Helena Trindade — a letra é a traça da letra
Julia Bleier Gullane
A artista Helena trindade traz a exposicao "A letra é a traça da letra”, apresentada no thomie Ohtake, que se consiste de grandes instalacoes, das quais a principal linguagem é a letra. Teclas de antigas maquinas de escrever ganham novas formas, letras e abecedários, surgem em objetos, esculturas, vídeos e instalações.
Ao entrar na exposição, a primeira obra que vemos é (a)muro, que compõem-se de estênceis de letras seguidos um do outro, formando um muro vazado, tanto na horizontal, quanto na vertical, por conta das lacunas das letras. Segundo a artista, tal obra aborda aspectos do funcionamento da linguagem, evocando Lacan. Esta instalação me traz uma sensação de confusão entre o vazio e o completo, pois não é possível passar por meio desta, porem ve-se através dela.
No meio das instalações, há um acumulo de objetos, que remetem ao estudo e corpo da leitura, com os mais de 20 variados utensílios que se relacionam.
A floresta de casulos, se consiste em papeis presos com linha de encadernação, de forma orgânica que se alterna com o movimento, que rompe com a forma linear da escrita, compondo uma poesia visual, com a letra corroendo e desarticulando a linguagem. É necessário passar por meio deste para encaminhar para a próxima sala.
Identificando as teclas das maquinas que foram destruídas para construir a obra, pode-se referir ao processo da linguagem, onde toda criação é fruto da destruição de algo, a artista relaciona a traça, que destrói os livros, como ela mesma, onde ela possa criar algo novo da destruição do antigo, simbolizando a construção da palavra e da linguagem que resultam de um processo de transformação, se a traça corroe o livro, a artista aproveita esse vestígio para criar uma poesia visual, construindo um novo alfabeto, que ela chama de alfabeto traça, inventando um novo modo de escrita num formato de caligrafia.
onde: Instituto Tomie Ohtake, Av. faria lima, 201
quanto: gratuito
quando: terça a domingo, 11h-20h
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