‘Medida Provisória’
Filme dirigido por Lázaro Ramos indica nova fase do cinema brasileiro
Por Renato Martin de Castro
O longa-metragem “Medida Provisória” discorre em sua trama sobre uma distopia futurística alocada no Brasil, cujo conflito se dá no momento em que o governo ordena que cidadãos com descendência africana sejam deportados ao continente da África. Os personagens Antônio (Alfred Enoch), André (Seu Jorge) e Capitu (Taís Araújo), sendo parte da população sujeita a este exílio, tentam se proteger da caça de pessoas negras na medida separatista de um Estado racista. Estes usam de seus próprios artifícios para combaterem tamanha opressão, sobretudo Antônio que sendo um advogado muito habilidoso utiliza da sua retórica e oratória para nortear uma luta de resistência. O filme propõe reflexões complexas sobre a situação sócio-política atual do Brasil através de performances e monólogos memoráveis do elenco.
A direção de Lázaro Ramos resgata diversos elementos característicos ao longo de sua carreira tanto de diretor quanto de ator. Sendo assim, o filme adere muitas vezes a uma linguagem mais recorrente na televisão do que no cinema, algo que implica em algumas falhas narrativas e incoerências técnicas. Determinados fragmentos da história que muito viriam a agregar à reflexão proposta pela obra são deixados de lado até certos pontos. Um exemplo disso é a cena em que André pinta a sua cara com tinta branca e invade o apartamento vizinho para se banhar e se alimentar suficientemente, visto que ele e Antônio estavam inibidos deste bem.
A cena carrega em si uma grande beleza imagética, porém é difícil de reconhecer do que se trata, simbolicamente, algo que poderia ser mais explicitado anteriormente e que deixa a desejar. Não só neste caso, o filme aparenta ter reduzido muitas partes importantes para a compreensão da trama por meio de muitos cortes na montagem. Este seria, portanto, um fator que inibe o potencial crítico avassalador que a história possui. Afinal, havendo tamanha complexidade por trás da história a duração deveria ser maior.
Contudo, há de se reconhecer que o longa-metragem ainda possui muitas qualidades e vem sendo muito bem recebido pelos críticos e público. Até porque, Lázaro Ramos traz uma trama ousada e provocativa frente ao contexto político ao qual o Brasil tem orbitado desde meados de 2017. O filme adere a uma funcionalidade crítica que ressuscita uma influência e um propósito ao mercado cinematográfico nacional, que há muito encontra-se em certo desuso. Resgatando os intuitos ideológicos-afrontosos do cinema brasileiro dos anos 60 a 70, o lançamento de filmes brasileiros volta a cativar a atenção da população pelo bem ou pelo mal.
Lançamentos recentes como “Medida Provisória” e “Marighella” (Wagner Moura) abordam de maneiras diferentes os dilemas políticos típicos presentes nas terras brasileiras, sem deixar cair em silêncio as ondas reacionárias que o país esteve, está e estará. Sendo assim, a criação pioneira de uma distopia no Brasil pode semear uma fase inovadora ao cinema brasileiro de apelar para temáticas sócio-políticas. No caso do filme, os diálogos e falas intensas corroboram nesta reflexão que atinge o espectador de forma emotiva e racional. Esta inovação tem a capacidade de manter o público ativo tanto às discussões políticas do país quanto às obras cinematográficas nacionais.
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Onde?
O filme ainda está em exibição nos cinemas de todo o Brasil, tais como Itaú e Cinemark.
Quanto?
É fato que os ingressos de cinema já foram mais baratos. Dependendo de cada cinema uma entrada inteira pende entre R$20,00 e R$40,00. Porém há muitas alternativas para se pagar meia entrada e o Itaú está fazendo uma promoção exclusiva para o filme em que o ingresso custa apenas R$10,00.
Quando?
O filme já foi lançado há um mês. Não se sabe ao certo quanto tempo a mais estará em cartaz. Mas ainda tem bastante tempo para ir assistir!
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