Me Chame Pelo Seu Nome

por Marina Nascimento S. Cataneo

Marina Cataneo
Araetá
5 min readFeb 28, 2018

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Me Chame Pelo Seu Nome foi lançado no Brasil no dia 18 de janeiro de 2018, é dirigido pelo italiano Luca Guadagnino, e foi baseado na obra de mesmo nome escrita pelo norte americano André Aciman, publicado pela primeira vez em 2007.

Cartaz do filme

O longa, que teve um orçamento de 3,5 milhões de dólares, gira em torno de um caso entre Elio Perlman (Timothée Chalamet), um garoto de 17 anos, e Oliver (Armie Hammer), um americano de 20 anos. Elio vive com seu pai (Michael Stuhlbarg) e mãe (Amira Casar) em uma vila no norte da Itália. Todo verão, o pai, professor de cultura greco-romana, convida um estudante para trabalhar com ele e ficar com sua família. Neste ano de 1983, Oliver foi o estudante escolhido.

Primeiro contato entre Elio (de vermelho) e Oliver (de azul)

O filme começa de maneira delicada e sutil, até que monótona eu diria, parece que tudo vai acontecendo em câmera lenta, a aproximação entre os personagens vai acontecendo de forma gradativa, podemos ver a evolução da conquista e da sedução entre os personagens, porém, é possível perceber desde o primeiro contato de Elio e Oliver, a atração e a tensão que fica quase que palpável quando os dois estão no mesmo ambiente. O filme, que foca no ponto de vista e na percepção de Elio, nos mostra aonde vão seus pensamentos sobre Oliver, inclusive a tentativa de negação desses sentimentos, e de maneira sensível, o filme retrata o auto descobrimento de um garoto de apenas 17 anos, no ano de 1983, e de família judia, aonde se reconhecer e se aceitar homossexual definitivamente não era tarefa fácil.

A intimidade entre os protagonistas vai aumentando conforme ambos vão percebendo e aceitando seus sentimentos, mas que ocorre de forma quase que passiva-agressiva, com ambos transmitindo um tipo de indiferença, quase como um escudo para o interesse.

Elio, grande amante da música, toca Bach para Oliver no piano. Um dos primeiros momentos íntimos entre a dupla

No desenrolar do filme, ambos os personagens se relacionam com outras mulheres, o que a meu ver, ocorria justamente para tornar esse escudo mais resistente. Vemos de maneira clara a guerra interior que se instala dentro de dois indivíduos em uma relação homoafetiva. Mas vemos também, momentos em que Elio abaixa seu escudo e se deixa levar pelos sentimentos, cheirando as roupas de Oliver, os passeios de bicicleta pela cidade, as conversas sobre a vida, sobre arte, sobre música. E assim os personagens vão criando um laço de amizade que na metade do filme resultará em um relacionamento amoroso, quando finalmente Elio e Oliver se deixam levar pelas sensações e desistem de se privar um do outro.

Cena do primeiro beijo entre Elio e Oliver

As representações de relações do mesmo sexo no Oscar, não são novidade, já foram consideradas antes, por exemplo o filme Filadélfia em 1993, Brokeback Mountain, em 2005 e Moonlinght, de 2017. Entretanto, Me Chame Pelo Seu Nome vai além de todos os clichês dos filmes que retratam esse tipo de relação, permitindo que os personagens escapem das conseqüências que o cinema dá para seus protagonistas homossexuais. Por exemplo, Elio não é vítima de alguma doença, ou é perseguido por uma família injusta ou acaba nas ruas, pelo contrário, ele conta com o apoio de uma família amorosa e compreensiva. Michael Stuhlbarg (pai de Elio no filme) dá um discurso sobre o coração que mostra o ideal de qualquer pai que tem um filho na mesma situação e que apesar do filme se passar em 1983, vemos um comportamento vindo do pai, muito a frente de seu tempo, aonde a homossexualidade era (e continua sendo para muitos) um tabu.

Cena da conversa entre Elio e seu pai

O filme está concorrendo nas seguintes categorias no Oscar 2018:

Melhor Filme

Melhor Ator — Timothée Chalamet

Melhor canção original — Mystery of love

Por fim, eu acredito que o filme mereça ganhar todas suas indicações ao Oscar, o filme dá voz aos relacionamentos homoafetivos em uma sociedade heteronormativa. Em anos da premiação do Oscar por exemplo, como citado acima, apenas 3 filmes que retratam este universo foram indicados, no mundo intolerante e ignorante que vivemos, é importante ser representado os tabus da sociedade, e creio que o filme faz isso de forma única, com uma tamanha sensibilidade, Timothée desenvolve uma performance delicada e que te leva para dentro do filme e te faz sentir tudo aquilo que o personagem está sentindo, as atuações do longa nos prendem do começo ao fim. É um filme que recomendo de olhos fechados para qualquer um assistir, ele nos ensina a ter empatia e compreensão para assuntos que muitas vezes não fazem parte do nosso dia-a-dia.

Ficha Técnica

Título

Call Me By Your Name (Original)

Ano produção

2017

Dirigido por

Luca Guadagnino

Estréia

18 de Janeiro de 2018 ( Brasil )

Duração

130 minutos

Classificação

14 anos

Gênero

Drama; Romance

Países de Origem

Brasil

Estados Unidos da América

França

Itália

Onde:

Espaço Itaú de Cinema — Augusta

UCI Anália Franco

UCI Jardim Sul

UCI Santana

Já disponível também nas plataformas Popcorn Time e Xilften

Quando: Alguns dos horários disponíveis nos cinemas citados acima : 14:10 e 19:10 no espaço Itaú e 19:45 nos UCI.

Quanto: ingresso de 7 a 30 reais

Até quando: disponível nos cinemas até dia 7 de março de 2018

Marina Cataneo — Estudante do 3 semestre de Relações Públicas na FAAP

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