Homem-Aranha no Aranhaverso
por Arthur Afonso de Andrade Soares
Homem-Aranha no Aranhaverso estreou em 10 de Janeiro de 2019 e se trata de uma animação de gênero ação/comédia baseada no herói dos quadrinhos que dá título ao filme.
[AVISO: o filme se passa no Universo Ultimate da Marvel, selo da editora referente às histórias de uma realidade paralela, onde são abordados temas mais adultos e atuais]
Miles Morales, um garoto do Brooklyn, é picado por uma aranha radioativa e ganha poderes proporcionais aos do animal, assim como seu herói, o Homem-Aranha.
Após frustrar os planos do vilão Rei do Crime, o Aranha paga um alto preço e, acidentalmente, traz homens-aranha de outros universos ao seu.
Cabe a Miles desfazer a bagunça, enquanto aprende o significado de ser um herói.
Felizmente, o filme não se limita a isso.
O vilão oculto e a diversidade
É nas páginas do quadrinho Ultimate Fallout #4 (2011), que surge o primeiro Homem-Aranha negro, um personagem que carregaria não só o legado do herói como uma luta já conhecida. Miles é um menino negro de ascendência americana e portorriquenha, raízes que, principalmente nos Estados Unidos, são alvos constantes de um forte preconceito e racismo.
Essa “luta” não chega a ser o foco do filme, mas, apresentar um personagem de origem diversa, com habilidades especiais e que, ao final, salva o dia, já é uma grande vitória.
A chegada de Homem-Aranha no Aranhaverso […] apresenta o Homem-Aranha de nosso tempo a um público que, provavelmente, não o conhecia - IGN Brasil
Além disso, a presença dos outros homens-aranha também carrega outra poderosíssima mensagem: a diversidade. Homem, mulher, garoto, garota e até mesmo um porco vestem o uniforme e reforçam que o heroísmo não é particular.
Qualquer um pode usar a máscara - Miles Morales
Os quadrinhos
Com personagens e tramas vindas diretamente dos quadrinhos, o longa não se envergonha dos mesmos e os utiliza para compôr cenas emblemáticas.
A técnica de animação, um híbrido de 2D (as dimensões das páginas de quadrinhos, por exemplo) com 3D (as dimensões do mundo real) foi determinante para que as histórias em quadrinhos ganhassem vida.
Outros conceitos, como balões de pensamento e fala, cores, onomatopeias, retículas (aquelas “bolinhas” características dos quadrinhos) e até mesmo os próprios quadros, tornaram as cenas verdadeiros deleites visuais, homenageando, como nunca, a nona arte.
Não por acaso, Aranhaverso levou o Oscar de Melhor Animação em 2019.
O legado do Homem-Aranha
Contudo, Aranhaverso apresenta, não só uma diversidade de heróis, como uma diversidade de mensagens.
Miles terá de descobrir o herói que há dentro de si, mas isso não quer dizer que seus amigos não possam ajudá-lo. A cada vez que a trama avança, novas pistas sobre heroísmo são reveladas ao garoto, uma verdadeira “salada russa” (só para ter uma noção, o conselho que Peter dá ao garoto é de que ele precisa dar um “salto de fé” para se tornar o Homem-Aranha, algo muito vago para um jovem que acabou de chegar ao ramo de herói).
As dicas são diversas e, assim como a anterior, sem sentido, instaurando uma confiança artificial no protagonista. Se eu pudesse sugerir uma mensagem para o filme, diria que ela fora apresentada nos minutos iniciais:
A nossa família não foge das coisas, Miles (Rio Morales, mãe de Miles)
Já que, de fato, foi a persistência de Miles que o leva a salvar o dia.
O veredito
Por fim, Homem-Aranha no Aranhaverso é uma divertidíssima aventura, que apresenta um carismático e novíssimo Homem-Aranha da mais bela forma possível, mas peca ao definir o legado que esse herói carregará daqui para frente.
A A A A a (4,0)| Bom
Serviço
Vivo Play (serviço disponível para assinantes do Vivo TV): pode ser alugado por R$16,90.
Dvd (lojas da Saraiva, Livraria Cultura e Americanas): preços variam de R$39,90 a R$49,90.
Blu-Ray (lojas da Saraiva e Livraria Cultura): preços variam de R$49,90 a R$64,90.
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