Hilma af Klint: Mundos possíveis

Ana Thereza Constantino
Araetá
Published in
4 min readMay 2, 2018

Por : Ana Thereza Constantino

É quase um milagre Hilma af Klint estar exposta no Brasil, graças ao diretor da Pinacoteca , Jochen Volz, a exposição Mundos Possíveis é a primeira exposição do calendário de 2018 da artista e um dos grandes destaques do ano, já que as obras saem raramente de sua fundação em Estocolmo.

No primeiro andar do lado esquerdo da Pina estão instaladas em 6 salas, 130 obras da sueca com uma duração previa de uma hora (se você gosta de ler as explicações de fases da artista).

Nas duas primeiras salas encontramos “As Dez Maiores”, um conjunto de pinturas em escala monumental tratando-se de um estudo das quatros idades do homem: infância, adolescência, idade adulta e velhice. Os quadros foram pintados em 40 dias

Com representação abstrata em etapas da vida humana na série, a mutação da cor do azul para o laranja para o rosa para o vermelho e a transformação dos ornamentos de formas orgânicas para geométricas propõem reflexão e identificação. A prática de af Klint é cheia de códigos, fórmulas e signos. Por exemplo, as duas primeiras telas são dedicadas à infância e apresentam, sobre um fundo azul, formas circulares e orgânicas. O fundo laranja, conforme avançamos para a juventude, dispõem de formas que vão se simplificando, cujas flores aparecem agora menos detalhadas.

Infância e Adolescência

Aqui um quadro onde Hilma desenhou quando transcreveu uma mensagem no final de uma sessão com as amigas.Ela pintava durante sessões de psicografia. Suas obras mostram hoje que o resultado disso eram pinturas abstratas realizadas antes mesmo dos gigantes Kandinsky, Mondrian e Malevich.

Hilma recebeu a informação que iria pintar uma série sobre o plano astral, uma narrativa com 26 pinturas começando com a escuridão abstrata e gradualmente introduzindo a vida, água e terra, tempo as estações do ano, amor e estruturas terrenas como um caracol, depois lagartos.

Ela pintava também a diversidade do conhecimento, aceitando os códigos científicos , especulativos e simbólicos como complementares, sendo possível reconhecer elementos que hoje podem ser interpretados como representação dos códigos de DNA e de ondas de rádio. Ela cria uma cosmologia muito pessoal, que parece colocar como referência, lado a lado, referencias bíblicas, a ciência moderna e a contemporânea teoria da revolução. Há muitas pinturas que além disso parecem aludir as ideias de um universo sempre em expansão — uma teoria introduzida primeiramente por Georges Lemaître vinte anos depois que af Klint fez essas pinturas.

Sua carreira profissional inicia como retratista e desenhista botânica na Real Academia de Artes da Suécia.

exemplo de sua arte na Real Academia de Artes da Suécia

Todas as obras anteriores menos a última, na qual representa o desenho de uma flor, foram guardadas pela família e por um curador amigo de Hilma, que quando a artista mostrou suas obras disse que só iria expô-las 20 anos depois que ela morresse, pois a sociedade naquela época ainda não estava preparada para vê-las. Dito e feito, após sua morte foi construído a fundação que veio a acontecer em 1944.

Eu amei a exposição por ter a oportunidade de poder ver as obras e conhecer a artista, dona da simples história de uma mulher que estava muito a frente de seu tempo, que até hoje é questionada e arrepia os observadores que leem a respeito.

SERVIÇO:

o Primeiro andar da Pina Luz, Praça da Luz, São Paulo

o R$ 6 (inteira) e R$ 3 (meia). Crianças com menos de 10 anos e adultos com mais de 60 não pagam.

o Aberta de quarta a segunda-feira, das 10h00 às 17h30

o Em cartaz até 16 de julho de 2018

-Links relacionados:

http://pinacoteca.org.br/programacao/hilma-af-klint-mundos-possiveis/

https://www.hilmaafklint.se/hilma-af-klint-foundation/

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