Kardec: A História por trás do Nome

Por: Gabriel Brode Germano Santos

Gabriel Brode
Araetá
4 min readMay 23, 2019

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Para criar um longa-metragem é necessário diversas habilidades, desde a operação da câmera até a escolha de um tema e atores, para que todos em conjunto se tornem uma grande obra. A nova produção brasileira, Kardec: A história por trás do nome, constrói esta ideia criando uma ‘’biografia-dramática’’ que cativa aqueles que procuram algo mais interpretativo para o fim de semana.

Protagonizado por Leonardo Medeiros( O Mecanismo) e Sandra Corveloni( Malhação), a obra sofre diversas armadilhas de acordo com as ações que o período histórico proporciona, equilibrando com a intenção de posicionar uma ideia do que os pensamentos do personagem principal representam.

Cartaz do filme ''Kardec''’

O filme conta a história de Hippolyte Léon Denizard Rivail, nome de nascimento do protagonista(L. Medeiros), antes de se inserir como Allan Kardec. Ambienta-se no momento da vida do codificador do espiritismo e permeia entre o processo de encontrar sua crença até as divergências entre sua missão e a Igreja Católica.

Wagner de Assis, diretor da obra, não busca desenvolver uma narrativa complicada para o espectador que entende pouco sobre o assunto com relação à história real, mas, ao mesmo tempo que compila os principais acontecimentos de modo detalhado, não adentra muito no processo pessoal de Kardec e no reconhecimento de sua nova forma de ver a vida.

Kardec em frente a Catedral de Notre Dame

Por mais acurados que sejam os acontecimentos, há um foco mais potente dentro da narrativa. O poder que o catolicismo impôs acima dos espíritas, evitando com que suas crenças fossem liberadas para o mundo mesmo que por um breve período ou provocando revolta dos fiéis da Igreja. Com isso, todo o processo de descobertas de Kardec criam vários corridos, como se houvesse a pressa de cair diretamente nas dificuldades encontradas a partir do momento em que O livro dos Espíritos foi publicado, em 1857. No entanto, a linha do tempo é precisa e estabelece todos os pontos principais da história do autor sem que haja afeto ao redor da importância de sua presença na religião.

A necessidade de inserir um “antagonista” na história (a Igreja Católica) é válida, mas os momentos em que Kardec e sua esposa Amélie (Sandra Corveloni) adentram cada vez mais para dentro da realidade espírita, são muito mais interessantes e bem construídos, pois o roteiro apresenta outras figuras que fizeram parte da jornada de pesquisa até a publicação do primeiro livro de Allan.

Kardec e Amélie andando por Paris em seus passeios rotineiros

Com cenas externas gravadas em Paris e internas realizadas no Rio de Janeiro, o longa se fia à iluminação como linguagem. Os estudiosos do espiritismo aparecem sempre à luz, mesmo em cenas noturnas em uma ambientação de luz de velas. As forças contrárias aos que acreditam nos espíritos, desde padres da Igreja Católica até parisienses que acreditavam que as médiuns eram bruxas, aparecem à sombra, mostrando esse contraste entre o protagonismo e antagonismo.

Mostra com a perseguição religiosa podendo ser danosa, e, mesmo sendo uma obra sobre um credo, é uma grande defesa da laicidade do Estado e da educação. O roteiro também traz questões urgentes como a liberdade de expressão, direito negado a Kardec, que teve seus livros queimados em praça pública.

Kardec em uma reunião com a Igreja Católica
Grupo dos seguidores de Kardec debatendo sobre imposições da igreja Católica

Achei o filme complexo em relação a outros que estou acostumado a assistir. Nele a questão da religião é colocada de maneira detalhada a cada ação que ocorre no filme, fazendo com que o espectador se envolva com a história , mas também se mostre em dúvida de acordo com as discussões feitas durante os embates.

Algo muito interessante é a maneira de como o conceito de espiritismo se passa no filme.Como o tema principal está relacionado a religião, pode-se perceber que é levado em conta uma opção diferente em que as pessoas possam acreditar, deixando de lado a ideia monótona de somente poder seguir práticas conhecidas, como o próprio cristianismo.

O mais curioso, são as contagiantes reviravoltas dentro da obra, que fazem com que o espectador tente buscar um lado dentro das discussões, por ser algo que onde existem dois lados e cabe ao público decifrar o ideal.Cheio de dramas, rendendo varias tensões e nos deixando ligeiramente preocupados, é um filme que vale a pena apreciar!

Trailer do filme Kardec

Onde: Qualquer cinema em todo o Brasil

Quanto: O valor varia de 15 a 30 reais-dependendo do local e dia

Quando:(minha visitação)-18 de Maio 2019(ás 20:00): disponível todos os dias, inclusive em feriados.

Até Quando: Tempo Indefinido

Classificação: 12 Anos

Duração: 110 minutos

Direção: Wagner de Assis

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