. É necessário dar uma pausa na vida e emergir em uma busca de autoconhecimento, indo além do que os olhos vêem. O vazio da rua retrata a solidão que o ser humano teme e evita, mas que ele precisa para a busca da paz interior e da evolução. O mundo precisa de mais pessoas que agem de maneira autêntica e sincera, não sendo movidas pela opinião geral.
O que mais chamou minha atenção nessa exposição foi justamente o tema por trás das fotografias de Kyriakakis. Acredito que sem esse tema em particular sua série de expedições não teriam o significado e importância que elas têm. De uma maneira mais poética, posso afirmar que a exposição me agradou desde o início por ser diferente mas longe de algo forçado ao ponto de se tornar complicado, pois, foi justamente o ao contrário. A simplicidade do tema foi quem deu o poder para a exposição, a descomplicação é a resposta para tudo, é preciso decodificar para se encontrar.
Onde: Instituto Tomie Ohtake
Quanto: Entrada gratuita
Quando: Terça a domingo das 11h às 20h
Até quando: 17 de setembro de 2017
Links relacionados: http://www.institutotomieohtake.org.br/exposicoes/interna/aexpediasapo-ao-desertoa-de-geasrgia-kyriakakis