Crítica Cinema

‘Heartstopper’: emoção dos quadrinhos às telas

A série inspirada nos livros de Alice Oseman retrata o descobrimento da sexualidade na adolescência de forma leve e descontraída

Letícia Ayres
Araetá

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por Letícia Ayres

Kit Connor e Joe Locke no papel de Nick Nelson e Charlie Spring, respectivamente, em pôster do lançamento da série. Foto: Divulgação Netflix.

O lançamento de Heartstopper (2022) no catálogo da Netflix em abril já garantiu à série uma das maiores estreias do ano. Ainda ocupando o Top 10 da plataforma após um mês e com 100% de aprovação no Rotten Tomatoes — site americano de críticas de cinema e televisão — , o romance é pioneiro em sua forma de tratar o amor juvenil LGBTQIA +.

Com a abundância de opções para os serviços de streaming oferecidos atualmente, não são poucos os filmes e seriados adolescentes que abordam a confusão de uma identidade própria, gênero e sexualidade — como Euphoria, Young Royals, Call Me By Your Name e Sex Education. Contudo, Heartstopper entra em cena para mudar a trajetória dessas narrativas.

Criada pela escritora e ilustradora inglesa Alice Oseman, a série é a adaptação de uma história em quadrinhos homônima. A trama gira em torno de Charlie Spring (John Locke), um garoto de 15 anos que foi forçado a se assumir gay e por isso sofre bullying por parte de seus colegas de escola, e seu novo amigo: Nicholas Nelson (Kit Connor), estrela do time de rúgbi. A relação entre os dois começa após serem colocados para sentarem juntos durante uma aula. A partir daí, os jovens constroem uma amizade inusitada e repleta de romance.

OS QUADRINHOS

Com oito episódios de aproximadamente meia hora, a primeira temporada incluiu os dois primeiros livros da HQ de Oseman — publicados em 2018. Contando com Alice como roteirista e produtora executiva, a trama e os personagens da série acabaram por serem bastantes fiéis aos retratados nos quadrinhos.

A escolha dos atores que trazem os desenhos à vida também é uma novidade em relação às outras séries mainstream — que costumam utilizar atores cis héteros e já adultos para interpretar personagens jovens queers. A diversidade e idade apropriada dos intérpretes, como Yasmin Finney e Kizzy Edgell, conferem à Heartstopper a possibilidade de representar a comunidade com atenção à vivências reais.

Além disso, os desenhos gráficos de estilo em quadrinhos e a própria caracterização dos artistas como verdadeiros adolescentes retomam a origem do roteiro aos livros e torna a história atrativa à audiência mais jovem.

Ilustrações de Alice Oseman presentes na série. Foto: Divulgação Netflix

BUSCA PELA IDENTIDADE

A série se destaca por apresentar temas queer na faixa etária dos 15 e 16 anos e mantê-los como os conflitos principais. Diferentemente de outras produções recentes, questões de classe, religiosas, familiares e violentas não são centrais no universo criado por Oseman. Heartstopper é um marco na concepção de narrativas gays que não utilizam de finais trágicos e melancólicos.

Apoiada em diálogos rápidos, a temporada traz com leveza e simplicidade uma história LGBTQIA + repleta de tumultos pequenos e mundanos. A aceitação dos pais e dos colegas é tratada como uma enredo secundário — algo que não é comum em outras séries. Nesta, as dificuldades do descobrimento identitário são o foco primário, característica reforçada pela presença da vencedora do Oscar de Melhor Atriz, Olivia Colman, como mãe de Nick e coadjuvante na narrativa.

Heartstopper inaugura um romance gay com um final feliz e que retrata o amor como uma jornada de autodescobrimento e aceitação. A série apresenta a representatividade LGBTQIA + como algo positivo e bonito de ser vivido; é um alívio para a comunidade queer e um suspiro de esperança para a juventude gay.

HEARTSTOPPER

  • Quando Disponível na Netflix, streaming por assinatura
  • Classificação 12 anos
  • Elenco Kit Connor, Joe Locke, William Gao, Elle Argent, Corrina Brown, Sebastian Croft, Kizzy Edgell, entre outros.
  • Direção Euros Lyn
euzinha :)

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