"Foreign Skies"

Carlo Sabino
Araetá
Published in
3 min readMar 18, 2018

Carlo Sabino

Capa do álbum "Foreign Skies"

Em novembro de 2017, dez anos após sua fundação, a banda de Vancouver The Dreadnoughts lançaram seu quinto álbum intitulado de "Foreign Skies". Desde seu primeiro álbum "Legends Never Die" lançado em 2007, a banda permaneceu fiel ao estilo Folk-Punk ao longo de toda sua trajetória, misturando a simplicidade e o peso do Punk do fim dos anos 70 com estilos folclóricos e tradicionais de diversos países, utilizando instrumentos como violino, mandolin, banjo e acordeon, tendo a temática de suas letras sempre condizente com o estilo adotado.

Flutuando por temas como navegações e guerras, com diversos personagens criados para protagonizar as histórias contadas, e sempre muita referência à bebida alcoólica, Nicholas Smith (The Fang), Kyle Taylor (Leroy “Slow Ride” McBride), Drew Sexsmith (Dread Pirate Druzil), Andrew Hay (Squid Vicious), Marco Bieri (The Stupid Swedish Bastard) e a recente integrante Tegan Ceschi-Smith (Wormley Wangersnitch), compõe desde canções alegres, muitas vezes cômicas, até músicas com um cunho sentimental forte que facilmente farão o ouvinte parar o que está fazendo para refletir.

Integrantes da banda "The Dreadnoughts"

E por este grupo curioso e não muito conhecido, foi concebido "Foreign Skies" um álbum que tem como temática a primeira guerra mundial. Ao longo de 12 faixas, são apresentados diversos acontecimentos do período histórico, como a Captura de Jericó (1918) na música "Jericho" e os acontecimentos de 1915 na Bahía de Suvla (Turquia) na faixa "Suvla Bay". Além de canções que abordam eventos históricos específicos (sempre de maneira poética), existem também aquelas que se referem à guerra em um contexto geral, visando o aprofundamento maior no sentimento de diferentes personagens em diferente contextos em relação ao período de combate.

Um grande exemplo de diferentes olhares na obra pode ser feito com a comparação entre as canções "Up High", "Foreign Skies" e "Black Letters". Em "Up High", faixa que abre o álbum, nos é apresentada uma visão da guerra bastante tradicional, aonde a mesma não é vista como algo bom, mas ainda sim com respeito e honra. Nesta música lenta, simples e impactante, é feito um chamado a todos os homens que estão se preparando para a batalha, reforçando a união, a persistência e o respeito com o inimigo no trajeto rumo a vitória. Logo em seguida, na faixa que compartilha o mesmo nome do álbum "Foreign Skies", é apresentada uma visão mais jovial e sonhadora sobre a guerra, por parte de jovens que anseiam pela mesma e dizem que este momento de luta é o mais feliz de todas suas vidas e, mesmo depois dos traumas que a guerra os causou e do eterno peso em suas consciências, o sentimento de dever cumprido é grande.

Por fim, temos a música "Black Letters". Diferentemente das duas outras apresentadas, esta canção tem um apelo emocional muito forte, e facilmente pode levar a uma grande reflexão. A música conta a historia de um garoto que, ainda muito jovem, foi chamado para a guerra deixando para traz sua namorada e sua mãe. Durante o combate ele é baleado e morto, e algumas cartas que ele escrevera para sua família acabam chegando ao seu destino após sua morte. Mostrando a guerra como um cenário trágico e desnecessário, esta música preza pela paz de uma maneira muito tocante.

Mosh Pit em um show da banda

Estes são só alguns exemplos das incríveis doze faixas de "Foreign Skies" e de como a banda "The Dreadnoughts" domina tanto conceitos musicais como narrativos e poéticos, fazendo com que este álbum seja divertido e emocionante, assim como era de se esperar de qualquer outro álbum da banda.

Dedicatória feita pela banda: "This album is a tribute to all the people who lived through the First World War, and to those who didn’t make it through."

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