No subúrbio da modernidade — Di Cavalcanti 120 anos

Giovanni Baroni
Araetá
Published in
3 min readNov 7, 2017

por Giovanni Baroni Silva

"Selfie" minha na frente do quadro "Cais" de 1952

A mostra "No subúrbio da modernidade — Di Cavalcanti 120 anos" comemora os 120 anos do ilustrador, caricaturista, jornalista e pintor Emiliano Di Cavalcanti, nascido no Rio de Janeiro em 1897, e que veio a falecer, também no Rio, em 1976. A exposição apresenta mais de duzentos trabalhos, pertencentes a inúmeras coleções públicas e particulares do Brasil e do exterior, a maioria realizados entre a década de 1910 até início dos anos 70. Trata-se da maior exposição de obras do artista desde 1971.

Di Cavalcanti foi um dos principais artistas do movimento modernista e esteve entre os idealizadores da Semana de Arte Moderna de 1922. Suas obras incorporavam diversas vertentes artísticas tais como, o simbolismo, o expressionismo, o cubismo, o surrealismo, etc. O pintor defendia, fortemente, a imagem de um Brasil popular e moderno.

"Cena de rua" (1931; têmpera, tinta e grafite sobre o papel)

Por meio da sua Arte, Di Cavalcanti transforma situações de descanso e cotidiano em obras-primas nas quais consegue captar elementos do caos urbano, através do uso do contraste nos coloridos intensos e de tons mais claros. Assim como pode ser visto na obra "Cena de rua", na qual é sugerido um espaço urbano muito populoso com objetos e pessoas fora de escala.

Recheadas de vida, suas obras sempre se destacavam por sua paleta de cores e pela maneira única com a qual Di Cavalcanti representava o popular e o moderno em seus quadros. Muitas de suas obras eram dedicadas à amigos ou pessoas próximas, então em diversas delas pode-se ver uma dedicatória ou algo do gênero próximo à assinatura do artista.

As influências das vanguardas européias se mostram claras ao se analisar o estilo e o traço do desenho. Em diversas de suas ilustrações, pode ser visto mais exemplos dos contrastes de Di Cavalcanti que, mesmo em pinturas preto e branco como "A carta", se mostram evidentes devido ao espaço da composição do desenho.

"A carta" (1932; nanquim sobre papel)
"Cais" (1952; óleo sobre a tela)

Entre todas as obras da exposição, a que mais chamou a minha atenção foi o "Cais". Não sei bem direito o que me atrai à ela, talvez seja o fato dela me parecer carregar alguma história pessoal ou traga pra mim lembranças de algumas viagens que já fiz. Acho que essa obra, pelo fato de ter cores tão vibrantes, me faz querer entrar no quadro, não que outras obras da exposição também não me façam ter essa vontade, mas essa me atinge mais forte.

Enxergar através dos olhos do artista é sempre uma tarefa desafiadora, não é diferente com as obras de Di Cavalcanti. Cada quadro dessa exposição, me propôs diferentes desafios, pois cada um deles me colocava diante de um novo cenário, de novas representações da realidade. Dessa forma, posso sim dizer que cada vez que nos propomos a sentir a pintura, pensando no trabalho e no suor dado pelo artista, podemos "enxergar" como ele.

"Paisagem de subúrbio" (1930; óleo sobre a tela)

SERVIÇOS DA EXPOSIÇÃO:

Onde: Pinacoteca do Estado de São Paulo — Praça da Luz, 2 — Luz, São Paulo — SP, 01120–010.

Quanto: R$6 (inteira) e R$3 (meia). Crianças com menos de 10 anos e adultos com mais de 60 anos não pagam. Aos sábados, a entrada é gratuita.

Quando: de Quarta a Segunda-feira das 10h00 às 17h30.

Até quando: 22 de janeiro de 2018.

Links relacionados: http://pinacoteca.org.br

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