Não se preocupe querida!!
Novo filme da diretora Olivia Wilde conta a história do casal Jack (Harry Styles) e Alice (Florence Pugh), que mora em uma comunidade idealizada chama Victory
por Luiza Alvim Albuquerque
A obra lançada em setembro de 2021 pela diretora Olivia Wilde é um thriller/mistério que nos apresenta a história de um casal, Jack (Harry Styles) e Alice (Florence Pugh), que mora em uma comunidade idealizada chama Victory. A trama se passa nos anos 1950, todos os dias os homens saem para trabalhar fora da cidade enquanto as esposas cuidam da casa e aproveitam o luxo e beleza que o pequeno paraíso tem para oferecer.
No entanto, ao explorar fora da área permitida, Alice, quando volta para casa de maneira desconhecida por ela, começa a ter flashes que mostram algo sinistro que acontece por detrás do sonho que é Victory, incitando o questionamento da personagem, qual é seu propósito lá? Como eles foram parar lá? O que os homens fazem de tão secreto que não pode ser revelado?
O Projeto Victory, aparentemente o paraíso, nada mais é que uma realidade virtual, onde os casais na vida real se submetem a tratamentos de “lavagem cerebral”, na qual eles ficam o dia inteiro com os olhos forçadamente abertos assistindo a vídeos que os deixam em um transe profundo, entrando assim na cidade prometida. Quando os homens vão ao “trabalho” eles voltam para a realidade, onde trabalham de fato para pagar sua vida no paraíso e cuidar de suas parceiras enquanto estão desacordadas, pois elas nunca saem do transe.
O thriller utiliza da ficção para apontar grandes críticas sociais, como já mencionado, as mulheres de Victory têm rotinas redundantes e monótonas enquanto seus maridos trabalham, enquanto eles saem de Victory e têm o direito de saber tudo que acontece, a verdade por trás do tão misterioso trabalho nunca é revelada às suas esposas, que devem sempre manter a compostura e obedecer. Elas também são influenciadas a “excluir” e desdenhar das que “enlouquecem”, que na verdade são as que de alguma forma tiveram acesso à realidade. Diferente delas, Alice vai atrás de saber o que acontece, ela rompe com a bolha que ela está inserida e ela que acaba com o sistema formado por Frank, criador de Victory, que a intimida, diz que ninguém jamais acreditará nela, porque acreditariam em uma mulher histérica, mostrando mais uma vez essa imagem de que o homem é superior e que acreditar em um homem é muito mais fácil e plausível do que me uma mulher, e qualquer uma que se “exalte” ou demonstre alguma emoção mais forte que submissão, ou se ela expressa alguma opnião ela é louca ou histérica, palavra criada para menosprezar as mulheres.
As diferenças no relacionamento de Jack e Alice na vida real e na virtual é a forma mais escancarada de se mostrar a insegurança masculina sobre mulheres melhores que eles, Alice é a provedora da casa, ela é quem tem o trabalho que paga as contas, elas é médica e trabalha dia e noite enquanto Jack fica em casa sendo basicamente uma dona de casa. A partir do momento em que ele se incomoda com essa dinâmica onde ele não é “superior”, ao invés de tentar mudar sua vida, a primeira reação dele é buscar um lugar onde isso não é a realidade, assim ele dopa Alice e a coloca nessa realidade virtual sem seu consentimento sendo egoísta e abusivo. Já em Victory, Jack é o provedor, Alice é completamente submissa, ela se torna a dona de casa dos anos 50, tudo que seu marido sonhava.
A direção de foto do longa é excepcional, ela é extremamente essencial para gerar a sensação de aflição, desespero e pânico no público. A cena em que Alice limpa o vidro da casa e ele chega cada vez mais perto dela até ela ser esmagada, ou na festa quando o excesso de informação nos sufoca, a cena final onde homens que cuidam da cidade perseguem a protagonista que nem animais e o desespero dos funcionários em manter a mentira que Victory descobre e o de Alice em sair dali é quase palpável graças ao jogo de câmera.
O filme está disponível na rede de streaming HBO Max, que varia entre R$19,90 e R$27,90 por mês, assinando é possível assistir à obra a qualquer momento.
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