Louise Bourgeois: An
Unfolding Portrait

Patrick Hanser
Araetá
Published in
4 min readNov 30, 2017
Minha namorada Bruna apreciando uma escultura de Louise Bourgeois

A maioria das pessoas conhecem a artista francesa Louise Buorgeois por suas esculturas aracnídeas (especialmente paulistanos frequentadores do parque Ibirapuera), porém muitos não sabem que sua obra abrange muito mais do que isso. Louise, além de ter sido uma escultora, fazia muitas gravuras, pinturas e costuras, lidando com temas de sexualidade, maternidade, domesticidade, morte e o inconsciente.

A mais recente exposição no MoMA sobre Louise foca principalmente em suas gravuras, livros de costura e seu processo criativo, mergulhando em obras menos conhecidas porém igualmente monumentais como suas grandes aranhas.

I Redo (componente interior), da instalação de 3 partes, I Do, I Undo, I Redo

A exposição contém obras de Louise dos anos 40 até os anos 2000, e o que mais me fascinou foi observar os temas e símbolos que Louise desenvolveu ao longo da sua vida. A mãe de Louise é uma figura central à sua obra. Porém, ao longo do tempo, é interessante observar a transição do foco de Louise ir de sua mãe para a maternidade em si, e finalmente para o seu próprio papel como mãe.

Bruna decifrando Femme Maison

Nos anos 40, Louise criou uma série de pinturas chamadas Femme Maison que abordam o tema de identidade feminina e a sua relação com a domesticidade. Nessa série, Louise troca partes do corpo feminino por casas, criando Mulheres Casa. Louise criou essas obras em um período de grandes mudanças em sua vida: havia acabado de se casar, levava uma vida doméstica cuidando de três filhos e estava morando em um país diferente. Louise tinha dificuldade de estar à altura da sua memória idealizada de sua mãe, e essa série de obras sugere o esforço que a Louise tinha que fazer para atender as expectativas da sociedade e de si mesma como mãe e mulher.

Simbolismo na obra de Louise

Em uma entrevista, Louise disse: “The Spider is an ode to my mother. She was my best friend. Like a spider, my mother was a weaver. My family was in the business of tapestry restoration, and my mother was in charge of the workshop. Like spiders, my mother was very clever. Spiders are friendly presences that eat mosquitoes. We know that mosquitoes spread diseases and are therefore unwanted. So, spiders are helpful and protective, just like my mother.”

Uma pintura de uma aranha em um tecido, um material muito relacionado à vida da mãe de Louise

Louise pintou milhares de aranhas ao longo de sua vida, e foi muito interessante observar as diferentes formas que ela usava para simbolizar sua mãe, a feminidade e a maternidade.

“Arch of Hysteria” e Bruna

Uma das obras que mais me impressionou foi Arch of Hysteria. Li que essa escultura demonstra uma posição corporal que ocorria muitas vezes quando alguém sofria um ataque histérico. Ao longo da história, a histeria sempre esteve associada às mulheres. Atualmente a histeria não é uma doença reconhecida por associações médicas, já que foi comprovado que quase todos casos de histeria, especialmente em mulheres, eram baseados em pura especulação e geralmente não tinham fundamentação médica. Louise aborda essa história problemática ao colocar a figura de um homem em uma posição histérica. A escultura é feita de bronze e é polida a ponto de virar um espelho contorcido, convidando o espectador a se ver na superfície da histeria.

Essa exposição abriu meus olhos ao amplo trabalho de Louise, e me vi fascinado pela profundidade pelo qual ela mergulha para encontrar traços de memórias e sentimentos em sua psique para expressá-los em forma de escultura, pintura ou gravura.

Louise Bourgeois: An
Unfolding Portrait

Onde: MoMA, 11 W 53rd St, New York, NY

Quanto: Adultos: $25 Estudantes: $18

Até quando: Até 28 de Janeiro, 2018

Links relacionados: https://www.moma.org/calendar/exhibitions/3661?locale=pt

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